Especialista em linguística pela Unicamp faz ponderações positivas e negativas sobre novo formato do Enem
Exame terá questões discursivas e itens da
língua inglesa
Especialista em linguística pela Unicamp, Vivian
Rio Stella
Divulgação
O Ministério da Educação (MEC) confirmou
o novo modelo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que poderá ser aplicado
à partir de 2024. O novo formato terá questões discursivas e itens de língua
inglesa integrada às demais áreas do conhecimento. O MEC também começara uma
transição gradual para a aplicação de provas digitais e correção automatizada,
de acordo com o documento elaborado por um Grupo de Trabalho (GT), composto por
servidores do MEC e de entidades da educação como Consed, Undime, CNE, entre
outros.
Neste documento, ficou decidido que para
avaliar as competências e habilidades da formação geral, conforme a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), com ênfase em língua portuguesa e
matemática, a redação dissertativo-argumentativa e avaliação de língua
estrangeira integrará este grupo. Outra decisão foi que serão avaliados os
itinerários formativos, em uma combinação optativa ao estudante, a
depender do curso de ensino superior que deseja cursar.
Esse novo modelo acabou agradando
educadores, como a professora e linguística da Unicamp, Vivian Rio Stella, que
ponderou sobre essa nova fórmula de avaliação de conhecimento, feita não apenas
baseada em testes, mas também com abertura para uma resposta
dissertativa,
“O lado positivo é que o aluno que está
sendo avaliado tem o espaço da elaboração de uma resposta e não cair em
armadilhas, ou seja, nas pegadinhas das perguntas de testes em múltiplas
escolhas, provas com respostas dissertativas acaba demandando justamente o
conhecimento para elaboração da resposta, o que é positivo e mais justo”,
comentou.
Especialista em comunicação, Vivian
também abordou um aspecto negativo neste novo modelo, no qual muitas pessoas
podem derrapar na expressão da comunicação, que é a forma de elaborar esse
conhecimento na escrita.
“Em provas deste tipo, muitas pessoas
podem saber a determinada resposta, mas não saber expressar isso em palavras.
Os últimos levantamentos feitos mostram que existe um déficit de alfabetização
e de evasão escolar mais alto que em anos anteriores, acredito que fazer essa
mudança, depois de dois anos de pandemia não seja positivo, embora eu aprecie
esse modelo de teste com questões dissertativas, como é o caso da Unicamp”,
explicou.
Sobre o modelo de inteligência
artificial para aplicação e correção de provas, mesmo em desenvolvimento,
Vivian disse que ainda é preciso ponderar, antes de colocar em prática.
“Embora seja necessária, ainda temos um
chão a percorrer, já aprendemos que os “chats box” não são tão eficientes
assim, chegam até uma parte dos problemas nos atendimentos e não conseguem
encontrar uma solução, vale ponderar, não será tão simples assim”,
finalizou.
Ainda segundo o documento apresentado, o
O MEC criará um comitê de governança do Enem para garantir a incorporação
correta das mudanças propostas, assim como a transparência do processo e
aperfeiçoamentos necessários. O MEC não informou se essas mudanças serão
aplicadas imediatamente na edição de 2024.
Sobre Vivian Rio Stella
Doutora em linguística pela Unicamp, com pós-doutorado pela PUC-SP, especialista em comunicação. Idealizadora da VRS Academy. Professora da Casa do Saber, da Aberje e da Cásper Líbero. Começou a realizar textos, produzir materiais didáticos e a dar curso sobre redação de e-mails, e do mundo da academia queria migrar para o mundo corporativo. Passou anos como consultora, até que montou a VRS Academy. Ao longo dessa trajetória, Vivian já realizou palestras, workshops e consultorias a mais de 100 empresas, dos mais variados portes.
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