A evolução do ecossistema de empreendedorismo digital no Brasil
Para quem olha os recentes aportes
bilionários, IPOs e histórias de sucesso, é fácil imaginar que o ecossistema de
inovação e startups no Brasil já está nos seus anos de maturidade. Mas há 10
anos atrás este ainda era um setor incipiente. Em 2021, as startups
brasileiras receberam US$9,4 bilhões em investimentos, um crescimento de mais
de 6.000% em 10 anos, segundo dados do Distrito. Mas nem sempre o ecossistema
de inovação foi bilionário e esteve tão presente na mídia como atualmente.
Empreendedorismo como carreira
No final dos anos 90, começo dos anos
2000, junto aos primeiros passos da internet, alguns empreendedores notaram que
ali era o início de algo grande. Mas tanto o ecossistema de investidores, como
o de empreendedores ainda não estavam nem perto de formado. Carlos Pessoa, um dos
primeiros profissionais da Endeavor Brasil, lembra em entrevista dada ao
Venture, podcast feito pela Snaq em parceria com a Fisher Venture Builder, que
“a tese inicial da Endeavor
era simplesmente que as pessoas não empreendiam porque não tinham em quem se
inspirar”. Pessoa lembra ainda que “empreendedorismo não era nem uma palavra no dicionário”.
Hoje, pode parecer óbvia a jornada do
empreendedor para algumas pessoas, mas o fato é que até o início da década de
2010, ainda não existia a noção da carreira deste profissional no Brasil,
apenas a figura do empresário. Roberto
Grosman, empreendedor serial e hoje COO da Descomplica, lembra
que “Na faculdade quando
perguntavam quem queria empreender, não tinha ninguém. Todo mundo queria banco
ou consultoria. Na época, eu não sabia que eu era empreendedor.
Empreendedorismo naquele tempo não era uma carreira.” A visão
é compartilhada por Daniel
Li, empreendedor serial que aos 17 anos criou o Disque Amizade,
ainda na década de 1990, e em 2014 foi sócio do pai da internet no Brasil,
Aleksandar Mandic. Daniel conta que "[Empreender]
Não era algo muito bem visto. Todo mundo queria trabalhar em uma multinacional
ou banco de investimentos. Então você nem se sentia muito aceito”.
Tecnologia
Tecnologia e ciclo de investimentos
também eram grandes barreiras para empreender. Pelo lado da tecnologia, cloud,
serviços do Google como email e agenda, plataformas de gestão de equipes, entre
diversas outras facilidades, não existiam no começo dos anos 2000. Roberto Grosman, lembra
que para colocar um serviço no ar era necessário importar um servidor e levá-lo
com escolta para o escritório da startup. “Às
vezes caía o servidor por que alguém tinha tropeçado no fio.”
Investimentos
Já do lado dos investimentos, o
ecossistema também era incipiente. A mentalidade de ciclos sucessivos de
captação sem a necessidade de geração de caixa e o grande número de fundos de
venture capital que vemos hoje, não existiam 15 anos atrás. Anderson Thees, fundador
da Redpoint e-ventures, relata que em 2010 foram apenas 11 deals de venture
capital no Brasil e em 2012 esse número aumentou para 46. Como comparação, em
2021 aconteceram 779 aportes em startups no Brasil, segundo dados do Distrito.
Hoje, é possível perceber a formação de
uma cadeia completa de venture capital no Brasil, com uma rede sólida de
investidores que entendem o ciclo recorrente de captações, fundadores de
primeira e segunda jornada, com muito mais conhecimento e bagagem. Para Edson Rigonatti,
fundador da Astella Investimentos, "Toda
era tem um herói e hoje a gente vive a era do empreendedor”.
Com tantas notícias de IPOs, aportes
bilionários e histórias de sucesso é fácil esquecermos que esse é um universo
recente no Brasil e com muitas frentes ainda de amadurecimento como
regulamentação, venture debt, fundos de growth, formação de talentos, entre
outros. Na visão de Alexandre
Villela, um dos primeiros venture capitalists do Brasil, “o Brasil está hoje como o VC (Venture
Capital) estava nos EUA na década de 1980”. Essa tese é suportada
por Rigonatti, que compara o nível de investimento em relação ao PIB de Brasil
e EUA.
Esses depoimentos que retratam a jornada
do empreendedorismo digital no Brasil, fazem parte do [Projeto Venture] (https://www.snaq.co/venture),
uma série com 10 episódios produzida pela Fisher Venture Builder e pela Snaq,
plataforma de conteúdo sobre inovação e tecnologia. O projeto conta ainda com
entrevistados de peso, como Marcela
Miranda (1ª mulher a fazer um exit de fintech no Brasil), Rodrigo Teijeiro (CEO da
RecargaPay), Sthephanie
Fleury, (fundadora da DinDin e atual apresentadora da CNN), Dani Graicar,
(empreendedora serial, fundadora do movimento Aladas e CEO da agência PROS).
Em episódios atemporais é possível ver a
cronologia dos fatos por quem viveu o empreendedorismo digital quando a
democratização do acesso à internet nem era algo palpável. Para os entusiastas
de inovação, vale acompanhar o canal para se aprofundarem no ecossistema, já
para os que viram os primeiros passos desse setor que hoje é bilionário, vale
relembrar as dificuldades e conquistas dos últimos 25 anos no universo de
inovação.
Sobre a Fisher
A Fisher é uma Venture Builder que nasceu em 2017 e co-fundou 7 startups ao longo de sua história, construindo um portfólio de mais de R$ 300 milhões. É uma empresa líder e referência em Venture Building no país, que auxilia empreendedores e empresas a transformar conhecimentos e ativos estratégicos em negócios de tecnologia escaláveis. Sendo a primeira venture builder brasileira selecionada para a GSSN (Global Startup Studio Network), a mais renomada rede de Startup Studios do mundo.
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