A seleção natural da Tecnologia da Informação
"Não é possível esperar o resultado para
performar, isso deve acontecer durante todo o processo"
A tecnologia se tornou tão democrática e
convergente a tudo o que fazemos que, atualmente, é impossível pensar no dia a
dia sem essa alavanca de desenvolvimento. Por isso, acredito que ter escuta
ativa e ser, de fato, business
partner de uma empresa é fator primordial para qualquer liderança.
E sim, a tecnologia virou commodity mesmo sabendo que
ainda existem muitos degraus para subirmos. Sem dúvidas, é apaixonante
trabalhar para transpor, cada vez mais, as barreiras que ainda possam existir
para que a tecnologia exerça, de fato, seu papel transformador em muitos
setores. Temos como bom exemplo os dados da McKinsey, que apresentam a
construção civil com uma das indústrias mais carentes em termos de
digitalização no Brasil. Fato esse que a tecnologia não só pode, mas tem o
dever de resolver.
Eu acredito e vou além, seguindo a
inspiração de Walt Disney “Eu gosto do impossível, porque lá a concorrência é
menor”. É disso que se trata quando utilizamos as estruturas tecnológicas para
criar grandes transformações, inclusive na vida profissional.
Afinal, todos nós somos completamente
inundados por tecnologia e é necessário trazer esse engajamento, tão presente
na vida pessoal, para a aplicação na criação, manutenção e inovação das
tecnologias dentro da própria trajetória corporativa.
Constantemente, profissões se formam
enquanto outras desaparecem, ou se adaptam conforme as novas demandas.
Considero a área da Tecnologia da Informação (TI) uma das mais afetadas pelo
constante desenvolvimento tecnológico. Pode até parecer um contrassenso, mas em
TI nós trabalhamos, diariamente, para ficarmos obsoletos. E o que isso
significa na prática?
Bem, o que aprendemos no início dos
cursos profissionalizantes, das faculdades e universidades, provavelmente já
será considerado ultrapassado na metade da formação. Isto gera uma grande
ansiedade, e até insegurança, afinal, a busca por se manter atualizado é
incessante.
Mas quando penso na profissão,
compreendo que temos nas mãos o poder de usar a tecnologia para resolver
questões reais da humanidade. E como diria um famoso ditado geek: “com grandes
poderes vêm grandes responsabilidades".
O mercado já percebeu essa importância e
investe cada vez mais nesses “up grades” de conhecimento para os profissionais
e estudantes dispostos a estar sempre a frente. Um estudo da IDC, empresa de
pesquisa, análise e consultoria do setor de TIC (Tecnologia da Informação e
Comunicação), mostra o investimento crescente no segmento. Na América Latina, a
alta foi de 8,5% em 2021 e a estimativa é de um aumento de 9,4% neste ano,
considerando apenas o mercado corporativo. Mas temos que ir além dos números e
observar nossa real relação com a sociedade.
Os profissionais de TI precisam mudar o
modelo mental para uma área mais estratégica, não existem mais Bits e Bytes. O que há agora são
serviços, tornamo-nos, de fato, consultores de negócios. E a respeito disso,
aproveito para ressignificar a famosa frase “a sorte favorece os corajosos”. Na
verdade, aqueles que têm coragem vão lá e fazem, não é (apenas) sorte.
É nosso dever estar atento aos
acontecimentos e manter o desenvolvimento contínuo, independente do momento da
empresa ou do mundo. Não existe a época ideal, estamos sempre em transformação,
não podemos contar com o melhor equipamento, a infraestrutura perfeita ou uma
arquitetura 100% resolvida para evoluirmos.
O que chamamos de “transformação
digital” está em constante evolução e, por isso, deve ser o meio e não o fim.
Temos que colocar em prática enquanto estamos desenvolvendo e nos modificarmos
juntos neste processo.
Convido aqui a uma reflexão: por que há
sempre novos usuários muito mais modernos do que nós? Por que estas pessoas têm
dispositivos e tempo para buscar soluções que não conhecemos? Porque elas se
arriscam, sem medo de errar. Isolar a “TI pessoal” da “TI corporativa” já não é
mais possível, muito menos viável. O melhor é abraçarmos os dois mundos e
sermos os catalisadores dessa transformação.
* Alexandre Quinze é o co-founder e CEO da TruTec. Formado em Engenharia pela Universidade de São Paulo (USP), com especializações em Supply Chain, na Universidade da Califórnia, em Inovação Tecnológica, na Universidade Estadual de Campinas, e MBA em Administração, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), instituição na qual é professor há mais de 11 anos. Possui sólida experiência, com mais de 30 anos, em empresas nacionais e internacionais de grande porte, como Philips, Rimini Street, PwC Brasil, CBMM e Flextronics Internacional.
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