Velho golpe do troco é 'reformulado' por criminosos
Especialista em golpes digitais dá dicas
simples de como evitar cair nas armadilhas da web
Na época em que não existiam golpes
digitais, o chamado “golpe do troco” era muito praticado por criminosos. O
golpista entrava em um comércio qualquer, interessava-se por um produto e se
dirigia para pagar pela compra. Se o valor era de 30 reais, por exemplo, na
hora de pagar, o criminoso sacava do bolso várias notas de 100 reais, mas
acabava entregando ao caixa uma nota de 2 reais. Iludida de que havia recebido
os 100 reais, a atendente devolvia o troco de 70 reais, ou seja, o golpista
ganhava a diferença, no caso, 68 reais.
Essa versão antiga foi substituída por
um novo golpe do troco. Segundo Francisco Gomes Júnior, especialista em direito
digital e presidente da ADDP (Associação de Defesa dos Dados Pessoais e
Consumidor), agora promete-se troco em dobro na compra on-line. “Ele tem um
mecanismo bastante simples, para atrair o comprador on-line, um site falso faz
anúncios (pop ups)
dizendo que na primeira compra devolve o que você gastou em dobro para que se
torne cliente. Ou seja, você gasta 100 reais e receberá 200 reais em troco ou
crédito logo após a confirmação do pagamento. A vítima então faz compra,
transfere os 100 reais e nunca receberá nem o produto comprado e muito menos o
troco. De quebra, ainda fornecerá dados pessoais para os golpistas ao preencher
o cadastro da compra”.
Ainda segundo o especialista, parece
inesgotável a capacidade dos bandidos em criarem semana após semana novos
golpes. “E sempre se utilizando de ferramentas digitais, como, por exemplo,
site de vendas com preços atrativos e ainda com a promessa de crédito em dobro
em relação ao valor gasto. Muitas pessoas acabam caindo nesses golpes,
esquecendo-se que não há mágica no preço das coisas e todas as promoções muito
vantajosas devem ser checadas com cuidado, pois podem esconder uma fraude. ”
Segundo dados das Secretarias de
Segurança Pública Estaduais, o país teve mais de 4 milhões de golpes
registrados em 2021, estimando-se que o número real possa ser próximo ao dobro
do informado. Apesar de dicas de segurança que constantemente são dadas por
instituições públicas, bancos e comércio, a tendência de alta se mantém,
portanto, todo cuidado é pouco.
“O elemento fundamental do golpe é o
impulso. Ao ver uma oferta vantajosa e por tempo limitado, muito ficam tentados
a rapidamente comprar, sem nenhuma checagem. E imagine o entusiasmo diante da
promessa de que você vai receber em dobro o que gastou. Damos dicas todos os
dias e os golpes continuam acontecendo, então acho que podemos sintetizá-las em
uma única dica: contenha seu impulso (não clique em links por impulso, não
compre por impulso, não forneça dados por impulso). Agindo assim seu risco
diminuirá muito.Outra dica importante é que, antes de qualquer compra, é
preciso fazer uma checagem sobre a reputação do vendedor, caso se trate de um
site, verificar se o endereço é o correto, se há cadeado de segurança e se há
relatos de outros consumidores que já compraram nesse endereço eletrônico. ”,
finaliza Gomes Júnior.
Francisco Gomes Júnior - Sócio da OGF Advogados. Presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). Autor do livro Justiça Sem Limites. Instagram: https://www.instagram.com/franciscogomesadv/
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