Câncer de cabeça e pescoço: entenda quais fatores causam a doença
A campanha do Julho Verde conscientiza sobre a
prevenção desses tumores; Uso de tabaco está entre os principais riscos
O mês é marcado pela campanha Julho
Verde, que visa a conscientização sobre o câncer de cabeça e pescoço. De acordo
com o levantamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 35 mil a 40
mil brasileiros são diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço.
A neoplasia representa o nono tipo de
câncer mais comum no mundo, segundos dados do IARC (sigla para Agência
Internacional de Pesquisa em Câncer), que faz parte da Organização Mundial da
Saúde (OMS).
A rádio-oncologista da Oncoclínicas
Uberlândia, Izabela Fernandes, explica que este tipo de câncer é mais
comum entre os homens, ficando atrás somente do câncer de próstata. Já
nas mulheres, a neoplasia é a quinta mais frequente. “O câncer de cabeça e
pescoço diz respeito aos tumores presentes em regiões como boca, língua,
palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe, esôfago,
tireóide e seios paranasais. São tumores que podem trazer impactos na qualidade
de vida dos pacientes, especialmente estética facial, a alimentação, fala,
entre outros.” afirma.
De acordo com o INCA, o tabagismo é um
dos principais fatores de risco evitáveis, responsável pelo desenvolvimento de
câncer de cabeça e pescoço. Além disso, o relatório Covitel (Inquérito
Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em
Tempos de Pandemia) de 2022, apontou que cerca de 12,2% da população brasileira
utiliza algum tipo de cigarro e 7,3% opta pelo cigarro eletrônico, aumentando
assim os riscos para o surgimento da doença.
Cigarro eletrônico no Brasil
Os números referentes ao uso do cigarro
eletrônico no país são maiores quando falamos de jovens entre 18 e 24 anos.
Pelo menos 1 a cada 5 pessoas nessa faixa etária já usou cigarro eletrônico, o
que significa quase 20% dos jovens. Outro fator importante é a quantidade do
teor de nicotina no cigarro eletrônico: de acordo com o Ministério da
Saúde, enquanto o tradicional tem entre 1mg e 2mg por unidade, o eletrônico
costuma ter de 3mg até 5mg.
Fumar um cigarro comum leva em torno de
1 a 5 minutos, mas quem faz uso do cigarro eletrônico gasta em torno de 10
minutos - o equivalente a um maço e meio de cigarro comum em um curto
período de tempo. Apesar da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
proibir o comércio, importação e a propaganda de cigarros eletrônicos no
Brasil, os dados continuam aumentando no cenário brasileiro.
Izabela comenta que cerca de 60% dos
casos de câncer de cabeça e pescoço são devido a diagnósticos tardios e o uso
recorrente de tabaco. “O tabagismo aumenta a possibilidade de desenvolvimento
desse tipo de câncer e, como qualquer outro tipo de doença quando diagnosticada
tardiamente, as possibilidades de sequelas estéticas, no trato digestivo e
vocal do paciente são altas, diminuindo as chances de cura.”
explica.
Julho Verde: Prevenir e
Conscientizar
O alerta que o Julho Verde deixa é a
conscientização que o câncer de pescoço e cabeça pode ser tratado com altas
chances de cura quando diagnosticado precocemente, podendo ser evitado com a
adoção de bons hábitos para a saúde.
Alguns cuidados contribuem para reduzir
os riscos de desenvolvimento da neoplasia em específico e ainda vários outros
tipos de tumores. São eles:
- Não fumar;
- Evitar o consumo de bebidas
alcoólicas;
- Ter alimentação rica em frutas,
verduras e legumes;
- Manter boa higiene bucal;
- Usar protetor solar e evitar
exposição ao sol prolongada;
- Usar preservativo (camisinha)
na prática do sexo oral (devido a transmissão do vírus HPV que pode ser
uma das causas do câncer de boca);
- Vacinação contra HPV;
- Manter o peso corporal
adequado.
Quanto ao prognóstico da doença, a
especialista explica que quanto antes a doença for descoberta, maiores são as
chances de cura. “Quando há o surgimento de uma mancha branca ou vermelha na
boca por mais de 15 dias em um indivíduo que fuma e bebe, é necessário procurar
auxílio de um médico especialista. Se o diagnóstico for feito precocemente, com
uma lesão pequena e localizada, na maioria das vezes o tratamento é feito
apenas com cirurgia, sem necessidade de Radioterapia e Quimioterapia, com
chances de cura que podem chegar a mais de 80%.”, reforça a radio-oncologista.
Outros sinais que merecem atenção e devem ser um alerta para procurar orientação médica são: o aparecimento de um nódulo, uma ferida que não cicatriza, dor de garganta que não melhora, dificuldade para engolir e alterações na voz ou rouquidão. Entretanto, mesmo que esses sintomas sejam causados por outras condições clínicas, caso persistam por mais de 15 dias, é necessário procurar por ajuda médica para o diagnóstico e tratamento adequado.
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