Dia das Mães: Como a data pode impulsionar o descontrole financeiro?
O Dia das Mães já está se aproximando e com isso os centros de compras começam a ficar mais cheios porque essa, depois do Natal, é a data que mais movimenta o varejo. Rebeca Toyama, especialista em carreira e bem-estar financeiro, traz o alerta para os consumidores sobre a importância do consumo consciente e sustentabilidade para a data.
Segundo um levantamento da Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em abril a parcela de
famílias endividadas bateu recorde com 77,7%. O número é maior que o de março
(77,5%) e o de abril de 2021 (67,5%). De acordo com a entidade, o cenário de
alta inflação persiste e de renda comprometida com o pagamento de dívidas levou
ao resultado atual.
Ainda segundo a pesquisa, cerca de 30,2%
do orçamento familiar em abril deste ano foi direcionado para o pagamento de
dívidas; 0,2 ponto percentual maior do que em abril de 2021.
“É assustador ver os números de famílias
endividadas, mas aqui merece uma boa reflexão: Quais são os motivadores desse
comportamento? Além do estresse pós-pandêmico e ansiedade, a inflação e as
dívidas acumuladas, podemos observar também, principalmente nessas datas, uma
culpa pela falta de presença junto a pessoas queridas ou ainda compensação pela
falta de qualidade de vida. Porém, gastar sem planejamento, além de não
resolver os incômodos, vai gerar mais ausência de bem-estar financeiro e isso
vira um ciclo sem fim”, comenta, Rebeca Toyama, especialista em bem-estar
financeiro.
Descontrole financeiro
Você consegue identificar quais são os
motivos que levam as pessoas irem às compras mesmo estando com o orçamento
desorganizado e apertado? A frustração, busca por felicidade, compensação de
ausência por presentes, estresse ou até ansiedade. Os distúrbios financeiros
são padrões persistentes e previsíveis, e para o compulsivo não há limite e a
compra nunca é suficiente.
Para Rebeca, existe um distúrbio que
pode se encaixar no contexto atual é o excesso de gastos, que nomeia-se como distúrbio do gastador excessivo,
e alerta que um dos sintomas dos distúrbios financeiros está relacionado também
ao desespero sobre a situação financeira.
“Em geral, as pessoas que sofrem por
distúrbios financeiros sabem o que devem mudar em seu comportamento, mas
simplesmente não conseguem. E tentam obter sentimentos de segurança, conforto e
afeição gastando de maneira excessiva consigo e até mesmo com os outros.”,
afirma Toyama.
Para a especialista em bem-estar
financeiro, um dos caminhos para resolver esse distúrbio é criar uma
consciência neste indivíduo de que ele precisa de ajuda e seguir com um
acompanhamento profissional, levando em conta essas questões emocionais que
causam toda essa cadeia.
Consumo Consciente
Como destacado pela Agenda 2030 da ONU,
o ODS 12 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) assegurar padrões de
produção e de consumo sustentáveis, vai muito além da organização das finanças
domésticas. O consumo sustentável pode impactar outros ODS como: 1 - erradicação
da pobreza; 3 - saúde e bem-estar; 5 - igualdade de gênero. Inclusive,
pesquisas mostram que o consumo compulsivo pode perpetuar a condição de vulnerabilidade
das mulheres.
Portanto, planejar o bem-estar
financeiro, estimulando hábitos, especialmente hábitos de controle, poupança e
consumo consciente. Segundo esta mesma definição, bem-estar financeiro é o
estado em que pessoas e famílias apresentam quatro características: (1)
controle sobre suas finanças; (2) capacidade de suportar choques financeiros;
(3) estar no caminho para cumprir metas financeiras; (4) escolhas que lhes
permitam aproveitar a vida.
O primeiro ponto para se levar em
consideração é praticar o autocontrole em momentos de compras, que é algo
primordial para não cair em armadilhas. O segundo ponto é trazer para as
famílias a importância da disciplina financeira na construção de uma sociedade
mais sustentável.
“Tenho como missão trazer para as
pessoas esse olhar cuidadoso e responsável sobre sua relação com o dinheiro ou
com sua carreira e lembrar que ter uma vida sustentável é possível, mas para
isso precisamos estimular hábitos saudáveis, especialmente hábitos de controle,
poupança e consumo consciente. ”, finaliza, Rebeca Toyama.
Conheça as 5 dicas para não comprometer
o orçamento doméstico nessa data especial!
1- Não substitua presença por presente,
existem formas de expressar o que sentimos pela nossa mãe sem desorganizar seu
orçamento doméstico;
2- Aproveite a data para reunir a
família, falar de sonhos e planejar o futuro que vocês querem compartilhar
juntos;
3- Reúna a família para preparar um
prato especial e trocar as receitas secretas. Comer em casa pode ser muito mais
econômico e menos estressante que enfrentar as longas filas do domingo do Dia
das Mães;
4- Use o clima festivo para conversar
sobre a relação entre bem-estar e educação financeira com os filhos. Dê
exemplos sobre a importância do planejamento financeiro na qualidade de vida;
5- Estimule uma roda de conversa sobre a
história financeira da família, além de honrar a memória dos antepassados, isso
ajudará todos os envolvidos entenderem melhor a relação com o dinheiro que essa
família desenvolveu ao longo do tempo.
Sobre Rebeca Toyama
Rebeca Toyama é fundadora da ACI que tem como missão desenvolver competências dentro e fora das organizações para um futuro sustentável. Especialista em educação corporativa, carreira e bem-estar financeiro. Possui formações em administração, marketing e tecnologia. Especialista e mestranda em psicologia. Atua há 20 anos como coach, mentora, palestrante, empreendedora e professora. Colaboradora do livro Tratado de psicologia transpessoal: perspectivas atuais em psicologia: Volume 2; Coaching Aceleração de Resultados e Coaching para Executivos. Integra o corpo docente da pós-graduação da ALUBRAT (Associação Luso-Brasileira de Transpessoal), da Universidade Fenabrave e do Instituto Filantropia.
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