Especialista destaque golpes digitais mais praticados
País fechou o ano de 2021 com 4 milhões de fraudes desse gênero
Toda semana nos deparamos com novos
golpes digitais. A engenhosidade dos criminosos para explorar fragilidades e
induzir pessoas a erro, com o objetivo de obter dados pessoais e vantagem
financeira, não têm limites.
Por mais que se alerte sobre os cuidados
que se deve ter com dados, ligações telefônicas, mensagens de aplicativos e
e-mails com links duvidosos, o número de golpes continua em crescimento. De
acordo com a consultoria ClearSale, na comparação do primeiro trimestre deste
ano com o de 2021, houve aumento de 23,6% nos golpes envolvendo compras online.
Nas fraudes em geral, o Brasil fechou o
ano de 2021, de acordo com o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa
Experian, com mais de 4 milhões de golpes digitais. A cada ano, esse número
cresce cerca de 20% (em 2020 foram registrados 3,5 milhões de fraudes
digitais).
De acordo com Francisco Gomes Júnior,
presidente da ADDP (Associação de Defesa dos Dados Pessoais e do Consumidor),
alguns tipos de golpes permanecem em alta, com grande número de vítimas. “É o
caso do phishing, que é a obtenção dos dados quando a vítima clica em um link
malicioso ou o golpe do benefício falso (oferta de emprego ou de empréstimo),
além das mensagens falsas por aplicativo de conversação. São golpes conhecidos
e evitáveis, mas que, muitas vezes, as pessoas caem por distração ou impulso”.
O golpe do phishing (pescaria) consiste
em fazer uma pessoa clicar em um link que instale um programa malicioso no
dispositivo, capaz de ler ou extrair dados pessoais. E embora todos saibam que
não devem clicar em links fraudadores, o golpe se aperfeiçoa. São links
comunicando que a pessoa foi sorteada e ganhou um ótimo prêmio, que houve a
concessão de algum benefício previdenciário ou auxílio, ou que foi detectada
uma movimentação atípica em sua conta corrente. “São links com várias situações
que podem despertar interesse e fazer com que, em um ato impensado, se clique
para ver do que se trata. Clicou, seus dados estão em perigo”, alerta Gomes
Júnior.
Já o golpe do falso benefício acontece,
na maioria das vezes, por conta da vulnerabilidade econômica da vítima, que
recebe mensagem com atrativa oferta de emprego, por exemplo. A proposta prevê
uma boa remuneração, a possibilidade de trabalhar de casa e sem horário fixo.
Ao entrar em contato manifestando interesse no emprego, a pessoa é seduzida com
a vaga a ser disponibilizada para início imediato, bastando para tanto fazer o
depósito do valor referente ao cadastro na vaga. “Obviamente, não há nenhuma
vaga de emprego e a vítima perde o valor que adiantar. Nessa mesma modalidade
de golpe estão os empréstimos consignados, onde se comunica a concessão de um
crédito em conta mediante o depósito de uma taxa de adesão”, explica o
especialista.
As mensagens falsas, por sua vez, são
aquelas que a vítima recebe geralmente em nome de um parente ou amigo que
informa ter alterado o número de telefone. Pede-se que anote o novo número e a
partir daí passa a conversar por meio dele. Conversas se desenvolvem até chegar
ao diálogo em que se alegará que necessita efetuar um pagamento com urgência e
por algum motivo não está conseguindo por meio do próprio banco. Pede-se então
que a vítima faça uma transferência, alegando que em pouco tempo o valor será
devolvido.
“Os golpes são conhecidos, mas
constantemente aperfeiçoados. Diante de um aviso de tentativa de fraude em sua
conta bancária, muitos clicam no link disponibilizado para ver do que se trata,
assim como se a pessoa está desempregada, uma boa proposta de emprego pode ser
muito interessante. O fraudador sempre busca um ponto fraco, um atrativo que
faça com que a vítima reduza seu nível de atenção e por impulso tome uma
atitude que se pensasse com calma certamente evitaria”, complementa o advogado.
Por isso o especialista alerta: “A regra
é clara: nunca se descuide dos cuidados básicos. Não acredite em prêmios
inusitados, ofertas tentadoras, empregos que caem do céu, comunicados bancários
alarmantes. Antes de agir impulso, faça uma checagem sobre a segurança da
mensagem recebida. Prevenir é muito melhor que remediar”, finaliza Gomes.
Francisco Gomes Júnior - Sócio da OGF Advogados. Presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). Autor do livro Justiça Sem Limites. Instagram: https://www.instagram.com/franciscogomesadv/
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