Sucesso das fintechs leva bancos a buscarem interação com cliente
De olho nos usuários jovens, corporações tradicionais adotam comunicação mais leve e informal
O crescimento
dos bancos digitais, principalmente entre o público mais jovem, está levando as
instituições tradicionais a mudarem a forma de se relacionar com seu público.
Aquele ar sério que costumavam adotar nas propagandas e até mesmo na relação
com o consumidor, aos poucos, vai perdendo espaço para a informalidade e para
uma interação maior com o cliente.
Bancos
tradicionais como o Itaú e o Santander, por exemplo, têm recorrido ao universo
dos games para direcionar sua publicidade e alcançar clientes jovens e
conectados. Esta parece ser uma reação, ainda que atrasada, ao modelo adotado
com sucesso pelas fintechs, que se comunicam de maneira informal, divertida e
carinhosa com quem está começando a controlar seus investimentos pelo celular.
Essa
proximidade com o usuário é justamente um dos motivos que explicam o
crescimento dos bancos digitais. “Pela
facilidade de acesso, agilidade na abertura de contas e baixa burocracia, os
bancos digitais estão mais próximos dos seus usuários e isso é uma vantagem na
hora de escolher uma instituição para guardar seu dinheiro ou fazer
investimentos”, explica o economista, especialista em fintechs e diretor
financeiro do Popibank, Marcelo Pereira.
Não é à toa
que a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), por exemplo, vem se
conectando cada vez mais com os clientes, desenvolvendo campanhas que respondam
às dúvidas dos usuários, com um apelo mais popular.
Proximidade com o usuário explica o crescimento
dos bancos digitais (Foto:
Freepik)
Crescimento
O
levantamento Global Digital Banking Index 2021 mostrou que, em todo mundo, uma
entre quatro pessoas já é cliente de algum banco digital. No Brasil, de 2018
até 2020, houve um aumento de 73% de quem usa conta exclusivamente digital. O
Brasil é o terceiro país do mundo em número de clientes que só usam contas
digitais: 44% da população.
O economista
comenta que as ações de marketing são fundamentais para melhorar a imagem de
uma marca e atrair consumidores, mas ressalta que, sozinhas, elas não conseguem
fidelizar esses consumidores. “O
marketing é importante, mas é preciso investir em tecnologia, desburocratização
e oferecer taxas menores para conquistar novos clientes. Não adianta ter uma
campanha publicitária descolada se não houver facilidade e rapidez na hora de
fazer a transação bancária, e para descomplicar a vida do cliente é necessário
investir em eficiência.”, comenta.
Bombando nas redes
Quem
acompanha as redes sociais viu o sucesso que uma fintech faz ao interagir com
os usuários de forma descomplicada e descontraída. “O posicionamento de algumas marcas nas
plataformas digitais serve como modelo justamente por causa dessa proximidade
com o usuário. A interação por meio das redes é outra forma importante de
fidelizar o cliente. Todo mundo gosta de receber atenção e atendimento
personalizado. Essa é uma lição para todos no setor bancário”,
comenta.
Pereira avalia
que essa popularização é positiva e necessária, mas reforça que só ela não faz
uma pessoa trocar de banco. “As
pessoas querem resolver tudo na palma da mão, usando o celular. Ninguém mais
quer ir a um banco para fazer investimentos ou outro tipo de transação. As
aplicações e facilidades ofertadas pelas fintechs fazem sucesso porque atendem
a uma necessidade antiga dos usuários de banco. Para conquistar o mercado dos
bancos digitais, as instituições tradicionais terão que correr atrás desse
prejuízo e oferecer soluções que facilitem, efetivamente, a vida dos seus
clientes”, resume.
Marcelo Pereira é economista e diretor
financeiro do Popibank
Nenhum comentário