Eleição, queda econômica e problema estrutural: quais são as perspectivas do Brasil nos próximos tempos?
Antonio Wrobleski *
Em 2022, infelizmente, não teremos
grandes novidades. O cenário econômico permanece igual ao que vivenciamos nos
últimos meses, com baixo crescimento, inflação nas alturas e juros na casa dos
dois dígitos. Segundo análises do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de
consultorias do Brasil, a economia do país deve crescer entre 0,8% e 1,9% em
2022. A média para os países emergentes é 5,1%.
Além disso, o relatório Focus, do Banco
Central (BC), previu um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5%, mas
que já passou para 0,42% em 2022. Independentemente dos números, é necessário
continuar observando as nuances do mercado e os sinais que ele vem nos dando.
Quem ainda não trabalha com previsibilidade, deve contratá-la já.
Um desses sinais tem relação direta com
a logística e a expansão dos custos para todos os grupos, seja um embarcador ou
uma empresa de transporte. Nesses custos estão incluídos valor do combustível e
o gasto com pneus, por exemplo. Esse cenário só mostra o que não é segredo para
ninguém, todas as partes da operação, principalmente a indústria, estão
sofrendo. O que é agravado pela escassez de navios.
O ano eleitoral, a partir de julho, dará
as caras, o que vai deixar o ritmo da logística cada vez mais tenso. Será
necessário pensar em planos de contingência e estratégias para driblar esses
eventos. O resumo é que estamos vivendo um pré-caos em um ambiente já muito
hostil e que tende a piorar.
A pergunta de todo empresário é: Como
não explodir?
Não há escapatória. Essa é a resposta.
Mas temos como mitigar.
O primeiro passo é apostar na
digitalização para ajudar na questão da previsibilidade.
O segundo passo é realizar um
benchmarking horizontal, olhar para os concorrentes e trazer o que for de
melhor para o seu ambiente.
O terceiro passo é fazer, em conjunto,
um benchmarking vertical. O que os grandes nomes do mercado estão realizando
nacional e internacionalmente?
Nesses tempos em que vivemos, é preciso
parar e pensar. A situação, que já era gravíssima com a pandemia da Covid-19, é
agora acompanhada de uma disrupção logística no mundo.
Reitero: neste ano, a economia
continuará muito fraca, aliada ao fato de que vivemos em um país que possui uma
deficiência crônica de estrutura, sem estratégia e com uma logística sem rumos.
Em 2023, ainda teremos um crescimento
pífio, mas será um ano de conscientização. Mas, finalmente, em 2024, talvez
possamos voltar a crescer.
Aproveitando o ano eleitoral, o que o
nosso futuro presidente precisa ter é um novo olhar, essencialmente para a
questão da infraestrutura, saúde e educação. Precisamos investir em um
crescimento sustentável, olhar com atenção para o desmatamento, nomeando quatro
ou cinco prioridades que sejam urgentes e com planos sociais que atendam as
pessoas mais carentes.
Se não nos olharmos mais nem tivermos
planos estratégicos e de ação, viveremos em uma constante crise. Crises
cíclicas e cada vez mais graves.
Pare e pense.
*Antonio Wrobleski é engenheiro, com MBA na NYU (New York University), participa do Conselho da BBM Logística e é sócio da Awro Logística e Participações. Foi presidente da Ryder no Brasil de 1996 até 2008, em 2009 montou a AWRO Logística e Participações, com foco em M&A e consolidação de plataformas no Brasil. Foi country manager na DHL e diretor-executivo na Hertz. Tem exposição muito grande junto ao mercado Internacional, com trabalhos em mais de 15 países tanto no trade de importação como de exportação. Além disso, ele é faixa preta em Jiu-jítsu, há 13 anos, e pratica o esporte há 30 anos.
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