Como implantar ações ESG de meio ambiente
Fabiane Zani e Rodrigo Salerno, do
SAZ Advogados,
explicam que o foco na sustentabilidade deve ser parte da estratégia das
empresas
O índice ESG (Environmental,
Social and Governance) se baseia em um tripé que parte de ações de órgãos
privados em prol da preservação ambiental, sociedade e gestão. Grande parte das
empresas que decidem assumir a sigla focam na letra E (Meio Ambiente), ou seja,
projetos voltados à sustentabilidade. Isso não poderia ser diferente, visto que
essa é uma preocupação contemporânea e urgente. Investir em projetos ambientais
neste contexto deve ir além de ações pontuais.
Nesta segunda reportagem da Série Negócios Sustentáveis,
em celebração ao Dia
Mundial do Meio Ambiente (comemorado no próximo domingo, 5 de
junho), os sócios do escritório SAZ
Advogados, Fabiana
Zani e Rodrigo
Salerno, explicam as formas de implantação iniciativas ambientais
que impactam não apenas a imagem da empresa, como seu futuro no mercado e, em
algumas situações, o destino da comunidade em que está inserida.
"Há alguns anos, todos
queriam entender melhor o compliance,
investir em empresas em conformidade com as leis anticorrupção e regulamentos
éticos. Isso não mudou, mas o ESG ganhou força nos últimos tempos como uma nova
camada de complexidade nesta relação com a sociedade, garantindo aos parceiros
e consumidores um diferencial que vai além de regras sociais morais, que
abrange também a responsabilidade sobre o desenvolvimento sustentável.
Portanto, deve ser encarado como uma estratégia da empresa", relatou Fabiana Zani.
O ESG, em português ASG (Ambiente,
Sociedade e Governança), faz parte do
Pacto Global proposto pela ONU (Organização das Nações Unidas)
ao setor privado. "É uma proposta muito presente no mundo dos
investimentos financeiros e em grandes empresas. Mas que pode ser perfeitamente
ajustável a qualquer negócio e que pode trazer diversos benefícios,
especialmente a longo prazo", pontuou a advogada.
Uma pesquisa global da EY com
investidores internacionais estima que 90% dos grandes gestores afirmam
considerar as diretrizes ESG nas tomadas de decisão". Entretanto, um dos
problemas relatados pelos CEOs é ter informações claras sobre as iniciativas.
Menos de 20% das empresas listadas não possuem metas ambientais claras.
Isso tende a mudar com o
desenvolvimento de padrões e protocolos que estão sendo propostos por diversas
organizações, como as do Fórum Econômico Mundial. Em relação ao meio ambiente,
na categoria Planeta, o documento define que é preciso que as empresas
considerem o quanto seus negócios afetam três aspectos: mudanças climáticas
(relatório de emissão de carbono e gerenciamento de risco), perda de natureza
(uso da terra, espécies afetadas) e disponibilidade de água fresca (consumo de
água).
Conforme explica Salerno, quando se
fala de ESG, a sustentabilidade precisa ser parte integral da empresa.
"Nenhuma estratégia se faz com projetos pontuais. Eles precisam estar
inseridos na cultura organizacional e planejamento de longo prazo do negócio.
Na questão ambiental, é preciso compreender o impacto da empresa em recursos
naturais, na emissão de gases e na produção de resíduos. A partir deste ponto,
é possível assumir responsabilidades e criar soluções para mitigar esses
efeitos. Com isso, fica claro que não existe uma única fórmula. Cada negócio,
com seu segmento, seus recursos tecnológicos e mercado, possui metas e uma ação
que deve estar coordenada aos objetivos".
O advogado ainda esclarece que,
diferentemente do compliance,
ainda não existem leis no Brasil que estabelecem critérios de ESG. Entretanto,
temos disponíveis diversas legislações que precisam ser respeitadas, como a
Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei de Crimes Ambientais, a Política Nacional sobre Mudança Climática e
a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais. Elas regulam o setor,
além de poderem ser portas para o acesso a benefícios públicos, como
empréstimos e contratos.
"Implantar ESG passa pelo
cumprimento da legislação, bem como a valorização das relações de trabalho;
atenção à escolha de fornecedores e parceiros, assim como aos contratos com os
mesmos; regras de acompanhamento da cadeia produtiva; cuidado com fusões e
aquisições; respeito aos direitos humanos e ambientais. Tudo deve convergir com
a política estratégica da empresa. Quem hoje já está preocupado com isso, é
capaz de sentir diferença na qualidade das relações interpessoais internas e
externas, como na mudança do perfil de consumidor, muito mais engajado com a
marca", afirmou o advogado.
Consumidores
conscientes - Outra pesquisa da EY é sobre o
perfil do consumo pós-pandemia. Com uma diminuição do poder aquisitivo geral,
os consumidores que participaram da coleta de dados da EY Future Consumer Index
disseram estar planejando reforçar seu consumo, entretanto, trocar para
alternativas mais baratas e comprar menos itens não essenciais.
Além disso, 34% dos entrevistados
disseram que estão comprando menos bens físicos porque não precisam deles; 30%
afirmaram que comprarão mais produtos usados e 47% apenas o essencial. Sobre os
impactos de seu consumo, 56% dizem que pretendem prestar mais atenção ao tema ambiental
e 52% prestarão mais cuidado ao social.
Com isso, a tendência é um
consumidor mais criterioso e que busca reforçar seus valores pessoais por meio
do consumo.
Foi observando o mercado e as
perspectivas do setor que a ABRE (Associação Brasileira de Embalagem), de São
Paulo, teve como tema do seu fórum deste ano a sustentabilidade. O evento
abordou assuntos como inovação e tecnologia, bem como o conceito de Positive
Packaging. "É interessante perceber que há muitos negócios que podem ser
desenvolvidos a partir de uma visão sustentável. Entre eles está o apoio,
parceria ou o próprio desenvolvimento de startups
de tecnologia capazes de criar soluções ambientalmente conscientes
para diversos setores", pontuou Fabiana.
Ações ambientais de
empresas - Com a clareza dos próprios impactos
ambientais é possível criar estratégias ESG. Entre elas:
● Projetos
de melhor utilização dos recursos naturais (aproveitamento de luz natural, água
da chuva, energia solar, ambientes arejados que não precisem de ar condicionado);
● Gestão
de resíduos (compostagem, diminuição de descartáveis, logística reversa,
reciclagem);
● Carbono
zero/neutro (filtragem e outras tecnologias de redução de poluentes, diminuição
de emissão de gases do efeito estufa, plantio e preservação de árvores,
florestas e espaços verdes);
● Preservação da
biodiversidade (plantio e preservação de árvores e florestas, criação e
manutenção de espaços verdes com flora nativa).
A ambição do ESG é proteger o
planeta da degradação, incluindo nesta perspectiva o consumo e a produção
sustentável, de forma a garantir os recursos para a presente e as futuras
gerações.
Texto anterior:
Série Negócios Sustentáveis:
Entenda a importância do ESG e OSD nas empresas
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Série Negócios Sustentáveis: Onde
encaixar o Social na implantação do ESG?
Série Negócios Sustentáveis:
Compromisso com ESG passa pela Governança
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