Por que a comunicação é importante, mesmo para empresas que preferem o silêncio
Artigo de Beatriz Ambrosio, head de comunicação
e marketing da startup de educação Layers Education
Sejam empresas
pequenas, médias ou grandes, a estratégia de comunicação, de marketing e de
relações públicas é fonte inesgotável de debates acalorados. Por que se
comunicar? Qual é o público-alvo? Qual será o retorno do investimento? Em
quanto tempo a marca será conhecida? Para todas as questões, há uma única
resposta: depende. Comunicação, construção de marca, reputação, relevância e
engajamento estão longe de ser uma matemática. O fato é que, para qualquer
empresa, independentemente do porte ou ramo de atividade, comunicar-se bem com
parceiros e com o público final não é mais do que uma obrigação. É o verbo to be da gestão
empresarial.
A velha máxima “quem
não se comunica se trumbica” (parafraseando o imortal Chacrinha) é unanimidade
entre as empresas B2C (ou seja, aquelas que produzem e vendem para o consumidor
final) e entre as empresas B2B (empresas que vendem para empresas). As empresas
B2B tropeçam no próprio cadarço quando decidem não se comunicar com os
consumidores. Assim como as B2C, como as varejistas Magazine Luiza, Postos
Ipiranga, Itaú ou Vivo, o silêncio das B2B é um convite para o fracasso do
negócio no longo prazo. Não importa qual será o público final, empresas
precisam investir em marketing, em comunicação, em conversão e em Awareness (ou
Brand Awareness) – que nada mais é do que consciência de marca do público em
relação à empresa, a seus produtos e seus serviços.
Investir em comunicação
é construir reputação. E quem já tem muitos aniversários e muita experiência de
vida sabe que reputação leva tempo, como um trabalho de formiguinha. Uma grande
marca é formada por um amontoado de pequenas e longevas ações de marketing e
comunicação estratégica.
Por outro lado, a
comunicação é importante também no curto prazo. Ações bem planejadas de
divulgação na mídia e em redes sociais geram conversão – ou seja, um processo
que traz o cliente no curto prazo. Uma postagem correta no Facebook, uma imagem
bem construída no Instagram, uma análise sensata e bem embasada no LinkedIn
ajudam a conquistar likes, seguidores, admiradores e, por que não, futuros
clientes. Como em um namoro, tudo começa num sorriso, numa troca de olhares,
numa conversa agradável. Não que a comunicação e o marketing tenham a pretensão
de fazer o consumidor dormir pensando na empresa, mas transmitir uma boa imagem
é indispensável para a construção de uma relação duradoura.
Todo esse conceito não
se aplica apenas a grandes empresas. Isso é importante, em especial, para as
startups. Atualmente, as jovens empresas aprendem a seduzir aportes polpudos em
rodadas de investimento, mas não sabem como conquistar clientes e parceiros.
São melhores no PowerPoint do que no diálogo olho no olho. Mais do que isso, em
muitos casos não sabem, de fato, como utilizar bem todo dinheiro captado para
investir em marketing e comunicação, nem muito menos sabem qual a proporção desse
dinheiro deve ser investida em construção de marca.
Podemos citar alguns
exemplos de grandes empresas que, embora sejam B2B e não B2C, investem de forma
correta em comunicação. Um dos exemplos mais notórios é a mineradora Vale. A
maior produtora de minério de ferro do mundo não tem loja, não expõe seus
produtos nas gôndolas dos supermercados e não tenta conquistar clientes a conta
gotas. O destino de sua produção são as grandes siderúrgicas do mundo, na
Alemanha, na China e nos Estados Unidos. Mesmo assim, entre 2019 e 2020, a
companhia desembolsou R$ 116 milhões em propaganda.
A necessidade de investir em comunicação não é uma intimação judicial com data e hora. Pequenos e médios empresários, tanto de empresas tradicionais ou de startups, não precisam colocar o carro à venda para garantir o orçamento do departamento de marketing. Tudo deve ser feito de acordo com o bolso e a urgência da empresa. O primeiro passo é começar, mesmo que de forma tímida. O que não se pode negar é que, tanto a B2C quanto a B2B, dependem da comunicação para sobreviver. Mesmo para as empresas que, em vez de se comunicar, preferem o silêncio.
Nenhum comentário