Storytelling: Como contar sua história da forma correta
por Márcia S. Pereira (*)
Você se perguntou porque algumas coisas
prendem nossa atenção e outras não?
É impressionante como diante de certas
propagandas, filmes ou novelas, somos atraídos de forma quase involuntária,
esperando para ver o que vai acontecer. Mas saiba: isso não é aleatório ou
gratuito, e está diretamente ligado à forma como uma história é contada.
Hoje, vamos falar sobre storytelling: a
arte de contar histórias para gerar engajamento real e prender a atenção das
pessoas, e como ela pode ajudar a vender seu produto digital.
A importância de contar histórias
O cérebro da imensa
maioria das pessoas funciona de maneira emocional. Por isso, é mais fácil
convencê-las de algo contando histórias, e essa tradição atravessa a história
da humanidade.
Em muitas famílias contar histórias é
uma tradição, com mães e avós usando narrativas para entreter, acalmar e
ensinar princípios e valores para as crianças. Isso ocorre inclusive em
diferentes países e culturas. As histórias podem variar, mas o hábito
permanece.
Nossos antepassados se reuniam sempre em
volta de fogueiras, e ali conversavam e contavam histórias. Nessa época, isso
tinha como função criar uma integração entre o grupo, passar informações de
segurança e, principalmente, gerar conexões.
A capacidade das histórias de gerar
conexões continua, e por isso elas são elementos fundamentais para atrair seu
público e gerar proximidade com ele, o que tem se tornado mais difícil a cada
dia.
Mas por que está mais difícil atrair as
pessoas, afinal?
A atenção como um recurso escasso
Hoje, é muito difícil
conseguir a atenção das pessoas.
O mundo mudou. A velocidade de tudo
aumentou exponencialmente. Somos bombardeados com informação o tempo inteiro e
por todos os lados. As novas gerações parecem não ter paciência para processos
lentos ou textos longos.
Diante disso tudo, as pessoas têm menos
tempo de ficar nas redes sociais assistindo vídeos ou lendo longos conteúdos, e
certamente não vão gastar esse tempo com coisas que considerem chatas ou
cansativas.
Por tudo isso, é fundamental trazer
elementos lúdicos para os conteúdos que produzimos, fazer com que o público se
veja na história que estamos contando, se identifique, seja contagiado pela
emoção que passamos.
E é aí que o storytelling entra.
Observando alguns elementos e
princípios, é possível atrair a atenção das pessoas, fazer com que elas se
envolvam e passem a se importar com a história que estamos contando. Com isso,
vencemos o filtro que as pessoas têm no cérebro e que faz com que só guardem
aquilo que consideram importante.
O engajamento pela emoção tem,
inclusive, base científica: quando as pessoas se emocionam, são gerados
estímulos neuroquímicos como a ocitocina, que gera bem-estar. Dessa forma, as
pessoas tendem a prestar cada vez mais atenção.
Os 4 elementos fundamentais do
storytelling
O primeiro dos
elementos fundamentais para contar uma boa história é a existência de um
personagem forte e cativante.
As pessoas não se sentem atraídas por
personagens mornas, simplórias, que não tomam posição e não chamam a atenção
por praticamente nada. Isso é visível inclusive em reality shows como o Big
Brother, onde gente assim é facilmente eliminada.
O segundo elemento é uma mensagem
interessante a ser passada. Histórias que falem de superação, esperança e
resolução de problemas costumam ter boa aceitação.
O terceiro elemento, ainda que possa
parecer estranho, é um conflito. Sempre tem de haver um conflito! Os conflitos
trazem ação e movimento às histórias e, sem eles, há a sensação de que não
acontece nada.
E o quarto e último elemento é a
ambiência. Veja: o que chamamos de ambiência aqui são detalhes e descrições que
permitam ao público se envolver na história. Descrever sensações, cheiros,
gostos, fazer gestos, incorporar um tom de voz melancólico para contar uma
história triste ou um tom efusivo para um enredo alegre: tudo isso faz parte.
Os 4 momentos da jornada do herói
O que “Guerra nas
Estrelas”, “O Rei Leão”, “O Senhor dos Anéis”, “Cinderela” e “Harry Potter” têm
em comum? Além de todas serem histórias de fantasia, todas elas passam pela
jornada do herói, tendo por isso alguma semelhança em sua narrativa.
