Desconstruindo o preconceito através da diversidade LGBTQI
Psicanalista afirma que o importante é ser
livre para ser quem você quiser
No dia 28 de junho comemoramos o Dia
Internacional do Orgulho LGBTI. No entanto, ainda nos deparamos com uma triste
verdade sobre a intolerância: a grande maioria das pessoas, ou não percebem que
são intolerantes ou estão convencidos de que a intolerância está perfeitamente
justificada.
Diante deste infeliz cenário, em pleno
século XXI, encontramos a homossexualidade como um tema sensível cercado por
julgamentos morais e preconceitos, quando é, na verdade apenas uma
característica da personalidade humana. Ou seja, é preciso reafirmarmos o
compromisso com a diversidade e o respeito a todas as pessoas, independente de
sua orientação sexual e identidade de gênero.
A luta pelo respeito à diversidade
sexual e, principalmente contra o preconceito e às agressões que acompanham a
intolerância, também esbarra no entendimento correto do conceito do
Homossexualismo e da Homossexualidade. Pois, entende-se que a orientação sexual
é apenas mais uma característica de um sujeito, dentro da expressão de sua
sexualidade, que é subjetiva e única. Ela engloba tudo aquilo que a pessoa é
capaz de construir em relação ao amor, ao carinho e ao sexo, e não o que o
outro acredita ou quer dela.
Nenhum indivíduo é igual ao outro, e
isso inclui também pensar em sua orientação sexual.
Por isso, é importante entender que é
mais adequado utilizar o termo “homossexualidade” em vez de “homossexualismo”
para definir a orientação sexual das pessoas que sentem atração ou mantêm
relações amorosas ou sexuais com pessoas do próprio sexo. O primeiro termo
descreve essa condição de forma neutra, enquanto o segundo, equivocadamente,
tem uma forte carga pejorativa ligada à crença de que a orientação homossexual
seria uma doença, uma ideologia ou um movimento político ao qual as pessoas
aderem de maneira voluntária.
Isto porque, somente em 1995, que o
“homossexualismo” deixou de ser considerado um distúrbio psicossocial e,
consequentemente, não consta mais no CID (Classificação Internacional de
Doenças), sendo substituído o sufixo “ismo” pelo sufixo “dade”, que passou a
significar “modo de ser”. Portanto, afirmamos que a homossexualidade não
constitui doença, nem distúrbio e nem perversão; reflete uma ideia de comportamento,
ou modo de ser de alguém.
A questão é que, à medida que o mundo
todo caminha para compreender que homossexualismo e homossexualidade são termos
similares, mas que na prática, são extremamente diferentes, a linguagem
cotidiana ainda apresenta o uso do termo pejorativo e patológico
“homossexualismo”. Mas o que deve ser realmente levado em conta é que existe
sim uma doença relacionada à homossexualidade: a tão famigerada homofobia.
Conclusão, a homossexualidade não é uma
doença e nem um transtorno psicológico, e por este motivo, não existe razão em
dispensar qualquer tratamento diferenciado aos mesmos, devendo todos nós
dispensarmos tratamento igual, bem como os mesmos direitos e garantias que são
dados a sociedade como um todo.
Homossexualidade não é algo que possa
ser “curada” com medicamentos. Muito pelo contrário, é algo natural. Não há
qualquer problema ou desvio nisso. A mudança do conceito “Homossexualismo” para
“Homossexualidade” reforça a ideia de que ser lésbica, gay, bissexual,
transexual, queer ou intersexual (LGBTQI), não é doença. É apenas uma expressão
da sua sexualidade. Uma pequena parte de quem se é. O importante é ser livre
para ser quem você quiser. E se o preconceito, a intolerância e a discriminação
são doenças da nossa sociedade, não podemos esquecer que a sociedade somos
nós.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
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