Concerto com trechos da Ópera e a Mostra ‘Paixão, Glória e Suplício - Francisco Antônio Lisboa’ ampliam as discussões sobre a emocionante história do Mestre Aleijadinho
Registro da Ópera Aleijadinho - Crédito Netun Lima
Após a empolgante e emocionante estreia
em Ouro Preto, que reuniu em torno de 3 mil pessoas em frente à Igreja de São
Francisco de Assis, no Largo de Coimbra, a Fundação Clóvis Salgado se prepara
para a temporada da ópera “Aleijadinho”, em Belo Horizonte. Serão quatro
récitas no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (14, 16, 18 e 20/05) com
novidades cenográficas na concepção para o palco italiano. Outras novidades
acompanham essa Temporada, como o retorno da série “Concertos no Parque”, no
dia 8 de maio, que fará também uma homenagem às mães, e a realização da Mostra
de cinema ‘Paixão, Glória e Suplício - Francisco Antônio Lisboa’, realizada em
diálogo com a Ópera Aleijadinho com a exibição de filmes, entre 20 e 26 de
maio, no Cine Humberto Mauro e na plataforma CineHumbertoMauroMAIS. A ópera
Aleijadinho e a Mostra de cinema são apresentadas pelo Instituto Unimed-BH e
pelo Instituto Cultural Vale. A série Concertos no Parque tem a Cemig e o
Instituto Unimed-BH como apresentadores.
Pela série Concertos no Parque, a Orquestra Sinfônica e o
Coral Lírico de Minas Gerais, sob a regência de Silvio Viegas, apresentarão
trechos da ópera Aleijadinho, com participação dos solistas: Johnny França
(barítono) – Aleijadinho; Luanda Siqueira (soprano) – Joana; Mar
Oliveira (tenor) - Manuel Francisco; Mauro Chantal (baixo) - Vicente
Ferreira; Pedro Vianna (barítono) - Alvarenga Peixoto; Guilherme
Moreira (tenor) - Tomás Antônio Gonzaga. No programa serão executados a
Introdução – Lundu; o Dueto Joana e Manuel Francisco; o Final Ato I – Hino à
Bandeira; a Oração de Aleijadinho; o Final Ato II – Encomenda dos Profetas de
Congonhas; a Ária Joana e o Final.
A série Concertos no Parque, com
Orquestra Sinfônica e Coral Lírico de Minas Gerais se traduz em outra forma de
acesso do público à música erudita. Os concertos ocorrem nos mesmos períodos
das óperas e, por isso, contam com apresentações de trechos da ópera produzida
naquela ocasião pela FCS. Sob a batuta de seus regentes titulares ou de
maestros convidados, a orquestra e o coro se juntam a renomados solistas e
músicos para proporcionarem momentos de rara beleza ao público.
Já a Mostra ‘Paixão, Glória e Suplício - Francisco Antônio
Lisboa’ tem como proposta ampliar o espectro de compreensão sobre as diversas
formas de representação do artista Aleijadinho e de sua obra pela Sétima Arte.
Os filmes serão, em sua maioria, exibidos no Cine Humberto Mauro e, na
plataforma CineHumbertoMauroMAIS ficarão disponíveis entre 1 a 6 meses,
integrando a coleção de clássicos mineiros e brasileiros. A proposta da Mostra
é exibir obras que retratam diretamente a vida e a obra do artista, ao lado de
outras obras que estão ambientadas no universo lúdico de sua criação. O tema
central também é a cidade de Ouro Preto, que foi palco da ópera Aleijadinho e
também cenário e personagem de filmes de grande magnitude para a cinematografia
mineira e nacional.
Transfiguração de símbolos e valores em arte nacional – Essa
montagem de Aleijadinho integra a programação do Ano da Mineiridade, da
Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), projeto
criado para celebrar os elementos que compõem a assinatura mineira, com suas
tradições, costumes e histórias. O espetáculo é também uma das atrações da Via
Liberdade, uma nova rota turística e cultural conectando Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Goiás e a capital do país, Brasília, por meio de ações e programas
estratégicos ao longo da BR-040 e seu entorno, projeto também criada pela
Secult.
