O papel da tecnologia para garantir a manutenção de boas práticas de fabricação de medicamentos no setor farmacêutico
Por Marcio Mizael
A resolução governamental RDC 301, desde o
dia 2 de maio deste ano, foi suplantada pela RDC 658, reforçando pontos de
atenção no processo produtivo das indústrias do setor farmacêutico. Isso porque,
a norma é responsável por estabelecer os requisitos mínimos de boas práticas de
fabricação de medicamentos para toda a indústria.
Em 2019, a RDC já havia sido atualizada,
com a substituição da RDC 17 para a 301, a fim de alinhar a produção nacional
aos requisitos do PIC/S (Pharmaceutical Inspection Co-operation Scheme ou
Esquema de Cooperação de Inspeção Farmacêutica, em português). Esse alinhamento
foi um dos passos para que o Brasil se tornasse membro da entidade, facilitando
assim, a fabricação e a entrada de medicamentos produzidos sob a regulação da
ANVISA em novos mercados.
Apesar de não ter passado por edições
extremas, a nova atualização da RDC reforça uma série de melhores práticas que
as indústrias devem manter. Entre elas está o Sistema de Qualidade Farmacêutica
e a RPP (Revisão Periódica de Produtos), uma importante ferramenta de
qualidade adotada pelas principais autoridades regulatórias do mundo. Ela
avalia todos os atributos dos produtos criticamente e verifica se cada lote
liberado durante um período de 12 meses cumpre com os requisitos do processo
que foi previamente validado e com as especificações registradas. Desta forma,
o objetivo da RPP é manter melhorias contínuas no
processo de fabricação.
No entanto, mesmo com o avanço
tecnológico, ainda hoje, 80% das indústrias realizam no papel todos os seus
registros de lote para posterior auditoria da ANVISA. O levantamento
estatístico e a análise de dados através das informações registradas em papel é
impraticável e muito custosa para os departamentos de qualidade. Por outro
lado, atualmente, já existem no mercado soluções conhecidas como EBR
(Electronic Batch Records), que contribuem cada vez mais para uma indústria paperless,
transferindo todos os processos do papel para o modelo eletrônico. Para se ter
uma ideia, com a tecnologia é possível reduzir 100% do papel para os registros
de lote e databook de equipamentos e utensílios, e até 25% o número de
documentos de validação, segundo dados da Mesa.org.
Possibilidades de inovação para
o para setor farmacêutico
Contando com as vantagens
tecnológicas, as indústrias farmacêuticas conseguem, portanto, se adequar às
melhores práticas do setor e atender as exigências obrigatórias da RDC da
maneira mais eficiente possível, levando para o seu negócio uma série de recursos
benéficos como conectividade, virtualização, administração centralizada,
segurança, diagnósticos, dados ao vivo, alarmes e eventos, manutenção do estado
validado, relatórios analíticos, além de promover a cibersegurança.
Todas essas vantagens proporcionadas
pela tecnologia garantem a manutenção das boas práticas de fabricação de
medicamentos e ainda geram outros diferenciais para as companhias, como: 45% de
redução do tempo de processo; 75% de diminuição do tempo de entrada de dados;
80% de redução nos erros de documentação; 60% de redução no tempo de liberação
de lote, entre outros.
A consequência disso é aumento
da produtividade e apoio a tomada de decisão estratégica para a promoção de
melhorias, além do subsequente aumento da receita, que pode ser convertida em
novos investimentos, promovendo o desenvolvimento não apenas dos negócios, mas
do mercado como um todo.
Marcio Mizael é Consultor da Indústria Sênior da Rockwell Automation, líder global em automação industrial e transformação digital.
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