Você líder, aceita feedback de seus colaboradores?
*Por Regina Campilongo
Empatia, Escuta e Atenção Plena. Essas
são as três principais habilidades que devemos utilizar em um processo de
feedback humanizado e respeitoso. A cultura fundamentada no feedback é uma das
melhores formas de construir parcerias e se conectar com a equipe. E a melhor
forma de criar um ambiente que conecte os participantes do processo às suas
habilidades é liderar dando o exemplo e gerar segurança para que cada membro se
sinta acolhido e não tenha medo de falar o que quer. Gosto muito de oferecer o
feedback e no final perguntar: o que você aprendeu com isso? Esta é uma forma
adequada para criarmos um canal de comunicação aberto e a prática leva ao
aperfeiçoamento.
O feedback ajuda o líder a
ter condições de avaliar o seu desempenho e buscar soluções para aprimorá-lo.
Mas nem todas as empresas adotaram essa prática: 23% das companhias pesquisadas no Brasil
não utilizam feedback. Globalmente, o índice fica em 19% e há países, como o
Japão, onde 39% não adotam a prática. Mais de 70% dos brasileiros sentem que podem
ter uma conversa aberta com seus gestores durante a avaliação de desempenho,
contra 68% da média global (dados da Randstad/2019).
Empresas que implantaram e seguem os
métodos ágeis na prática criam uma cultura baseada no feedback. Por seguirem os
rituais ágeis, como fazer reuniões de planejamento, reuniões diárias, reuniões
de revisão e de retrospectiva, incentivam a descoberta cedo dos erros, gastando
menos e demandando menos esforços.
Nas empresas que focam na inovação,
observamos uma mudança no processo de feedback, que deixa de ser oferecido com
uma periodicidade definida, formalmente e somente na direção do líder para a
equipe, migrando para um modelo informal, oferecido frente a um evento e entre
os participantes de uma SQUAD (equipe formada por especialistas) e seus pares.
Empresas como Amazon, Google, Nubank, NTT Data e Sinquia já praticam o modelo.
Estou preparado para receber feedback?
A pressão crescente por resultado -
agora não mais o resultado a qualquer custo e sim o resultado sustentável por
meio da motivação, do engajamento e do comprometimento - desafia o líder a
olhar para a sua equipe e, em conjunto, cocriar, inovar e influenciar
positivamente.
A pergunta é: será que estou preparado
para receber feedback? Mesmo antes de iniciar a carreira e durante toda a minha
trajetória, não fui preparada para receber feedback. Lembro dos meus pais
dizendo que no dia que eu me tornasse "chefe" poderia fazer as coisas
do meu jeito. Receber feedback é um desafio. Nunca fui treinada para tal e, até
bem pouco tempo, ele gerava uma dor profunda, motivada pelo pensamento:
"Nossa, fiz tanto para chegar até aqui e agora tenho que ouvir isso?”.
Seja para reforçar que estou no caminho
certo ou para corrigir uma rota, o feedback definitivamente serve para melhorar
a minha performance e gerar oportunidades de inovação. E então, resolvi
refletir sobre os meus próprios erros e experimentar novas alternativas para
encontrar outros resultados. Decidi lidar com o meu desconforto e
identificar porque ouvir o que o outro diz era tão doloroso. Descobri que o
principal motivo era a "pessoalidade" e com esta descoberta fui
explorar soluções e colocar em prática o meu aprendizado, com o objetivo de
escutar, me afastar, observar, processar e corrigir o rumo daquilo que fizesse
sentido para mim.
Como, então, preparar-se para receber um
feedback corretivo?
1) Quando receber o feedback, busque
exemplos concretos. Pergunte: o que você me viu fazendo ou falando que o levou
a esta conclusão?
2) Valide outros pontos de vista.
Exemplo: em sua opinião, como foi o meu desempenho durante a interação com o
cliente?
3) Certifique-se de que as pessoas que o
cercam estão confortáveis em oferecer-lhe um feedback genuíno. Não é porque não
lhe oferecem feedback que você não tenha o que melhorar. Pode ser que tenham
medo de compartilhar o que veem e ouvem.
4) Crie um ambiente seguro, onde sem
ofensas ou "pessoalidade", os membros de uma equipe possam dar e
receber feedback naturalmente.
5) Se faça perguntas:
. De qual forma me planejo para oferecer
um feedback?
. Qual o tipo de feedback que me deixa
mais desconfortável?
Com qual feedback eu mais me conectei e gerou uma mudança em mim? Qual era a
característica que ele tinha?
. O que fizemos bem-feito? O que podemos
melhorar?
Criamos um ambiente seguro por meio do
exemplo e praticando aquilo que falamos, então seja o primeiro a incentivar o
feedback. Por último, lide com os seus medos e inseguranças de forma sincera.
Valide o pensamento e o sentimento que o levam a lutar contra o que ouviu e de
que forma pode ser mais confortável receber o próximo feedback. Compartilhe a
sua descoberta. Exemplo: comunique a equipe que feedbacks corretivos devem ser
oferecidos de forma privada. Que todos os feedbacks devem ser acompanhados por
exemplos tangíveis e que, após um tempo de reflexão ou pesquisa, você se
comprometerá com um plano de ação. E siga em frente.
Ferramentas para
controle e acompanhamento de projetos que permitem o cadastro do feedback em
tempo real: Qulturerocks, Runrunit, Trello e Slack.
Regina Campilongo -- Sócia fundadora da Moving Forward – Heads, professora, designer e facilitadora de programas de treinamentos comportamentais organizacionais, mentora estratégica ágil, conselheira Trends Innovation, Master IE.
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