Startup paulistana investe no setor de ativos estressados no Brasil
Braço da incorporadora Viver, Solv adquire e
recupera obras paradas no país. Empresa estima que o país tenha cerca de 2 mil
obras paralisadas.
São Paulo, julho de 2022 – Diversos fatores podem ocasionar
a paralisação de uma construção, principalmente em casos de empreendimentos de
ciclo longo, como os edifícios residenciais. Esses motivos vão desde uma crise
financeira ou mudanças no cenário político até problemas de administração por
parte da incorporadora responsável pelo empreendimento.
Para os habitantes do entorno, uma obra
parada pode gerar transtornos. A falta de segurança é um deles, já que o local
abandonado pode ser utilizado para consumo de entorpecentes, e, geralmente, sem
iluminação, trazer risco de furtos e assaltos às pessoas que passam pela vizinhança.
Outro perigo está ligado ao fator sanitário. O espaço em situação de abandono
pode atrair animais peçonhentos e que trazem prejuízos para a saúde. Há também
a desvalorização dos imóveis na região, ocasionando impactos financeiros e
sociais para as pessoas que vivem ali.
Criada em 2019, a Solv - unidade de
negócios da Incorporadora Viver, se especializou na recuperação de ativos
residenciais estressados no Brasil. Em 2021, a empresa mapeou 2 mil obras de
edifícios paradas pelo país. O mercado nacional de ativos estressados ainda é
pouco explorado. “Muitas vezes ocorrem desencaixes do fluxo financeiro de
uma obra, seja pela falta de planejamento de longo prazo e gestão financeira do
empreendedor, ou pela falta de gestão operacional e comercial, podendo gerar
uma futura inadimplência dos clientes e gastos maiores nos custos relacionados
à obra”, explica Ricardo Piccinini, CEO da Incorporadora Viver/Solv.
Após profundo diagnóstico do imóvel e
avaliação da viabilidade do projeto, por meio de compra ou parceria financeira,
a Solv investe na continuidade e comercialização do empreendimento. De acordo
com Piccinini, ao retomar um projeto paralisado, a barreira da obra parada por
muito tempo precisa ser quebrada. Diferente de uma incorporação tradicional o
primeiro e fundamental passo é conquistar a confiança do novo cliente e seguir
com as novas vendas. Outro desafio está relacionado à adequação do produto para
a realidade atual do mercado. “Um empreendimento paralisado há mais de 10 anos,
por exemplo, não tem a mesma eficiência de um projeto pensado para os dias de
hoje. Além de etapas como revalidação de projeto, adequação para a legislação
vigente e revalidação de alvarás”, salienta Piccinini.
No caso de São Paulo, o novo Plano
Diretor da cidade, estabelecido em 2014, pode trazer contribuições
significativas para o mercado de ativos residenciais estressados, como prever
isenção de pagamento de outorga onerosa para retomada de obras paradas, uma vez
que esta já tenha sido feita no rito da aprovação. “Essa previsão impacta
diretamente no potencial do incorporador em assumir os passivos existentes e
transformar no empreendimento pretendido inicialmente, influenciando na
qualidade urbanística do bairro, fomentando trabalhos diretos e indiretos, e na
valorização da região e recolhimento de tributos”, conclui o CEO.
A recuperação de obras paralisadas ainda apresenta um grande benefício: a sustentabilidade. A prática evita que sejam feitas demolições e o início de uma construção do zero, poupando recursos e diminuindo a quantidade de resíduos produzidos por uma nova obra.
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