A diversidade que nos torna únicos
Artigo de Felipe Bismarchi, colunista do
Denarius (Boletim Econômico Financeiro da FipeCafi Projetos)
No último dia 19 de junho, em São Paulo,
foi realizada a Parada do Orgulho LGBT+, considerada a maior do planeta, com o
mote de maior representatividade política de pessoas LGBTQIAP+. Da mesma
maneira que temos a maior parada, somos também o país com o maior número de
mortes de pessoas trans e travestis, números que se juntam a outras
estatísticas que sinalizam o tamanho da violência e da intolerância ainda
presentes em nossa sociedade.
A busca pela sustentabilidade implica na
conquista do “progresso humano em uma teia de vida florescente” nas palavras da
Kate Raworth em Economia Donut. Esta forma de abordar a sustentabilidade
implica discutirmos o que queremos ser em conjunto, em coletividade, enquanto
sociedade.
Somos um país continental, temos muitos
Brasis aqui dentro e com histórias, dores e alegrias muito diferentes. Desta
diversidade toda é que surgem múltiplas histórias que nos unem e que podem potencializar
nossa capacidade de sonhar, vislumbrar novos caminhos e desenhar histórias e
soluções para que sociedade queremos ser!
Extrapolando, e incluindo, a pauta da
representatividade de gênero e orientação sexual para a representatividade de
toda diversidade brasileira, trazendo ao palco os povos e comunidades
tradicionais tão incessantemente atacados juntamente com pessoas e organizações
que buscam apoiá-los, como vimos com o terrível assassinato do indigenista
Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips que se unem às trágicas
histórias de vários militantes e defensores da diversidade ao longo dos anos em
nosso país.
A representatividade da diversidade nos
campos político, econômico e social são fontes de competitividade, pois, entre
outros benefícios, catalisam nossa criatividade não só para negócios mas, para
cidadania, para termos narrativas múltiplas de existência e, isso só pode ser
alcançado de fato quando associarmos a representatividade da diversidade à
empatia, respeito e escuta ativa, habilidades essencialmente humanas que tem
sido negligenciadas por um modelo de sociedade pautado no egoísmo, no
calculismo e no utilitarismo.
Um provérbio africano muito comunicado
diz “se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado”, é fundamental
refletirmos sobre as bases da nossa solidariedade, dos laços e conexões que nos
trouxeram longe e que poderão nos levar mais além. Você faz parte de algum
coletivo? Uma associação de bairros, uma comunidade de prática, um grupo de
condomínio, um clube, uma ONG, uma igreja, uma roda de conversa? Nos coletivos
em que você está, a diversidade também está presente? Você entra em contato com
gente diferente, com pensamentos diferentes dos seus, com visões de mundo que
podem te chocar num primeiro momento? Se sim, como você se relaciona com essa
pluralidade? Percebe se ela te deixa mais flexível, mais criativo e mais
sensível às mudanças do seu entorno e com mais capacidade de criar alternativas
que funcionem para responder a seus desafios? Sim, compartilhe conosco! Não,
procure os diferentes dentre seus iguais! E vejam como isso é poderoso para
todos os papéis que você desempenhar na sua vida.
A bandeira do arco-íris é um ótimo lembrete de como uma cor (branco) se forma sete, de como a unidade existe na diversidade que cria a unidade em uma dinâmica sem fim, como já demonstrou o grande filósofo centenário Edgar Morin. É hora de destravarmos o poder da diversidade em nossos espaços de existência!
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