Regulamentação das criptos deixa o Brasil menos competitivo
Projeto aprovado pode inviabilizar startups,
frear inovação e atrasar o desenvolvimento da criptoeconomia
Apesar de
endurecer a punição à prática de pirâmides financeiras, incentivar o uso de
energia renovável para a mineração de bitcoin e dar mais segurança às empresas
do setor de criptoativos, a proposta de regulamentação das criptomoedas
aprovada no Senado pode inviabilizar as startups nacionais e minar o seu
potencial de inovação.
Lucas
Cardeal, especialista em criptoativos e CEO da Lunes, avalia que aplicar às
startups as mesmas normas das grandes corporações provocará o desaparecimento
de muitas empresas. “A
preocupação com a arrecadação de impostos pode engessar o mercado de criptos e
quebrar pequenas startups, que não terão os recursos necessários para se
adequarem às regras, como as exigências jurídicas e de compliance. As empresas
que estão nascendo precisam de incentivo, mas o projeto dá a elas as mesmas
obrigações legais das grandes corporações”, explica.
Segundo o
especialista, o setor da criptoativos é o mais promissor do mundo e deve
impactar de forma positiva os demais setores da nossa economia. Em 2021,
segundo a Receita Federal, os brasileiros movimentaram R$ 200 bilhões em
criptomoedas, o dobro do ano anterior. “Mas,
ainda assim, o governo não dá ao mercado a importância que ele merece,
praticando altos impostos. Deveríamos ter uma lei que possibilite atrair o
capital estrangeiro e fomentar o desenvolvimento das empresas nacionais, mas
nesse formato que está sendo implementado, provavelmente muitas startups
deixarão de existir porque não conseguirão se adequar”, diz.
Regulamentação contribui para o desenvolvimento
do setor e
dá mais segurança aos
operadores (Foto: Freepik)
Centralização
Outra
preocupação das empresas do setor é a burocratização do Banco Central na
regulação. “Essa
burocracia pode reduzir a chegada de investidores estrangeiros, que se assustam
com a alta carga tributária brasileira. Isso dificulta o desenvolvimento da
economia descentralizada e de ecossistemas de inovação”,
explica.
O impacto
disso se reflete nos demais setores da economia e até na geração de empregos. “Do jeito que a lei está escrita, nossas
empresas deixam de ser competitivas e serão engolidas pelas internacionais. A
obrigatoriedade de compliance equiparado ao dos bancos e de outras grandes
corporações, vai inviabilizar a inovação”, resume.
Acertos
Algo
extremamente positivo para o mercado, segundo o especialista, é o combate às
pirâmides financeiras. “Ao
punir de forma exemplar essa prática criminosa, você contribui para o
desenvolvimento do mercado e dá mais segurança aos investidores”,
comenta.
O simples fato
de regulamentar o mercado também contribui para o desenvolvimento do setor e
para dar mais segurança e tranquilidade aos operadores. “Já tivemos casos de o banco bloquear a
conta bancária de uma empresa, mesmo apresentando todo sistema de compliance.
Isso também acontece com pessoas físicas que atuam no mercado de criptos. A
gente não tinha segurança nenhuma para atuar no mercado. A regulamentação vai
mudar o olhar do mundo corporativo para os criptoativos e isso, com certeza,
vai provocar a injeção de recursos neste mercado”, avalia o
especialista.
Regulamentação no Panamá
No extremo
oposto do Brasil está o Panamá, que regulamentou esse mercado de forma bem mais
abrangente. O país da América Central oferece isenções fiscais para o setor,
permite o uso de criptos como forma de pagamento e até para a quitação de
impostos. Isso possibilita a assinatura de contratos com previsão de pagamentos
em criptomoedas. “Com
estas medidas, o Panamá se posiciona no ranking dos países mais liberais para a
criptoeconomia e deve atrair várias empresas estrangeiras interessadas em fugir
de países onde a regulamentação é mais dura, como o Brasil”,
resume.
Lucas Cardeal, CEO da Lunes e especialista em
criptoeconomia
Sobre a Lunes
A Lunes é
uma empresa brasileira de tecnologia blockchain que surgiu no ano de 2016,
focada em ter um conjunto de soluções utilizando o blockchain próprio, com
produtos e serviços para pessoas e empresas. Por meio deste sistema são
realizados diversos processos de forma descentralizada, como: registros de
autenticidade, criação de tokens e execução de contratos inteligentes.
A empresa é responsável pelo desenvolvimento da moeda Lunes, considerada a
maior criptomoeda da América Latina. Já há 150.728.537 Lunes em circulação
sendo negociados nos 4 cantos do mundo, principalmente na América Latina e em
alguns países da África.
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