Segundo o secretário de Estado de Cultura e Turismo,
Leônidas Oliveira, o Ano da Mineiridade é uma ação que celebra todas as
características de Minas Gerais e a Via Liberdade vai unir mais de 300 cidades por meio de um percurso
sete Patrimônios da Humanidade e 80 Patrimônios Memória do Mundo. “A
ópera Aleijadinho vem ao encontro do nosso desejo de celebrar Minas Gerais. Ela
condensa uma série de elementos que compõem a nossa rica diversidade artística
e cultural. Por meio dessa montagem, vamos celebrar quem somos, celebrar nossas
cidades, nossa arte e a nossa intensa e rica cultura, além de dar visibilidade
à história desse grande artista negro, Antônio Francisco Lisboa, o maior
representante do Barroco mineiro, reconhecido em todo o mundo, patrimônio da
Humanidade UNESCO”, comemora Leônidas Oliveira.
Para Eliane Parreiras, presidente da Fundação Clóvis
Salgado, com essa nova montagem a FCS reafirma o seu papel como uma grande
formadora de público no campo operístico em Minas Gerais, difundindo programas
e promovendo espetáculos. “Ao apresentar a vida e obra de Aleijadinho, o maior
artista do Barroco Mineiro, aborda-se não somente a história de um dos maiores
ícones da mineiridade, mas um movimento artístico que tomou o caminho da
criatividade e da transfiguração de símbolos e valores para uma verdadeira arte
nacional. É muito importante para a Fundação Clóvis Salgado realizar essa
montagem a partir da história de Aleijadinho, difundindo a cultura mineira,
fomentando a produção operística nacional, estimulando novas plateias e
celebrando o Ano da Mineiridade, além de estar incluída como atração cultural
de Minas Gerais para a Via Liberdade, relevante projeto criado pela Secult”,
destaca Eliane Parreiras.
A diretora Institucional do Instituto Unimed-BH, Mercês
Fróes, destaca que essa iniciativa vai ao encontro das propostas da instituição
de valorizar a cultura local e potencializar a geração de trabalho e renda para
a cadeia da economia criativa. “É com orgulho que o Instituto Unimed-BH é um
dos patrocinadores da Fundação Clóvis Salgado e da Temporada de Óperas. Além do
fomento à produção cultural local, esse projeto em especial colocará em
destaque o nome de Aleijadinho, um dos maiores ícones da cultura mineira.
Agradeço ainda a adesão dos nossos mais de 5.200 médicos cooperados e
colaboradores que fazem parte do Programa Sociocultural Unimed-BH e viabilizam
este incentivo”, reforça Mercês Fróes.
Para o Instituto Cultural Vale, a vida de Aleijadinho e
toda a sua produção artística precisam ser, sempre, lembradas, compartilhadas e
experimentadas por todas as gerações. “E o Instituto, que fomenta as múltiplas
manifestações artísticas brasileiras, tem a imensa alegria de ser também parte
dessa celebração do maior artista do Barroco mineiro, e, por meio dele, de
celebrar também as Minas Gerais”, afirma Hugo Barreto, diretor presidente do
Instituto Cultural Vale.
OBRA INÉDITA CONTEMPORÂNEA – A
montagem de Aleijadinho não representa apenas a produção de uma nova montagem
realizada pela FCS, mas, principalmente, a oportunidade oferecida ao público de
estar diante de uma obra inédita, libreto e composição, criados por artistas
contemporâneos. Para a escrita do libreto, houve uma intensa pesquisa histórica
para a construção da narrativa. Todos os personagens da ópera são reais e a
cronologia é bem amarrada com os acontecimentos da época. O desenvolvimento
dramático, no entanto, é ficcional, como o encontro de Aleijadinho com os
Inconfidentes em uma taberna em Vila Rica ou com Lobo de Mesquita na Igreja do
Carmo. Para fazer esse amálgama de ficção com realidade, o libretista André
Cardoso usou em algumas passagens textos originais de Tomás Antônio Gonzaga e
Alvarenga Peixoto, assim como o de um Lundu mineiro do século XVIII. Há ainda
cenas baseadas em uma tese da historiadora Isolde Venturelli, da década de 1980
que, mesmo não sendo comprovada, tem uma grande carga dramática.
A história de vida de Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho, já foi transposta inúmeras vezes para a ficção em diferentes meios
de expressão, faltava uma Ópera. Convencido das possibilidades dramáticas sobre
a vida do escultor, André Cardoso rascunhou os primeiros esboços em forma de
roteiro em julho de 2009, quando apresentou a ideia ao maestro e compositor
Ernani Aguiar, que imediatamente se entusiasmou pelo projeto.
