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Quando o esquecimento é um sintoma de demência?

Neurologista explica como diferenciar um esquecimento comum de um sintoma de doença mental

São Paulo, abril de 2022 - A perda de memória é um sintoma natural no processo de envelhecimento humano. Assim como a pele começa a mostrar os primeiros sinais da idade quando surgem as rugas, todo o corpo passa a trabalhar mais lentamente conforme o envelhecimento progride. E isso inclui o cérebro e as nossas capacidades de reter novas informações. Mas, quando isso deixa de ser natural para ser um sintoma de demência?

De acordo com as estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde) mais de 55 milhões de pessoas sofrem com demência em todo o mundo. Um número que deve chegar a 139 milhões em 2050. Por isso, a médica neurologista e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, Dra. Inara Taís de Almeida chama a atenção para o tipo de esquecimento que deve ser considerado um indicativo de doença neurológica

“É perfeitamente natural que os reflexos fiquem mais lentos e a dificuldade de guardar novas informações seja maior com o avanço da idade. O que não é aceitável é que esses esquecimentos passem a afetar a rotina da pessoa. Um músico, por exemplo, não pode esquecer como se lê uma partitura, já que está familiarizado com o assunto. Assim, como quem dirige ou cozinha, não se pode esquecer como faz tal atividade. Além disso, os esquecimentos não devem ser frequentes. A constância do sintoma é, sim, um sinal de alerta”, esclareceu.

Outros sintomas que, geralmente, acompanham o esquecimento indicativo de demência são: dificuldade de se comunicar, mudanças na personalidade, desorientação de espaço e confusão mental. Tudo isso são indicativos de algum tipo de demência, seja Doença de Alzheimer, Demência Vascular, Demência Frontotemporal, entre outras.

Em contrapartida, existem causas não relacionadas com doença mental para os esquecimentos, que podem acontecer em qualquer fase da vida. O estresse e a ansiedade, por exemplo, afetam principalmente as pessoas mais jovens, causando lapsos de memória. Isso porque, os altos níveis de estresse no organismo estimulam diferentes partes do cérebro, dificultando atividades simples como se lembrar onde guardou a carteira.

“Os esquecimentos que não indicam doença neurológica geralmente estão relacionados a algum tipo de desordem no organismo. No hipotireoidismo, por exemplo, a glândula da tireoide não está trabalhando normalmente, o que deixa o metabolismo mais lento e prejudica a função cerebral. Assim como, a deficiência de Vitamina B12, o uso de remédios para ansiedade, o uso de drogas e dormir menos do que o necessário afetam a atividade do cérebro e consequentemente a memória”, explicou a Dra. Inara Taís de Almeida.

Portanto, a orientação para quem está passando por episódios de esquecimento, sejam eles mais severos ou não, é procurar por um médico neurologista. Assim, é possível investigar as causas e receber o tratamento adequado. Porque quando a questão é a saúde do cérebro, toda atenção é realmente necessária.

 

Dra. Inara Taís de Almeida - Neurologista e Neuroimunologista de São Paulo, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia. Graduação em Medicina pela Faculdade de Tecnologia e Ciências e residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Fellowship clínico (especialização) em Neuroimunologia no Ambulatório de Doenças Desmielinizantes na Universidade Federal de São Paulo - Unifesp.

 

 

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