As despesas corporativas depois da covid-19
Por Alfredo Bernacchi*
Escolhas financeiras inteligentes podem
ajudar a impulsionar estratégias corporativas sustentáveis, principalmente em
situações de crise, quando a organização precisa garantir adaptabilidade àsmudanças
culturais do seu tempo e do mercado. E o melhor exemplo foi o cenário recente,
em que a pandemia pôs em xeque o roteiro de sustentabilidade financeira de
grande parte das empresas, enquanto o trabalho remoto as levou à criação de novos
“modos de fazer” para continuar obtendo resultados satisfatórios.
Um desses “modos de fazer” foi
a gestão de despesas corporativas, cujas necessidades de gastos foram
alteradas e conduziram os negócios a novos processos orçamentários e contábeis.
E esse replanejamento do modelo de trabalho operacional padrão terá sequência
no contexto pós-pandêmico – vislumbrando modelos híbridos, por exemplo.
Gestores financeiros ainda estão encarando a reestruturação das despesas
corporativas, com alternativas que tornem seus processos ainda mais
flexíveis e avançados.
Em definitivo, não dá para recuar e
pensar nas despesas corporativas sem rastrear novas demandas das pessoas e dos
processos envolvidos em seu negócio. Será que o seu cliente vai preferir
realizar reuniões presenciais ou apenas online? Como poderá ser configurada a
sua cadeia de produção sem vulnerabilizar seus colaboradores? Quais gastos são
acrescentados em um modelo híbrido de trabalho? Como oferecer mais resiliência
financeira para minha empresa?
Parece que os modelos home office e
híbrido deixaram de ser uma preocupação exclusiva do RH, que almeja garantir
conforto para o colaborador, e se tornaram uma preocupação conjunta com o
financeiro. Se mesmo passado um longo período de trabalho remoto a sua empresa
ainda não sabe o que ela deve custear, é melhor consultar a Lei do
Teletrabalho.
A lei orienta que seja formalizado um
acordo entre empresa e colaborador, discriminando de quem é a
responsabilidade sobre as despesas com aquisição e manutenção de tecnologias
necessárias para realização do trabalho, assim como quais outras podem ser
reembolsadas pelo contratante. É interessante pontuar que esse acordo otimiza,
sim, os custos financeiros da organização, mas ele deve ser conjugado com o RH,
uma vez que é necessário pensar bastante na qualidade de vida ofertada ao
contratado.
Dados levantados pela Federação
Brasileira de Bancos (Febraban) apontam que, durante a pandemia, o número de
transações realizadas exclusivamente por smartphones cresceu mais de 30%. Ainda
segundo avaliação da federação, a expectativa é que o uso do dinheiro em
espécie deva cair consideravelmente no pós-pandemia, uma vez que as
transações financeiras por meio de aplicativos digitais e os pagamentos sem
contato continuam crescendo.
Isso alerta o gestor financeiro para a
mudança no comportamento não só de consumo, mas também do meio de pagamentos de
salários e benefícios.
Para realizar uma reestruturação da
gestão de despesas corporativas pós-pandemia fazendo com que o setor ganhe mais
versatilidade e adaptabilidade, alguns aspectos precisam ser considerados.
- Mapeie as despesas em cenários
híbridos
Uma vez que as organizações perceberam o
quanto a tecnologia é favorável para a realização de eventos e reuniões
virtuais com parceiros, investidores e clientes, a probabilidade é que
o híbrido do digital com o presencial seja mais comum nesse período
pós-pandemia (já temos visto esse cenário com frequência).
Assim, por mais que haja segurança
sanitária nesse novo contexto, a presença no escritório físico e as viagens
corporativas, por exemplo, ganham um novo significado. Logo, o desafio do
executivo, do gestor financeiro, do líder e do RH é entender quais despesas
devem ser incorporadas ou não em um regime híbrido de trabalho.
- Use cartões pré-pagos
É possível facilitar a vida dos
colaboradores com cartões corporativos pré-pagos para ajudá-los a acessar
benefícios, pagamentos e ainda realizar transações online. O cartão
corporativo pré-pago também é uma vantagem para a gestão remota, pois
desburocratiza as transações financeiras para gastos de rotina da empresa.
- Utilize aplicativos para
controlar despesas
No acordo entre empresa e colaborador, há
despesas do home office que devem ser pagas pelo contratante? Existem demandas
emergenciais no home office? Minha dica para ganhar mais agilidade nesse
controle remoto é o uso de aplicativos que permitem alterações
imediatas, visualização rápida de saldos e transações e o acompanhamento
seguro de dados para realização de relatórios.
- Opte por soluções que assegurem
escalabilidade
Além da flexibilidade, também precisamos
falar sobre escalabilidade. Afinal, a ideia de reestruturar a gestão de
despesas pressupõe o abandono de processos complicados e morosos. E a
escalabilidade é uma promessa de processos cada vez mais automáticos para
empresas que desejam adaptabilidade em quaisquer cenários.
*Alfredo Bernacchi é Diretor-Geral da Edenred Pay.
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