A jornada do herói foi um conceito
trazido pelo mitologista americano Joseph Campbell, que percebeu que todas as
histórias mitológicas, ainda que contadas em diferentes partes do mundo, seguem
um padrão frequente, ainda que não único.
Esse padrão começa com um momento de
crise, em que o herói se encontra em apuros. Em seguida, há um momento de
êxtase, causado pela resolução da crise anterior. Logo depois, há uma nova
queda, com o herói em dúvida em relação a si mesmo e sua capacidade. E,
finalmente, há o momento em que ele descobre a solução de seu problema e
levanta voo.
Como dissemos, essa estrutura pode ser
observada em quase todas as histórias, mas cabe irmos para um exemplo mais
prático e direto.
Um exemplo da jornada do herói
Como exemplo, posso
falar de minha própria trajetória e da forma como a uso em minhas redes
sociais.
Alguns anos atrás, tive que passar por
uma cirurgia neurológica que exigiu um processo longo e complexo de
recuperação. Achava, no entanto, que tinha ganho uma história para contar, já
que julgava minha trajetória muito simples até então.
Aí, veio a crise: ainda em recuperação,
eu não sabia como poderia atrair meus clientes novamente, já que à época eu
trabalharia com coisas que exigem certo trabalho presencial (consultoria,
coaching, nutrição). Como chegaria aos meus clientes? Como seria capaz de
abordá-los, como atrairia uma demanda novamente?
Então, apareceu a solução: em casa, na
internet, vi uma propaganda de um curso de marketing digital. Interessada,
pesquisei e cheguei à conclusão que era daquilo que eu precisava! Afinal, se
não poderia ir até meus clientes, com o marketing digital, poderia trazê-los
até mim. Um êxtase, seguindo a trajetória.
Em seguida, no entanto, me vi acometida
de uma forte depressão: eu não sabia, afinal, nada sobre marketing digital, não
sabia sequer o que era um domínio. Entrei em grupos em que as pessoas falavam
em landing page, e-mail marketing… Termos que eu não entendia à época. Comecei
a chorar, me perguntando se teria que desistir do meu sonho.
Encarei a tarefa de frente, estudei como
uma louca, fiz milhares de cursos (e gastei muito dinheiro, afinal os cursos
eram caros à época), busquei me aprofundar o máximo que conseguia. Certo tempo
depois, lancei meu primeiro produto: um congresso brasileiro online de
nutrição.
Hoje, tenho 14 produtos digitais e ajudo
mulheres que têm as mesmas dificuldades que tive a se inserirem no mundo
digital, a acreditarem nos seus sonhos e a lançarem seus produtos com todas as
facilidades que não tive.
Contando a sua história
Assim como contei a
minha história, você também pode usar o storytelling para contar a sua, e a
partir daí inserir essa história em vários contextos: escrever um livro, lançar
um produto com base nessa história, escrever um e-book, fazer uma biografia
resumida.
Muitas pessoas se perguntam, no entanto,
se perguntam como usar uma história tão longa nas redes sociais. Aí está a
questão: você não precisa contar a história inteira.
Falando por mim, eu uso com frequência
trechos ou versões resumidas da minha trajetória para explicar minha entrada
nas redes sociais, onde trabalho, e meu propósito aqui.
Da mesma maneira, é possível usar
pequenos trechos e histórias menores para falar de superação, medo, autossabotagem.
Passe a reparar em como essas histórias estão presentes nos anúncios, e você
logo estará criando as suas. Não se preocupe com a extensão da história: o mais
importante é ela estar bem contada.
(*) Márcia S. Pereira - Nutricionista de formação, mas que se encontrou mesmo atuando no Desenvolvimento Humano e Profissional. Pós-graduada em Gestão Estratégica de Marketing e Nutrição Clínica e Esportiva. MBA em Empreendedorismo. Master Coach pela SBCoaching, Practitioner em PNL pela Sociedade Internacional de PNL, extensões em Psicologia Positiva Aplicada certificada por Martin Seligman, Inteligência Emocional, Mindfulness e Inteligência Espiritual. Treinadora comportamental, palestrante e autora de três obras. Idealizadora de 13 produtos digitais, incluindo as formações FloreSer: Metodologia de Emagrecimento, Saúde e Bem-Estar, Master Coach em Mudança de Hábitos, o Florescer Empresarial: Programa de Bem-Estar para o Meio Corporativo; e a Mentoria em Negócios Digitais. Auxilia mulheres a empreender no universo digital. Adepta à filosofia do Yoga Integral. Instagram: @marciapereiramentoria
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