O libretista afirma que a ligação com Minas Gerais e a
admiração pelo artista foram os pontos de partida da obra. “Colocar Aleijadinho
em cena, para nós, foi um caminho natural. Eu espero que o público se emocione
vendo em cena o mais celebrado artista mineiro de todos os tempos. Trouxemos
para o palco não só o Aleijadinho, mas também a história e a cultura do estado.
Ter intérpretes como o maestro Silvio Viegas, os solistas por ele escolhidos,
os corpos artísticos da Fundação Clóvis Salgado e a equipe criativa comandada
pela diretora Juliana Santos é a garantia de que apresentaremos ao público um
grande espetáculo, que será possível graças ao apoio que o projeto recebeu”,
completa Cardoso.
Na composição, o maestro Ernani Aguiar dialoga com a
música da época, com as intervenções que realizou em uma obra de Lobo de
Mesquita ao criar uma linha de canto para Aleijadinho. O maestro resgatou
também o estilo das serenatas mineiras, como no dueto de Joana e Manuel
Francisco, no primeiro ato, e no Prelúdio e no Interlúdio do terceiro ato.
“Fomos inspirados pelo próprio Aleijadinho, patrono das
artes brasileiras e meu conterrâneo. Compus a música desse libreto, que é
dedicado à pátria mineira, movido pela obra-prima desse mestre. E, para mim,
obra-prima é aquela que você não se cansa de admirar, seja na literatura, na
música, nas artes plásticas. Cada vez que você entra em uma igreja em Ouro
Preto, você descobre algo novo”, comenta o compositor Ernani Aguiar.
Já o diretor musical e regente, Silvio Viegas, destaca que
uma das questões que chamou sua atenção no libreto é que apesar de estar todo
embasado em livros e pesquisas, não se perdeu a liberdade poética, fundamental
para uma ópera. “A música do Maestro Ernani Aguiar é moderna e histórica ao
mesmo tempo. Tem todo o arroubo de suas composições, mas ao mesmo tempo faz
referências à escrita daquela época, fazendo citações de dança, como o Lundu,
da música Colonial Mineira de Lobo de Mesquita e da Seresta Mineira. Uma ópera
que tem tudo, romance, drama, dor, alegrias, sofrimentos e que faz tudo isso
tendo como personagem central nosso amado Aleijadinho”, ressalta.
Silvio Viegas também aponta para o importante fato de ser
uma obra inédita em que o compositor e libretista estão vivos, o que permite
conversar com o compositor para entender quais eram suas intenções e desejos.
“Discutir e realizar alterações é algo maravilhoso e que somente pode ser feito
tendo seus criadores vivos e abertos a sugestões e observações. É construir uma
parte da história dessa ópera e fazer parte de um momento cultural histórico
para nosso Estado e nosso País”, comemora.
RESPEITO ÀS PAUTAS SOCIAIS – A
atual gestão da Fundação Clóvis Salgado tem sustentado o compromisso de manter
a equidade de gênero e diversidade em suas produções artísticas. Tanto no
Cefart como nas produções dos Corpos Artísticos e demais atividades do Palácio
das Artes, há sempre o cuidado em refletir questões da atualidade. É o caso,
por exemplo, do convite feito à Julianna Santos para assumir a direção cênica
da ópera Aleijadinho, fortalecendo o reconhecimento do trabalho da artista, com
experiência em mais de 80 projetos em quase 20 anos.
Nessa montagem, a diretora imprimiu o seu estilo e destaca
que, para além de contar a vida de um grande artista como Aleijadinho, as
entrelinhas dessa história trazem muitas características sobre ele, como sua
ancestralidade, sendo filho de uma escrava com um português. “Para
potencializar essa ideia de ancestralidade, teremos um vídeo curto em que a
coreógrafa e bailarina de dança Afro, Júnia Bertolino, atuará como uma quase
representação da ‘mãe ancestral’, que não aparece no texto, mas estamos
trazendo para a encenação. Essa figura também aparece no final e leva o
Aleijadinho com ela”, revela a diretora.
