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O invisible banking pode trazer conveniência aos consumidores e levar as fintechs a outro patamar


*Por Diego Perez


Não é de hoje que o varejo busca oferecer uma experiência diferenciada de consumo para fidelizar seus clientes. Nessa trajetória, talvez o componente mais importante para as empresas seja a capacidade de processamento e análise de dados - uma tendência que começa a ganhar novas direções.

Na esteira do embedded finance, em que consumidores têm à disposição recursos como conta digital, pagamentos, transferências, gestão das finanças e empréstimos em lojas, o invisible banking surgiu em anos recentes e possui cada vez mais atenção do mercado. 

A razão é que há um ganha-ganha para ambas partes. Para os lojistas, o benefício prático dos serviços financeiros invisíveis é a redução da fricção com os clientes: a partir do cadastro do cartão de crédito, é possível 'automatizar' uma compra observando o histórico de cada pessoa, reduzindo as perdas das vendas. Para o consumidor, é uma conveniência, uma maneira simples de manter um item recorrente na prateleira.

Por conta da conexão inerente com o universo das finanças, o panorama atual traz uma chance única para as fintechs. O desenvolvimento e avanço de tecnologias como inteligência artificial, reconhecimento facial e biométrico, interfaces de voz, internet das coisas (IoT) e de dispositivos ultraconectados no 5G permitem que o varejo tenha um pé em banking com as startups de Banking as a Service (BaaS). 

O exemplo mais evidente para tornar os bancos invisíveis é o da Amazon. Com as unidades da Amazon Go, a maior varejista dos Estados Unidos colocou o ‘take away’ em outro patamar. É possível simplesmente pegar os produtos e, com um cartão cadastrado na loja e sensores de movimento, levá-los para casa sem qualquer interação com atendentes. Definitivamente, estamos no século XXI.

Entretanto, é necessário ressaltar que não se trata de algo novo, mas que vem se afunilando. As tags de pedágio da Sem Parar e ConectCar são outros cases de sucesso que já utilizam a estratégia de invisible payments há algum tempo. Em aplicativos de refeição, como IFood e Rappi, é possível agendar a entrega de uma refeição ou compra de supermercado.

Agora, essa dinâmica deve ser inserida dentro das residências com os assistentes virtuais. O conceito de tecnologias inteligentes foi ampliado dos celulares, tablets e televisores e abrange, também, itens como lâmpadas, travas inteligentes nas portas e nas geladeiras. 

Assim, ao notar que determinado alimento está perto do fim, o consumidor pode apenas solicitar a compra à assistente de voz. Ou, ainda, ser avisado pelas máquinas que é necessário programar as compras do próximo mês, uma vez que os estoques estão vazios. 

Percebe que as transações ficam em segundo plano, e a resolução dos problemas, ganham vigor? Como o Business to Business (B2B), no Machine to Machine (M2M) as máquinas podem fazer as transações entre si, desde que haja uma autorização do usuário.

Questões que no dia a dia eram alvos de preocupação são delegadas para os algoritmos conectados. Com isso, nascem novas formas de serviços. As fintechs têm potencial para parcerias importantes com marcas como Bosch e Brastemp, viabilizando a aquisição de produtos e transferência monetária para aplicativos direto das smarts fridges.

O Open Finance (antigo Open Banking), que pode funcionar como ecossistema base dessa nova dinâmica, tem uma nova instituição regulada, a Payment Initiation Service Service Provider. A PISP não armazena recursos financeiros dos clientes, mas tem autorização para atuar em seu nome.

Assim, as fintechs despontam em jornadas que antes não eram possíveis. Do agendamento para a compra de passagens aéreas ao abastecimento de combustível, passando pelo segmento B2B, com o auxílio a restaurantes, lojas e até mesmo na construção civil: tudo gera uma fidelização e pode ser ainda mais prático, desde que o atendimento ao cliente seja bem feito.

*Por Diego Perez é Presidente da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs)

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