Doença com impacto social e econômico, a Esclerose Múltipla, pode ganhar mais opções de tratamento pelo SUS
Consulta pública da Conitec decidirá sobre a
expansão de opções de tratamento para a doença, que é uma das principais causas
de incapacidade em jovens adultos
Com intuito de subsidiar o processo de
tomada de decisão sobre a incorporação de mais tratamentos para Esclerose
Múltipla (EM) no Sistema Único de Saúde (SUS), a Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias no SUS – Conitec abriu, em 4 de abril, uma consulta
pública para ouvir a opinião da sociedade civil sobre a inclusão de terapia
para o tratamento de pacientes com esclerose múltipla. A participação de
especialistas, pacientes e da população em geral até o dia 25/04/2022
contribuirá para a decisão do órgão.
Alvo da consulta, a Esclerose Múltipla é
uma doença rara4, particularmente no Brasil, onde a variabilidade
regional da prevalência é bastante significativa: na região Sul, estima-se 27
casos a cada 100.000 habitantes, enquanto na região Nordeste, 1 a cada 100.000.5,
6 A condição é inflamatória, neurológica e degenerativa7,
sendo uma das principais causas de incapacidade em jovens adultos3,
com sintomas como fadiga, depressão, dor articular, alteração nas emoções, no
equilíbrio, na coordenação motora, na fala e deglutição, além de comprometer os
movimentos, a visão e a cognição – o que pode prejudicar seriamente a qualidade
de vida dos portadores da doença.8-10
Estudos científicos têm demonstrado que,
quanto mais cedo a EM for diagnosticada e tratada, melhor o prognóstico e,
consequentemente, melhor qualidade e perspectiva de vida para o portador da
doença.11-16 Por isso, para os sistemas de saúde, uma maior gama de
tratamentos pode minimizar o avanço da doença, impactando diretamente na
utilização dos recursos de saúde17 que podem ser decorrentes do
tratamento em si – com medicamentos, hospitalizações e consultas – ou até mesmo
de necessidades, como, por exemplo, o absenteísmo e cuidados por terceiros.2,
18-20
Seguindo a história natural da doença,
em 10 anos, um a cada dois pacientes com esclerose múltipla
remitente-recorrente (EMRR), caracterizada pelo aparecimento repentino de
surtos, seguido pela remissão parcial ou total 23, 24-26, poderá
progredir para esclerose múltipla secundariamente progressiva (EMSP), na qual
os déficits neurológicos pioram ao longo do tempo independentemente ou mesmo na
ausência, de surtos.21 Por isso, é importante que se faça um
tratamento que vise reduzir o número de surtos da doença e minimizar o acúmulo
da incapacidade, viabilizando uma melhor qualidade de vida ao paciente22.
O que é uma Consulta Pública?
A consulta pública é um mecanismo de
participação social não presencial, idealizado para que órgãos públicos levem
em consideração o ponto de vista da sociedade médica, pacientes, familiares e
interessados no tema ao tomar determinadas decisões27. No âmbito da
saúde, isso acontece no setor privado ou público, sendo este de
responsabilidade da Conitec, o órgão responsável por auxiliar o Ministério da
Saúde no processo de inclusão, exclusão ou modificação de tecnologias em saúde
no SUS e também na elaboração ou revisão de Protocolos Clínicos e Diretrizes
Terapêuticas (PCDT).
Neste momento está aberta uma consulta
pública sobre a inclusão de uma nova terapia para o tratamento da esclerose
múltipla, no SUS. Se quiser participar e acompanhar, confira mais informações
no site de consultas
públicas da Conitec.
Como contribuir com uma
consulta pública do Sistema Único de Saúde?
Para contribuir com as consultas
públicas em vigência, é necessário estar logado no Gov.br, acessar o site da
Conitec e procurar pela consulta pública pelo seu número ou nome da doença.
Médicos, profissionais da saúde, pacientes e a população em geral podem se
engajar nesse processo.
1) Primeiramente, faça login no cadastro do Gov.br (www.gov.br/participamaisbrasil/acesso).
2) Em uma nova aba, acesse o portal da
Conitec (http://Conitec.gov.br/consultas-publicas) e confira as atuais
consultas públicas. Cada uma delas acompanha um relatório técnico e um
relatório para a sociedade.
3) Após decidir para qual(is)
consulta(s) pública(s) deseja contribuir, acesse o formulário eletrônico*
correspondente para dar a sua opinião.
*Cada consulta possui dois tipos de
formulário, dentre eles:
Formulário de experiência ou opinião – geralmente utilizado pela população
de forma geral e pacientes, visto que não é necessário conhecimento científico
para realizar a contribuição.
Formulário técnico-científico – utilizado por profissionais da saúde
e profissões correlatas. Este tipo de formulário requer embasamento científico
para realizar a contribuição.
Após o fim da consulta pública, todas as
participações são organizadas e inseridas em relatórios técnicos para análise
da Conitec. A decisão final é do Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos
Estratégicos do Ministério da Saúde (SCTIE), que recebe todos os pareceres e os
usa como base para decidir o que será incorporado ou não ao SUS. Para
acompanhar o resultado, basta seguir acompanhando o site da Conitec.
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