O caminho de penitência do artista e a revolução em sua
própria obra, deixando um legado, uma arte reconhecida mundialmente, também
foram pontos de relevância para a direção cênica. “A expectativa é que
consigamos construir, junto com os artistas, essa história que é uma grande
emoção para Ouro Preto e um orgulho para todos os brasileiros, não só os
mineiros. A obra de Aleijadinho é um símbolo mundial, com toda sua beleza e
especificidades. Pensando nas doenças que ele teve, me soa quase como uma arte
penitente, redentora, ele passava pelo sofrimento que estava vivendo. Suas
obras são muito teatrais e dramáticas, expressivas e emotivas. Quando entramos
em contato com elas, sentimos. Tentamos expandir para o palco essa
grandiosidade”, completa Juliana Santos.
LUZ E SOMBRA BARROCA – De acordo com Luciana
Salles, diretora Cultural da FCS, nem a topografia, nem as restrições e
tradições que uma cidade Patrimônio Cultural da Humanidade impõem para sua
preservação impediram que a FCS realizasse em Ouro Preto uma grande estreia.
“Isso nos aproximou de profissionais muito experientes e que toparam com
entusiasmo enfrentar esse desafio conosco. Todos tiveram plena consciência da
importância dessa montagem e da responsabilidade que é homenagear um artista
como o mestre Aleijadinho. O respeito ao seu legado pautou todo o pensamento da
montagem, tal como a proposta cenográfica que, diferente de tentar reproduzir
alguma de suas obras, o que seria impossível sem soar como um arremedo, optou
pelas projeções mapeadas e que revelam detalhes do olhar desse artista
magnífico, resultando em uma estreia brilhante”, comemora Luciana Salles.
O cenário criado por Renato Theobaldo foi pensado para os
ambientes de Ouro Preto e de Belo Horizonte. Mas o palco italiano e o urdimento
darão condições de criar novas movimentações e nuances, como no primeiro Ato.
“O conceito de velas de projeção continuam, criando uma dinâmica de
movimentação de cena com iluminação diferenciada. O fato de estar em uma caixa
cênica, permitirá a alternância de linguagem gráfica, uma espécie de ‘lanterna
mágica’ delineando toda a cena em luz e sombra, que irá remeter a Ouro Preto”,
revela Renato Theobaldo.
Já para Ney Bofante, responsável pela iluminação do
espetáculo, a ideia para a estreia em Ouro Preto foi minimizar as influências
que a apresentação ao ar livre sofre, como clima, vento e iluminação pública.
Tudo foi pensado para que o público se concentre na história sendo contada, com
menos detalhes e mais foco no âmbito geral, tentando aproveitar o que seria
algo contrário para a encenação, como recurso. “Já a montagem no Palácio das
Artes conta com toda a estrutura de uma casa de espetáculos. A iluminação entra
para somar e ajudar a contar a história, selecionando, climatizando e
esculpindo as belíssimas imagens oferecidas pela Cenografia e Projeção, além
dos figurinos e da encenação”, finaliza Bofante.
O belo figurino de Marcelo Marques retrata as diferenças
sociais da época, presentes na indumentária de uma elite abastada e de uma
classe trabalhadora carente.
Evento: SÉRIE CONCERTOS NO PARQUE – Trechos
da ópera ALEIJADINHO
Local: Parque Municipal Américo Renné
Giannetti
Data: 8 de maio de 2022 (domingo) Horário:
10h
Preço: Acesso gratuito
Necessário realizar cadastro pelo www.sympla.com.br e apresentar cartão
de vacina contra Febre Amarela e
Covid-19
Evento: ALEIJADINHO, o Mestre do Barroco
Mineiro em ópera inédita
Composição de Ernani Aguiar e libreto de André Cardoso
Local: Grande Teatro Cemig Palácio das Artes
/ Av. Afonso Pena, 1537 – Centro
Data: 14, 16, 18 e 20 de maio de 2022 - Horário:
20h
Preço: Plateias I e II, R$ 50,00 (inteira) e
R$ 25,00 (meia-entrada)
Plateia superior: R$ 35,00 (inteira) e R$ 17,50
(meia-entrada)
Mostra de Cinema ‘Paixão, Glória e
Suplício - Francisco Antônio Lisboa’
Local: Cine Humberto Mauro e
CineHumbertoMauroMais – Palácio das Artes
Data: de 20 a 26 de maio
de 2022
Horário: De acordo com grade
de programação
Preço: Acesso gratuito
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