Mitos e verdades do recrutamento internacional
Por Thomas Jay
Brasil, junho de 2022 – Buscar recolocação em um país estrangeiro é um dos maiores desafios da vida pessoal e profissional. Muito embora esta opção venha crescendo por aqui – em 2020, o número de brasileiros vivendo no exterior era de 4,2 milhões, aumento de 36% em uma década, segundo o Itamaraty – a decisão ainda é cercada por mitos, verdades e meias-verdades. Este artigo se destina a esclarecer alguns deles:
Preciso
dominar o idioma estrangeiro
EM
TERMOS
Se
você está em busca de um trabalho menos qualificado e com baixa remuneração,
como na construção civil, limpeza doméstica, balconista e garçom, por exemplo,
o conhecimento intermediário do idioma estrangeiro é suficiente. Agora, se você
deseja se aperfeiçoar na carreira, aumentar seus rendimentos e se tornar um
profissional diferenciado, o domínio do idioma é fundamental.
Sem
ele, você sequer tem condições de enfrentar a entrevista de emprego numa
empresa conceituada; tanto é que algumas delas, quando procuram profissionais
no Brasil por intermédio de agências de recrutamento, impõem a prova de
proficiência como uma das exigências. Vale lembrar que sempre é possível buscar
recolocação em países que falam o mesmo idioma natal, como Portugal, no caso
dos brasileiros.
Dá
para conseguir um emprego sem visto de trabalho
MITO
Novamente,
a questão da qualificação do trabalho que você procura se impõe. É possível que
uma vaga de emprego informal – portanto, sem benefícios ou qualquer tipo de
proteção – aceite ou até prefira um imigrante ilegal para fugir das próprias
obrigações trabalhistas. Deixando de lado estes casos, qualquer empresa que vá
de fato contribuir para sua carreira exige que você esteja legalmente no país.
O visto de entrada e a autorização para trabalhar representam uma segurança
para o próprio empregador, mas principalmente para você, que terá as coberturas
legais e a liberdade de ir e vir para realizar seu trabalho.
Preciso
validar o diploma para trabalhar no exterior
EM
TERMOS
A
revalidação do diploma de graduação depende muito do país e da profissão do
candidato. Na Europa, profissionais de áreas como administração, comunicação e
educação podem requerer apenas a equivalência do diploma, pois, via de regra,
são atividades regulamentadas e com qualificações semelhantes. Já para
profissionais da saúde, advogados e pilotos, para citar alguns exemplos, há
exigência de revalidação e registro no órgão ou sindicato representativos.
No
caso do Mercosul, um acordo assinado no início de 2021 faz com que o diploma
concedido pelos países-membros (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e
associados (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname) tenha
validade em todo o bloco.
Experiência
internacional aumenta minha chance de conseguir emprego
VERDADE
Os
recrutadores veem com bons olhos o currículo de candidatos que tenham
trabalhado fora do país. Entre os muitos diferenciais levados em conta estão o
aperfeiçoamento técnico dentro da profissão, o domínio de uma língua
estrangeira, a capacidade de trabalhar com pessoas diferentes e de tomar
decisões sob pressão, entre outras habilidades técnicas e comportamentais. Além
da preferência pela vaga, essas habilidades podem ajudam quando surgir a
oportunidade de promoção.
Vou
ganhar mais trabalhando fora do país
VERDADE
Dólar,
euro e libras são moedas mais fortes que o real brasileiro na base de 5 para 1.
Só por essa comparação, é possível estimar a vantagem. Além disso, economias
mais desenvolvidas tendem a remunerar melhor a força de trabalho. Segundo
levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
o salário mínimo de países como Austrália, Luxemburgo, França e Alemanha são
cerca de seis vezes mais altos que o do Brasil.
Porém,
é importante atentar para alguns fatores. Em primeiro lugar, dificilmente você
vai ingressar no topo da carreira na empresa estrangeira. Em segundo, você pode
ganhar em dólar ou euro, mas também terá que pagar suas despesas do dia-a-dia,
como aluguel, alimentação e transporte, nessas moedas. Por último, procure saber
com antecedência o salário oferecido pela empresa quando concorrer a uma vaga.
Em 2020, a um relatório divulgado pela Organização Internacional do Trabalho
(OIT) mostrou que os imigrantes recebem em média 12,6% a menos que um
trabalhador local. Em países como Portugal e Espanha, a diferença pode chegar a
30%.
Agências
de recrutamento internacional são caras
MITO
Dependendo
do modelo de negócio e de suas parcerias com os empregadores no exterior, o
custo para o candidato pode sair de graça. Na Health Recruitment UK, por
exemplo, que, recruta médicos, enfermeiros e cuidadores para o Reino Unido, é o
sistema público e privado de saúde - e não o candidato - quem paga pela
prestação de serviço e cobre as taxas e custos com passagens, visto e os
primeiros 3 meses de aluguel. Despesas com a prova obrigatória de inglês e
registro no órgão profissional também são pagas pelo NHS. Tendo em vista a gama
de desafios, buscar os serviços de uma agência internacional de recrutamento é
o caminho mais curto para colocar em prática o sonho de trabalhar no exterior.
Thomas Jay é CEO da Health Recruitment UK, agência de recrutamento especializada na busca de talentos para atuar em hospitais públicos e privados, asilos e organizações de saúde mental do Reino Unido, e County Councillor (equivalente a Deputado Estadual no Brasil) na Inglaterra. A empresa já recrutou centenas de especialistas para empresas, além de mais de 2.500 médicos estrangeiros para trabalharem no sistema público e privado de saúde do Reino Unido.
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