Como o uso contínuo de medicamentos pode levar ao Alzheimer
*Luiz Antonio da Assunção
Quem nunca se
automedicou que atire a primeira pedra. Caso se lembre de onde está a pedra. O
uso de certos medicamentos, sem um devido monitoramento, pode acarretar em
diversos efeitos colaterais, entre eles, o mal de Alzheimer.
Segundo estimativas, a
previsão é que, em 2050, haja um aumento em 150% nos casos de demência e
doenças neurodegenerativas, e esse aumento é impulsionado por pacientes que
fazem uso contínuo de medicamentos sem acompanhamento periódico.
Os indivíduos com 16
anos ou mais que tomam medicamentos por conta própria representam 89% da
população, conforme pesquisa do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade em
parceria com o Datafolha, revelando um aumento significativo em relação à 2014,
quando esse percentual era de 76%.
Quanto aos pacientes
que tomam medicamentos de uso contínuo para tratamento de patologias, sabe-se
que é uma parcela alta da população – sendo este um dado alarmante. O acesso a
alguns desses medicamentos – uma vez prescrito por um médico – é fácil e,
proporcionalmente, incontrolável, por não haver um monitoramento regular do uso
prolongado dessa medicação.
A grande maioria dos
remédios podem trazer efeitos colaterais, mas são necessários para cura e/ou
tratamento de dores e doenças. Porém, uma classe de medicamentos de uso pontual
ou contínuo podem acarretar problemas maiores ao que o paciente quer tratar
naquele momento.
Hoje, três classes de
medicamentos precisam de um acompanhamento de perto de um farmacêutico clínico,
que, tecnicamente, classificam-os como sendo da família dos “prazóis”, como o
Omeprazol e o Pantoprazol – usados para tratamento gástrico; os “pans”, como o Diazepam e
o Clonazepam – indicados para crises de ansiedade e tratamento de problemas
neurológicos; e as estatinas,
usadas para diminuição do colesterol.
Tais remédios são muito
eficazes no que se propõem. No entanto, esses mesmos medicamentos,
administrados por um longo tempo, são os grandes responsáveis por aumentar as
chances nos pacientes de desenvolver uma doença neurodegenerativa, e, se nada
mudar em relação a esse comportamento, estima-se que, em 2050, haja um aumento
de 150% desse tipo de patologia.
A grande maioria dos
pacientes, que fazem uso sequencial dessas medicações, não tem conhecimento dos
altos riscos que estão se submetendo. Esses remédios podem fazer com que essas
pessoas tenham um declínio cognitivo e talvez até recebam o diagnóstico de
Alzheimer, por não estar sendo acompanhado por um especialista.
Por isso, é
imprescindível realizar um monitoramento de todos aqueles pacientes que fazem o
uso contínuo de medicamentos, e essa função é justamente do farmacêutico
clínico, que conhece o indivíduo e analisa os medicamentos que ele administra –
e não do médico, que é responsável por diagnosticar a doença e prescrever a
medicação.
*Luiz Antonio da Assunção é farmacêutico bioquímico, com pós graduação em acompanhamento farmacoterapêutico como também em gastroenterologia funcional e nutrigenômica. @luiz_assuncao_farmaceutico
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