Qual o verdadeiro significado do "E" de ESG para a política das empresas?
*Por Samanta Lopes
O
“E” da sigla ESG nas empresas é um pilar que está em pauta após o relatório
feito pelo Pacto Global em 2004 sob a gestão da Organização das Nações Unidas
(ONU). Atrelado ao documento “Who Cares Wins” do Banco Mundial, ambos são
promovidos para engajarem empresas e organizações na aplicação das melhores
práticas em direitos humanos, meios de produção, meio ambiente e anticorrupção.
Assim,
a questão ambiental faz parte do nosso cotidiano há anos e engloba desde os
hábitos de consumo e descarte, que cada pessoa realiza em sua vida cotidiana,
até a rotina na empresa. É, enfim, um fator que precisa ser ressignificado,
afinal, em 5 de junho foi celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente.
E
o que isso tem a ver com as empresas? O que isso tem a ver comigo?
Na
sigla, o “E” significa environmental, em inglês, e ambiental, na língua
portuguesa. A busca por ESG cresceu mais de 700% no Google Trends até junho de
2022 com a pergunta: “O que é ESG nas empresas?”. Os profissionais das áreas de
engenharia ambiental, desenvolvimento sustentável, entre outros estudiosos,
inclusive de sistemas econômicos, propõem a adoção de ações mais conscientes e
bem estruturadas.
Essas
iniciativas podem envolver a criação de insumos que geram menos impacto
ambiental – da produção ao descarte final – buscando nos 8Rs da
sustentabilidade(Instituto Akatu) formas de reduzir o impacto de resíduos no
meio ambiente.
O
estudo do Banco Mundial citado acima estima que até 2025 cada pessoa produzirá
1,4 quilo de resíduos por dia. Sendo assim, mundialmente teremos 2,2 bilhões de
toneladas de lixo, sendo que 80% desse lixo pode ser reciclado se observarmos
algumas regras básicas do 8Rs: refletir, reduzir, reutilizar, reciclar,
respeitar, reparar, responsabilizar-se e repassar.
Hoje,
no Brasil, recicla-se vidro, alumínio e inox. Demais materiais, como isopor,
plástico biodegradável, entre outros, são considerados de valor irrisório, por
isso não há um esforço para reciclá-los e o descarte inadequado acontece.
Essa
ausência de cuidados atinge diretamente as áreas urbanas, a fauna e flora
marinhas, que sofrem “intoxicações” geradas, inclusive, em eventos ou ações
cotidianas. Ocasiões que desconsideram a contaminação ambiental e até mesmo a
morte de determinadas espécies, que acabam comendo ou se sufocando com esses
resíduos. Muitas pessoas desconhecem que os itens descartados permanecem mais
de 100 anos nas águas de rios, oceanos e mares.
O
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, tem alertado para o
crescimento da contaminação por plástico, mostrando que, além de ampliar o
efeito estufa ano a ano, o material pode chegar a 6,5 gigatoneladas até 2050.
Quantidade que corresponde a 85% do lixo encontrado nos mares do mundo, gerando
contaminação nos alimentos, no sal que vem dos mares e até mesmo em
micropartículas do ar, que podem ser inaladas e penetrar nos poros humanos.
Se
sua empresa não estiver aplicando regras de controle para reduzir o consumo de
produtos à base de plástico, mapeando sua cadeia de produção e de descarte, ela
é uma das organizações que estão promovendo a redução na qualidade de vida de
todas as pessoas do planeta. Pode “parecer” mais barato, mais higiênico ou até
mais simples adquirir e descartar itens plásticos, mas se não houver
conscientização sobre a forma correta de encaminhar os resíduos, você e sua
organização vão acelerar o desequilíbrio ambiental mundial.
No
último Fórum de Eventos, realizado em maio, no Centro de Convenções Frei
Caneca, em São Paulo, uma parte foi dedicada à temática de ESG. Foram
apresentados dados reais sobre impactos adversos causados por eventos, alguns
deles expostos por especialistas como Ronaldo Ferreira, da Agência um.a; Alexis
Pagliarini, da ESG4; e Daniel Costa, da Linha Aberta. A ocasião também contou
com a presença de Viviane Elias, CPIO da 99jobs, que elencou ações assertivas
sobre o assunto; atividade que também integrou as reflexões para provocar um
novo olhar em torno de toda a cadeia produtiva.
Empresas,
clientes, fornecedores e todos os stakeholders precisam colaborar entre si para
garantir ações imediatas. O primeiro passo é olhar para sua área de compras: o
que você compra? Há opções mais sustentáveis? Existem produtos recicláveis que
permitem reuso? Há fornecedores locais sendo incluídos nas suas ações? Também
vale se atentar quanto ao desenvolvimento de fornecedores para que suas
operações sejam sustentáveis e menos agressivas ao meio ambiente, bem como se
as rotas de descarte, a mão de obra e a fonte dos materiais são conhecidas e
confiáveis, e ainda se o consumo é consciente e saudável.
Incluir
o “E” em sua estratégia é fundamental para garantir que o território de atuação
seja preservado e que o ecossistema local esteja protegido. Contratar talentos
locais e apoiar negócios nesse mesmo sentido também são ações que precisam
estar na sua estratégia. O meio ambiente é de responsabilidade de todas as
pessoas, e são as pessoas que hoje mudam o que não se pode mais aceitar, a fim
de construir um novo amanhã.
*Samanta Lopes é coordenadora MDI da um.a #DiversidadeCriativa, agência de live marketing – uma@nbpress.com
Sobre
a um.a
Com mais de 26 anos, a um.a #diversidadecriativa está entre as mais estruturadas agências de live marketing do Brasil, especializada em eventos, incentivos e trade. Entre seus principais clientes estão Pearson, IBGC, SBT, ABRH-SP, entre outros. Ao longo de sua história ganhou mais de 40 “jacarés” do Prêmio Caio, um dos mais importantes da área de eventos.
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