Entenda a importância das especificações para os lubrificantes automotivos e saiba como identificá-las
Por Marcelo Martini
À medida que os motores se desenvolvem tecnologicamente,
principalmente pela necessidade de redução de tamanho, peso, consumo de
combustível e, por consequência, a emissão de poluentes, os lubrificantes automotivos
também precisam acompanhar essa evolução.
Diante deste avanço, as especificações assumem papel
essencial para a saúde dos veículos e são projetadas, especialmente, para
fornecer proteção reforçada contra oxidação e envelhecimento do óleo, perda de
viscosidade devido a cisalhamento e aeração, bem como proteção contra desgaste
do motor, depósitos de borras, degradação de propriedades à baixa e alta
temperatura e, ainda, aumento de viscosidade relacionado à fuligem.
Estas especificações são determinadas, normalmente, pelos
fabricantes dos veículos, com objetivo de atender exigências ambientais e de
desempenho do motor, e incluem testes de laboratório das montadoras. Mas, como
o mercado automotriz brasileiro é bastante diversificado e conta com um volume
elevado de montadoras, a quantidade de especificações utilizadas no país também
é variada.
Desta forma, as diferenças entre cada uma das normas estão
relacionadas às exigências de cada montadora para que os lubrificantes
automotivos atendam as especificações de viscosidade, lubrificação das partes
móveis do motor, proteção contra corrosão, redução da temperatura de trabalho,
e vedação da passagem de possíveis gases decorrentes do processo de combustão
do motor.
As principais especificações para lubrificantes automotivos
Atualmente, o mercado brasileiro utiliza, principalmente, as
especificações regulamentas pela API (Instituto de Petróleo Americano), ACEA
(Associação de Fabricantes de Automóveis Europeus) e ILSAC (Comitê
Internacional de Padronização e Aprovação de Lubrificantes), este formado por
americanos e japoneses. Embora o primeiro conte com um reconhecimento maior
entre mecânicos e aplicadores, isso não significa que seja melhor que as
demais, uma vez que cada uma conta com características próprias.
Para a norma americana API, o desempenho é classificado por
duas letras, sendo a primeira letra um indicativo do tipo de combustível e a
segunda do nível de desempenho do automóvel. Para os veículos à combustão
interna, através de velas, os lubrificantes devem contar com a letra “S”. Já os
veículos comerciais, com a letra “C”. Alguns exemplos são os lubrificantes com
API SP (veículos de passeio) ou API CI-4 (veículos comerciais).
Já na norma europeia, a ACEA, encontramos algumas
classificações como as letras A para veículos à gasolina, a letra B e C para
veículos a diesel e a letra E para veículos comerciais. Alguns exemplos de
especificações são a ACEA A3/B4 ou ACEA E7.
Quanto a asiática e americana, a especificação é sempre
apresentada como ILSAC, seguida das letras GF e acompanhadas por um número,
sendo este em ordem crescente e quanto maior o valor, mais moderno e
tecnológico é o lubrificante. Um dos exemplos é ILSAC GF-6.
Diante deste contexto, é importante ressaltar que o ideal é
utilizar, sempre, o lubrificante automotivo indicado pelo fabricante do seu
veículo e respeitar o prazo de troca para evitar quaisquer problemas. Além
disto, cabe destacar que um lubrificante de boa qualidade com homologações ou
aprovações nas montadoras tem um melhor desempenho na maioria das vezes, uma
vez que, estas homologações, são ainda mais severas que as especificações API,
ILSAC ou ACEA. Neste sentido, durante as trocas de óleo, o manual do veículo é
sempre a melhor maneira de escolher corretamente o lubrificante.
Dada a importância da utilização de óleos de qualidade e o
papel desempenhado por estas especificações, todos os fabricantes registrados e
fiscalizados pela ANP (Agencia Nacional de Petróleo), que regula o setor de
lubrificantes, são obrigados a colocar no rótulo ou contrarrótulo as
especificações existentes no produto para que o proprietário do automóvel
consiga identifica-las ao comprar ou utilizar os lubrificantes.
Entretanto, mesmo que atualmente o consumidor seja mais
exigente e a internet uma grande aliada para compreender melhor a relevância
destas especificações, é importante que o mecânico, ou a oficina de confiança,
desempenhem seu papel fundamental esclarecendo a importância destas normas aos
proprietários, e contribuindo, desta forma, para o constante desenvolvimento e
melhora da qualidade dos lubrificantes automotivos no mercado.
Marcelo Martini é Gerente de Vendas do Aftermarket da FUCHS, maior fabricante independente de lubrificantes e produtos relacionados do mundo.
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