Quem cuida do professor?
Consequências emocionais de período pandêmico
também atingem educadores; escolas precisam desenvolver estratégias de
acolhimento
Nas salas de aula, nos corredores, nas
conversas durante o intervalo e até em casa, educadores de todo o país têm
enfrentado dificuldades para se manterem calmos ao longo dos últimos dois anos.
Um levantamento realizado pela Nova Escola em 2021 revelou que 72% dos
educadores brasileiros precisaram buscar apoio emocional durante a pandemia de
covid-19. Embora muito tenha sido discutido a respeito de saúde mental nas
escolas, o foco, em geral, fica nos estudantes. Mas, se os professores, que
muitas vezes atuam como apoio para seus alunos, também estão sofrendo, quem
deve cuidar deles?
Quando a Organização Mundial da Saúde
(OMS) começou a se pronunciar sobre a pandemia, houve outro alerta, além
daquele mais óbvio, sobre os riscos diretos de contrair covid-19: a instituição
falou sobre as consequências emocionais que poderiam decorrer da pandemia. Isso
porque uma das medidas de prevenção à doença era permanecer afastado de outras
pessoas, trabalhando ou estudando de forma remota. Essa falta de contato com
outras pessoas, somada ao medo inerente à situação sanitária, preocupou a OMS
desde o primeiro momento.
Para a assessora pedagógica do Sistema
Positivo de Ensino, Juliana Landolfi Maia, a aceleração da apropriação dos
recursos digitais pode ter interferido no desenvolvimento de ansiedade, por
exemplo. Além disso, “em um cenário com muitas transições, pode ser que os
professores venham carregando questões individuais. Precisamos olhar com muita
sensibilidade para entender como esse contexto de pandemia afetou os
educadores”.
Autocuidado
A Psicologia, a Medicina e a
Neurociência sinalizaram que o fator psicológico seria um ponto especialmente
relevante diante do cenário pandêmico. E isso não é diferente para professores.
De fato, não poder conviver com amigos e colegas de trabalho também mostrou-se
um problema para eles. A consultora de saúde mental e bem-estar da The
Education People, Kelly Hannaghan, afirma que “professores precisam de outros
professores. Esse não é um trabalho que pode ser feito sozinho. A colaboração e
a amizade são vitais para manter os professores saudáveis e felizes”.
Há, naturalmente, um papel importante
que precisa ser desempenhado pela escola e pela família dos educadores nessa
batalha das questões emocionais. A formação de redes de apoio que contem com
profissionais da psicologia e especialistas em bem-estar é uma das iniciativas
para isso. Outro ponto indispensável é disponibilizar canais para escutar
ativamente o que os educadores têm a dizer sobre sua própria saúde mental.
Afinal, cada pessoa é única e enfrentou situações muito específicas ao longo
desses últimos dois anos.
No entanto, Juliana lembra que, “no
fundo, a gente sabe que quem cuida do professor de verdade é ele mesmo. O papel
principal é o do autocuidado. Se ele se perceber e tiver essa consciência, ele
também se deixará cuidar e aí conseguimos envolver a comunidade escolar,
familiares e outras pessoas”. Ela explica que, enquanto o próprio professor não
se compreender como vulnerável às situações, como alguém que tem fragilidades e
pode compartilhá-las com os demais, é difícil criar um ambiente de acolhimento.
O segundo passo, segundo Juliana, está
nas mãos da gestão escolar. É necessário que o gestor se esforce para ser uma
liderança positiva e entenda seu papel em mediar situações de conflito, até
mesmo entre professores e alunos. “A partir do momento em que há uma gestão
positiva e um professor que reconhece suas próprias fragilidades, pode-se
começar a pensar em como criar ambientes mais colaborativos, que sejam mais
acolhedores e que proporcionem o tempo necessário para compreender essa nova
realidade”, afirma.
Por fim, os familiares do educador
precisam estar atentos a pequenos sinais comportamentais. Se o professor está
sempre muito cansado, não consegue ou não sente vontade de sair da cama ou dá
sinais de estresse como reação a pequenos acontecimentos, atenção. Ele pode
estar precisando de cuidados. “Muitas vezes, é difícil buscar ajuda de um
especialista e cabe à família ter um olhar carinhoso para esses sinais”,
finaliza a especialista.
Sobre o Sistema Positivo de Ensino
É o maior sistema voltado ao ensino particular no Brasil. Com um projeto sempre atual e inovador, ele oferece às escolas particulares diversos recursos que abrangem alunos, professores, gestores e também a família do aluno com conteúdo diferenciado. Para os estudantes, são ofertadas atividades integradas entre o livro didático e plataformas educacionais que o auxiliam na aprendizagem. Os professores recebem propostas de trabalho pedagógico focadas em diversos componentes, enquanto os gestores recebem recursos de apoio para a administração escolar, incluindo cursos e ferramentas que abordam temas voltados às áreas de pedagogia, marketing, finanças e questões jurídicas. A família participa do processo de aprendizagem do aluno recebendo conteúdo específico, que contempla revistas e webconferências voltadas à educação.
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