Debate sobre oportunidades de negócios em startups no Amazonas apresenta novos paradigmas sobre inovação
Painel sobre bioeconomia encerra o Bossa
Summit, evento realizado em São Paulo com o apoio do Sebrae
Os projetos inovadores na área da
bioeconomia foram o grande destaque do último dia do Bossa Summit, evento
realizado em São Paulo que uniu investidores e startups de todo o país. O
debate promovido pelo Sebrae, nessa quinta-feira (7), no painel principal,
mostrou como a região Amazônica tem potencial para tornar-se referência no
desenvolvimento de novos negócios que aliam o conhecimento dos povos originais,
a sustentabilidade e a tecnologia de ponta.
Segundo o diretor-técnico do Sebrae
Nacional, Bruno Quick, com o projeto Inova Amazônia, a instituição está
apoiando essas novas empresas com todo o suporte necessário, como bolsa,
mentoria e aceleração, para que elas possam crescer e conquistar mercado.
“Temos iniciativas em desenvolvimento que nos mostram que alguns produtos da
Amazônia geram R$ 40 mil por hectare para as comunidades locais. Esse valor é
mais alto do que o alcançado por hectare com a fruticultura na região Sul, por
exemplo”, afirmou. Quick citou ainda experiências como a de uma startup
localizada próxima ao Rio Tapajós, cuja qualidade da água permite a produção da
spirulina – utilizada como suplemento para humanos e animais - com qualidade
acima da média mundial.
O gerente de Inovação do Sebrae, Paulo
Renato, destacou que é importante que essas empresas nascentes no mercado da
bioeconomia procurem aliar aspectos como produtividade e competitividade ao
respeito às comunidades locais. “Um dos maiores ativos brasileiros é a
Amazônia. Não se pode entrar na floresta e pegar um ativo sequer sem estar
junto com uma comunidade, porque são os proprietários da terra que conhecem a
floresta. São negócios específicos, que envolvem questões como sazonalidade e
conhecimentos que poucas pessoas dominam”, comentou. Ainda de acordo com o
gerente de Inovação do Sebrae, “Há cosméticos, por exemplo, com ingredientes
que só existem na Amazônia. Essas startups que nascem na região despertam
interesse de multinacionais do mundo todo”. Por isso, é estratégico que o
país tenha como uma das suas prioridades o desenvolvimento desse novo polo
tecnológico.
Danniel Pinheiro, CEO da startup Biozer,
da Amazônia, que fabrica produtos de saúde e beleza da marca Simbioze, destacou
que o consumidor de seus produtos compra a experiência com a floresta e quer
fortalecer a cadeia da bioeconomia em que se insere. Atualmente, a empresa
oferece uma linha de 18 artigos veganos em nível molecular, sem álcool, e
possui certificações internacionais que a coloca em grandes mercados mundiais.
Pinheiro lembrou a importância do apoio do Sebrae para conseguir escalonar o
negócio e encontrar soluções para desafios trazidos pelas peculiaridades da
Amazônia, como a geografia, e como ir além. “Hoje não há qualquer dúvida de que
esses produtos são o futuro”,
avaliou.
“O foco do Sebrae é fomentar negócios
que também gerem negócios locais. No caso das startups da Amazônia, o impacto é
sobre toda uma cadeia”, observou Valéria Schneider, analista de Inovação
que foi a mediadora do painel. Segundo ela, no Amazênia, as possibilidades de
empreender não se restringem a produtos, existem inúmeras outras oportunidades
de inovação para serem aproveitadas.
Grandes negócios na mira
Entre as startups presentes nos espaços
do Sebrae no Bossa Summit, o clima era de otimismo. Ana Lemos, cofundadora da
Syn, plataforma que viabiliza a realização de cirurgias particulares para
pacientes sem planos de saúde, disse que a entrada no programa Capital
Empreendedor foi uma virada de chave na história da empresa, que validou 2,5
milhões de transações entre 2020 e 2021. A startup, criada no Maranhão,
recentemente expandiu a operação para Ceará e São Paulo. “Os resultados da
participação no Bossa Summit foram além das expectativas. Hoje mesmo, teremos um
encontro com investidores que conhecemos aqui”, comemorou.
“A participação no Bossa Summit foi incrível. Conseguimos ótimos contatos com investidores, até mesmo possibilidade de expansão mundial”, contou Ricardo Marques, fundador da Farmazon, startup do Acre, que desenvolveu a primeira Ibogaína semi-sintética do mundo. A substância é capaz de curar crises de abstinência de dependentes químicos com dose única e apresenta ótimos resultados em tratamentos de depressão e Mal de Parkinson, entre outros.
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