Open Finance: uma jornada de tecnologia e inclusão
Emanuela Ramos*
O início de 2022 está sendo marcado
pelas adaptações das instituições às exigências do Open Finance. A partir de
março, o encaminhamento de crédito será habilitado caso o compartilhamento de
informações esteja autorizado entre instituições. Com isso, o cidadão irá
receber diversas opções de crédito, podendo, assim, escolher o que lhe for mais
conveniente e de acordo com suas necessidades.
É fato que o Open Finance está se
tornando realidade no Brasil e que vai oferecer muitas vantagens ao consumidor.
Mas, neste momento, a compreensão de que as instituições podem e precisam ir
além de simplesmente oferecer produtos cada vez mais personalizados para seu
público-alvo se faz necessária. É preciso entregar realmente boas experiências
e maneiras de educar a sociedade para essa nova forma de operação.
Ainda que o novo fluxo de dados e
transações coloque o cliente em uma posição privilegiada em relação às suas
informações, exige um alto nível de responsabilidade do consumidor e um
conhecimento financeiro prévio sobre as condições oferecidas por cada
instituição. Infelizmente, essa não é a realidade de boa parte da população
brasileira.
Segundo pesquisa feita pela Federação
Brasileira de Bancos (Febraban), 30% da população brasileira afirma que não vai
aderir ao Open Finance por insegurança e falta de conhecimento no assunto. A
resistência é maior entre pessoas com 60 anos ou mais (34%). Ou seja, boa parte
da sociedade não está preparada para desfrutar dos benefícios que essa nova
realidade oferece.
A grande vantagem oferecida pelo Open
Finance é a possibilidade de integrar, padronizar e compartilhar informações em
ambiente aberto de forma a dar mais poder de negociação para o consumidor de
serviços financeiros. Teoricamente é um sistema que estimula a concorrência
entre as instituições financeiras e cria conveniência, praticidade e
possibilidade de inclusão de mais pessoas ao sistema bancário. Além disso, é
preciso considerar a importância do consentimento no compartilhamento de dados
bancários. Diante disso, um dos maiores desafios a ser superado pelo Open
Finance é o da confiança do usuário.
Ainda de acordo com a pesquisa da
Febraban, a intenção de aderir ao Open Finance é maior entre pessoas com ensino
superior (21%), entre as que ganham mais de cinco salários mínimos (20%) e
entre homens (19%), indicando que um maior conhecimento a respeito do tema pode
ser um fator de incentivo para a adesão da população.
A transformação já está acontecendo e,
se há muitos questionamentos do lado dos consumidores, também existem perguntas
a serem feitas sob a perspectiva das instituições. Será que conhecemos
verdadeiramente o potencial do Open Finance? A gestão desses serviços será
feita corretamente? A responsabilidade da gestão do volume de dados é enorme, o
que também leva à multiplicação dos riscos.
As empresas que estiverem preparadas
para lidar com os aspectos técnicos do Open Finance e dispostas a focar,
também, em solucionar problemas comuns na nossa sociedade, como a educação
financeira de seus atuais e potenciais clientes, poderão sair na frente.
Portanto, é necessário que as partes intervenientes no sistema entendam qual é
o perfil do público-alvo e procure facilitar a jornada para as pessoas com
menos experiência na gestão da vida financeira.
É fundamental que as empresas tenham
como foco contribuir para a sociedade ao incluir diferentes perfis nesta
revolução, desde as pessoas já familiarizadas com tecnologia até aquelas que
estão fora do sistema bancário, por exemplo.
O Open Finance deve proporcionar
jornadas mais intuitivas e simples, que contemplem todo tipo de público, com
ofertas customizadas de acordo com as reais necessidades de cada pessoa. Dessa
forma, todo o potencial do Open Finance poderá ser corretamente explorado por
instituições e usuários, equiparando o sistema bancário brasileiro aos mais
avançados do mundo.
*Emanuela Ramos é vice-presidente
executiva de desenvolvimento de negócios da NAVA Technology for Business
Sobre a NAVA
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