Indústria 5.0: como as tendências de inovação vão transformar o setor?
Muito
provavelmente seremos a primeira geração da história a acompanhar duas
revoluções industriais. Graças ao avanço tecnológico que acelera cada vez mais
os processos de inovação, estamos vendo rapidamente o setor migrar de Indústria
4.0 para Indústria 5.0.
Quando
tratamos de indústria 4.0, já temos claro no mercado conceitos como big data, analytics, realidade aumentada e manufatura aditiva.
A próxima jornada do setor caminha para o 5.0, cuja principal mudança será
trazer o ser humano para o centro das discussões. Muito além da tecnologia, o
diferencial humano passará a ser peça fundamental dessa engrenagem.
Migraremos de
uma realidade concentrada em conectividade das máquinas; customização em massa;
Supply Chain inteligente; produtos smart; e redução da mão de obra
reduzida nas fábricas, para passar a direcionar esforços para a experiência do
cliente; hiper customização; Supply Chain responsivo e distribuído; produtos
interativos atrelados a experiência; e retorno da mão de obra para as fábricas.
Com o trabalho
humano aliado à tecnologia, o processo de tomada de decisão será cada vez mais
eficiente. Tudo isso ainda caminhando lado a lado com as práticas ESG
(Environmental, Social and Corporate Governance), que são outra forte tendência
no setor. Esse cenário levará a indústria para o próximo nível, cujo foco não
será apenas eficiência, mas sim em eficiência associada à sustentabilidade.
As tecnologias
utilizadas na Indústria 5.0
Quando
evoluímos de operações centralizadas em softwares para operações baseadas em IA
(Inteligência Artificial) e suportadas pela força de trabalho, evoluímos para
um novo conceito de mercado. A IA será distribuída ao longo de todas as camadas
da indústria, com a integração vertical de dispositivos inteligentes, sensores
com capacidade de processamento local e dispositivos de controle. Sem falar das
soluções em nuvem e da computação em Edge, que aumentarão a capilaridade de
inovações nas companhias, melhorando seus recursos e processos, além de abrir
um enorme leque de oportunidades para o setor.
Na prática, a
nuvem entregará maior flexibilidade e escalabilidade, principalmente porque ela
permite trabalhar dados massivos em escala juntamente com a IA e o machine
learning. Esses dados apoiarão a tomada de decisão em tempo real, e
evitarão manutenções e paradas que causam grande prejuízo para as indústrias.
Com isso, o
setor ganhará produtividade, sustentabilidade, competitividade, segurança de
ativos e de profissionais, e, como consequência, crescimento econômico em um nível
muito acelerado para o País. Segundo um estudo realizado pela Microsoft, a
adoção massiva de Inteligência Artificial pode adicionar um crescimento de 4,2%
ao PIB do Brasil até 2030.
Desafios da
Indústria 5.0 no mercado brasileiro
No entanto,
embora a tecnologia avance rapidamente, o mercado nacional ainda enfrenta
alguns gargalos para avançar com a implementação desses recursos: nos faltam
profissionais especializados, igualdade digital, e fomento a um ecossistema de
inovação.
Na área de TI,
o País ainda tem um déficit anual de 110 mil profissionais, de acordo com dados
da Brasscom, o que atrasa a adoção de tecnologias pelas empresas e,
consequentemente, o desenvolvimento econômico.
A mudança
forçada gerada pela pandemia da Covid-19 fez com que a transformação digital
ganhasse um impulso, além de ter quebrado muitas objeções que as companhias
antes tinham para avançar com a adoção tecnológica, como cibersegurança, falta de
qualificação profissional e mudança cultural. Desta forma, agora a transformação digital não só faz
parte do plano de negócios das corporações, como também de suas ações
estratégicas.
Ainda temos
muitos desafios e um longo caminho a percorrer até termos, de fato, um setor
industrial 5.0. Mas, as tendências apontam para um futuro promissor em que
finalmente passaremos a usar o melhor de nossos recursos: as soft skills
humanas conectadas ao poder da inovação. O futuro é digital, e o digital é
feito de conexões.
Cristiano Bonanno é Regional Technology Manager da Rockwell Automation, empresa multinacional com mais de 100 anos de experiência em tecnologia e inovação.
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