Crédito se torna alternativa de co-investimento para startups que estão captando recursos
* André Wetter, CBO e cofundador da a55 &
Acácia Morena, Ecossistema e Novos Negócios na a55
O modelo de captação de
recursos usando crédito e aumento de capital social já é uma prática comum em
outros países, inclusive, existem diversas parcerias entre fundos de Venture
Capital, de dívida e até mesmo de startups revenue-based-finance
para estruturar a solução. Nesse contexto, quando falamos
especialmente do segmento de startups, podemos usar como exemplo os Estados
Unidos: o Silicon Valley Bank
tem uma longa parceria com a Lighter
Capital, especializada em crédito para empresas de tecnologia. No
formato, a Lighter faz
linhas de crédito específicas para as empresas que estão recebendo recursos de
rodadas desse parceiro.
No Brasil, a prática de
negócio ainda é pouco comum, especialmente quando falamos de startups early stage, ou seja, em
estágio inicial - justamente o momento em que o negócio pode ser mais
beneficiado pelo modelo, conseguindo crédito para desenvolver o negócio. Nesta fase,
esses negócios têm dores muito particulares por estarem construindo e testando
suas hipóteses para buscar um modelo de negócio consistente e nesse momento é
interessante que o empreendedor tenha acesso a esse tipo de
crédito.
Por isso, muitas vezes
o empreendedor ainda está aprendendo sobre como avaliar o seu valor no mercado,
qual é o momento ideal para a tomada de crédito, como funciona o modelo de
Venture Capital e, especialmente, como aplicar o dinheiro recebido sem diluir
tanto a empresa. Geralmente, a startup acaba pegando o crédito e também pega o equity (capital privado),
separadamente, sem uma comunicação entre as instituições. Mas o que poucos
falam é do benefício para o empreendedor de fazer a negociação de forma
colaborativa.
Quando a empresa de
crédito tem acesso à informação sobre a captação para trabalhar em conjunto, é
possível atuar de forma mais eficiente, com melhores condições de crédito,
menores taxas, um período maior de carência, um valor maior, justamente pelo
fato da startup estar sendo avaliada por outro investidor, com outro viés, que
vai profissionalizar-lá e ajuda-lá com smart-money
- quando o conhecimento agrega tanto quanto o dinheiro. Além disso, a chegada
do crédito como capital de giro para aquele empreendedor também agrega mais
segurança para os próprios investidores de Venture Capital.
Quando analisamos o
cenário macro, existem uma série de motivos e benefícios pouco explorados para
que o empreendedor brasileiro utilize o modelo de crédito como um
co-investimento, ou seja, agregar valor juntamente com a sua rodada de
captação. Como exemplo, podemos citar a diminuição do custo do capital, alongar
o runway (tempo
até que a startup encerre as atividades, assumindo que suas receitas e despesas
permaneçam constantes), separar o uso dos diferentes recursos (caso seja
necessário), equalizar o giro financeiro da empresa e capitalizar a empresa
para determinados projetos com taxa de retorno conhecida, entre outros diversos
benefícios.
No Brasil, o crédito
ainda está muito atrelado a algo ruim, uma dívida, uma urgência ou uma
necessidade. Fintechs e empresas do mercado financeiro não tradicional vêm
trabalhando para mudar esse mindset
e mostrar que, para o empreendedor que está em busca de expandir o
seu negócio, o crédito, nada mais é do que um investimento que ajudará a
potencializá-lo. E a disseminação de um modelo de negócio baseado em parcerias
entre empresas de crédito e Ventures Capital para uma capitalização vem para
reforçar esse novo papel do crédito na jornada desse empreendedor.
* Com formação em Administração de
Empresas pela Universität St.Gallen (HSG), na Suíça, André Wetter é confundador
e CBO da a55, fintech brasileira especializada em crédito para empresas da nova
economia;
* Com formação em Gestão de Negócios pela UCL em Londres e vasta experiência no mercado de startups e inovação, Acacia Morena é head de Ecossistema & Novos Negócios da a55;
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