Últimas

Aceleradora de startups é inaugurada em São Caetano do Sul

Inicialmente, 11 startups já fazem parte da aceleradora, que ainda deve receber mais duas seleções até o final do ano. Iniciativa busca incentivar o surgimento de negócios inovadores

Foto: Demétrius Moura

Apesar de ter melhorado o desempenho nos últimos anos, o Brasil ainda continua com desempenho abaixo do esperado no ranking de inovação. Segundo o Índice Global de Inovação (IGI), publicado no ano passado, o país está na 57ª posição no ranking composto por 132 países e subiu cinco posições em comparação com 2020. Porém, o Brasil ainda ocupa o 4º lugar entre os países da América Latina (atrás de Chile, México e Costa Rica) e é penúltimo em relação ao BRICS, grupo dos países emergentes, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

 

Apesar desse cenário adverso, as startups, empresas emergentes que buscam a inovação por meio de novos modelos de negócios, têm crescido nos últimos anos. Em 2021, mesmo com a pandemia da Covid-19, mais de 1.400 empresas emergentes foram abertas em mais de 700 cidades. Os dados da Associação Brasileira de Startups ainda apontam um crescimento de 207% do número de startups criadas entre 2015 e 2019. Hoje, são mais de 14.065 empresas desse modelo em todo o País.

 

Uma iniciativa recente que pretende aumentar ainda mais o número de empresas abertas é a formação de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), a Biosphere, pensada para atuar em diversas universidades brasileiras. Formada para agir como aceleradora (investidora financeira) no meio universitário, a iniciativa conta com a participação do Sebrae, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e da plataforma de permutas multilaterais XporY.com.

 

A Biosphere é formada pela aceleradora Ozonean; pela empresa especialista em captação de recursos e contato com universidades ED6; e pela plataforma de permutas multilaterais XporY.com (ferramenta do Sebrae). De acordo com um dos idealizadores do projeto e sócio-fundador da XporY.com, Rafael Barbosa, a plataforma de permutas será responsável por implementar a moeda no ecossistema.

 

Com isso, os negócios iniciais feitos dentro da SPE serão movimentados por meio do X$, moeda digital usada para fazer as permutas. “A prática do escambo sempre foi uma importante ferramenta para movimentar a economia, principalmente para aqueles que estão começando, pois ele permite fazer os primeiros investimentos sem necessitar, no primeiro momento, de dinheiro”, destaca Barbosa.

 

As startups selecionadas vão receber investimentos por meio da moeda da XporY.com para que tenham condições de estruturar inicialmente os negócios e arcar com algumas despesas importantes para o início do trabalho, como contratar contador, marketing, entre outros serviços. Por meio da plataforma, qualquer empresa ou profissional liberal pode se cadastrar e disponibilizar a oferta para outros membros.

 

“Após concluir uma transação, o permutante recebe créditos em X$, que permitirá adquirir qualquer outra oferta disponível dentro da plataforma. Dessa forma, conseguimos movimentar negócios ociosos e, assim, auxiliar as empresas”, explica Barbosa sobre as permutas multilaterais.

 

A empresária Vanessa Brick pretende usar a XporY.com como alternativa para encontrar serviços mais acessíveis, como edição de vídeos. Ela e mais dois sócios estão à frente da Starways Care, startup que tem como objetivo proporcionar um tour turístico virtual para vários destinos pelo mundo, proporcionando experiências sensoriais, cognitivas e físicas para os interessados. “A ideia foi pensada inicialmente para os idosos que desejam fazer viagens, mas que têm medo de fazer essa aventura sozinhos. A ideia surgiu durante a pandemia, quando havia restrições de viagens. Porém, percebemos que essa é a realidade de muitos idosos, até mesmo em momentos anteriores da pandemia, e idealizamos isso para atender esse grupo”, detalha Vanessa.

 

Ela ainda destaca que espera que a experiência com a aceleradora possa proporcionar à empresa conhecimentos de mercado e tecnológicos para errar menos. “Mesmo se algo der errado, sairemos com o aprendizado que proporcionará mudanças na forma de pensar o negócio”, completa.

 

Aceleradora

 

Segundo o CEO da Biosphere, Demétrius Moura, a iniciativa busca proporcionar que as startups contribuam para um desenvolvimento mais acelerado da região e fortalecer o surgimento de negócios inovadores. “Este é o primeiro hub de inovação da região e a instalação foi precedida por diversas conversas entre agências de fomento, universidade, empresas e instituições que estarão diretamente envolvidas com essa iniciativa. O hub é totalmente integrado e vai dar condições para que as 11 startups selecionadas para este ciclo evoluam”, destaca.

 

Uma das startups selecionadas é a Recruta Imob, instituição voltada para auxiliar empresas do setor imobiliário e da construção civil a encontrarem bons perfis de profissionais. “Começamos em abril do ano passado e tivemos um crescimento rápido, fechando 12 contratos nos quatro primeiros meses. Com a aceleradora, teremos condições de crescer de maneira ainda mais sólida”, destaca a co-fundadora Carolyne Polydoro.

 

Carolyne destaca que, atualmente, a equipe conta com quatro pessoas e soube da iniciativa da Biosphere por meio de um colega. “Ele nos mostrou essa iniciativa e disse que o nosso projeto poderia se encaixar na aceleradora. Com duas semanas, já tivemos uma boa evolução, já que conseguimos agilizar nossos processos por meio de sistemas digitais que antes eram feitos manualmente, sem deixar de ser humanizado”, detalha Carolyne, que iniciou o projeto com a sócia Thaís Vitorino.

 

As instituições selecionadas para o primeiro ciclo da Biosphere devem permanecer na aceleradora de seis meses a um ano e fazem parte dos ramos de Indústria Criativa, Saúde e Indústria 4.0. “Além da infraestrutura física de coworking, o programa de aceleração contará com um modelo que promove a interação entre grupos de pesquisadores. Também terão à disposição um programa de pesquisa de captação de recursos de públicos de fomento à inovação”, explica Demétrius. Ele ainda reforça que devem ocorrer mais dois ciclos de seleção de startups até o final do ano. O espaço físico tem capacidade para atender até 60 empresas de inovação.

Nenhum comentário