Criptomoeda e moeda digital: você sabe a diferença?
Apesar de muitas vezes serem usados como
sinônimos, conceitos têm suas particularidades
São Paulo, julho de 2022 - As criptomoedas são um assunto constante
na imprensa e nas redes sociais, seja pelo sobe e desce das cotações, pelas
tentativas de regulamentação pelos governos e pelos comentários de entusiastas
como Elon Musk. Mas apesar de estar em alta, o tema ainda gera muitas dúvidas,
em especial sobre a definição desse tipo de ativo, não raro usado como sinônimo
de moeda digital. É preciso ter em mente, contudo, que ainda que toda
criptomoeda seja uma moeda digital, o contrário não é verdadeiro.
As criptomoedas, que têm no bitcoin seu
representante mais famoso, são moedas digitais baseadas em criptografia. De
forma resumida, trata-se de uma tecnologia de segurança que codifica a
informação na origem para que ela seja “desembaralhada” na outra ponta. Isso
ocorre para que um terceiro, no caso de interceptação, não tenha acesso ao
conteúdo enviado.
Pelo fato de as criptomoedas serem
descentralizadas – isto é, não existe uma autoridade específica para criá-las,
emiti-las e controlá-las –, suas transações são registradas em blockchain, rede
aberta onde os ativos são negociados e que funciona como uma espécie de livro
contábil, reforçando a segurança das operações. As informações são armazenadas
em blocos, sucedidos constantemente por novos blocos de transações que se ligam
ao anterior.
“Há alguns anos, tínhamos que nos
comunicar por cartas e dependíamos de terceiros para que isso acontecesse. Com
o avanço da tecnologia, passamos a conversar com pessoas do outro lado do mundo
de forma instantânea. Se antes precisávamos de um disquete para compartilhar
arquivos, hoje está tudo na nuvem. Seguimos a mesma tendência em relação ao
dinheiro”, comenta Thiago Mozzatto, diretor de operações e fundador da Beplix, empresa que oferece serviço de conta
digital multimoedas que integra criptomoedas a serviços financeiros do dia a
dia.
As moedas digitais, por sua vez,
referem-se a qualquer moeda eletrônica. Ao usar uma carteira online para fazer
um pagamento, por exemplo, o consumidor está utilizando uma moeda digital. Além
disso, ao contrário do que ocorre com as criptomoedas, as moedas digitais estão
sob o controle de instituições reconhecidas pelos governos, como os bancos
centrais, o que significa que sua emissão é centralizada. São as normas dessas
instituições que irão estabelecer a precificação das moedas digitais – para as
criptomoedas, é o próprio mercado que define o preço, de acordo com a demanda.
Real digital – Desde 2020 o Banco Central (BC) do
Brasil vem estudando a emissão do real digital – as moedas digitais reguladas
por bancos centrais são chamadas de CBDC (Central
Bank Digital Currency ou, em português, Moeda Digital de Banco
Central) –, mas ainda não há prazo para o seu lançamento. Segundo o BC, as
CBDCs teriam potencial para melhorar a eficiência do mercado de pagamentos de
varejo e promover a competição e a inclusão financeira da população ainda
inadequadamente atendida por serviços bancários.
“A tendência é que as pessoas possam ir
se acostumando e incorporando essa modalidade de pagamento no seu dia a dia aos
poucos. De qualquer forma, o dinheiro físico não deixará de existir, pelo menos
por uns bons anos, e a mudança até a digitalização completa deverá ser
gradual”, pontua Mozzatto.
Na China, o yuan digital ainda está em fase de testes, com cerca de US$ 12 bilhões negociados apenas nos primeiros cinco meses de 2022, de acordo com a Xinhua, agência de notícias oficial do governo chinês. Japão e Estados Unidos também estão entre os países que estudam a adoção de CBDCs e as Bahamas foram a primeira nação a lançar oficialmente uma moeda digital, em outubro de 2020, o Sand Dollar.
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