Startups: saiba como manter a competividade em meio à crise
Especialista em Fusões &Aquisições dá dicas
para empresas de tecnologia atraírem investimentos e passarem por momento
turbulento no setor
O mercado de tecnologia vem passando por
momentos turbulentos nos últimos meses, com impacto principalmente na atração
de capital para startups. Segundo o economista Vinícius de Oliveira, sócio da
Redirection International, empresa especializada em consultoria de Fusões e Aquisições,
as startups brasileiras já sentem esta fuga de capital, mas apesar deste
cenário, é possível manter a competitividade e atrair novos investimentos.
O economista destaca que a crise afeta
tanto empresas no estágio final (late stage), pré-IPO e unicórnios que, nos últimos meses tiveram que
reduzir despesas e anunciaram cortes expressivos de pessoal, quanto startups em
estágio inicial (early stage),
que podem ter mais dificuldade para levantar capital inicial necessário para
alavancagem da operação. “É um cenário delicado para as startups e muitas
precisarão mostrar seu diferencial no mercado e reequilibrar as contas, para
apresentar lucro e fluxo de caixa positivo aos investidores”.
Um dos caminhos apontados pelo
economista é cortar as despesas possíveis, com redução de pessoal e de custos
(downsizing) e focar a operação da startup na sua atividade principal e nas
receitas mais rentáveis. Além disso, neste contexto, o ideal é priorizar o
lucro ao invés do crescimento, para que possa operar com caixa positivo e,
assim, demonstrar ao mercado que, mesmo em meio à crise, o capital da empresa
segue saudável.
“Crises como a que estamos vivenciando
no setor de tecnologia já foram superadas em outros momentos da história
recente. É fundamental fazer uma projeção do pior cenário possível para os
próximos 12 meses, no mínimo. Independentemente da capacidade de captação de
recursos da empresa, é preciso projetar um cenário em que seja possível
sobreviver com o capital que já possui”, explica Vinícius de Oliveira.
Capital ainda
circula no mercado
De acordo com dados da Distrito,
plataforma que reúne dados do mercado de inovação, o volume de investimentos em
empresas de tecnologia caiu 44% no primeiro semestre de 2022, em relação ao
mesmo período do ano passado no país. Entre janeiro e julho foram US$ 2,9
bilhões negociados em 327 rodadas, enquanto que nos primeiros seis meses do ano
passado, os valores alocados chegaram a US$ 5,25 bilhões, com 416 transações.
Vinicius de Oliveira destaca que apesar
do volume de capital ter caído nos últimos meses de uma forma geral, os fundos
de Venture Capital seguem apostando em empresas de estágio inicial, que possuem
ticket de investimento normalmente menor. “O cenário demonstra que as startups
terão cada vez mais dificuldade em captar recursos. As que estão em estágio
inicial precisam demonstrar viabilidade e vantagens competitivas para atrair
capital. Somente uma apresentação de power-point bem elaboradanão será mais suficiente para impressionar os
investidores”, destaca.
Para o economista, a desvalorização das
ações de tecnologia no Brasil acompanha o mercado global, em função do contexto
geopolítico e econômico. Entre os fatores estão a guerra Rússia-Ucrânia,
escalada da inflação, aumento nas taxas de juros, turbulência nos mercados de
commodities e, aqui no Brasil, incertezas políticas devido à eleição
presidencial de outubro.
“O Nasdaq 100 Index, o maior índice de
ações de tecnologia do mundo, caiu quase 30% no primeiro semestre deste ano e
está a caminho de seu maior declínio anual de todos os tempos. Isso se reflete
também aqui no Brasil, que teve queda de quase 50% nos preços de ações do setor
nos primeiros seis meses do ano, segundo o Índice de Ações Tech Brasil”, afirma
Vinicius de Oliveira.
Ainda assim, de acordo com o
especialista, o mercado brasileiro tem um atraso em relação à crise no mercado
internacional, mas em um mundo cada vez mais globalizado não tem tanto espaço
para fugir. “Aqui no Brasil um dos únicos pontos positivos é que os fundos de
Venture Capital estão bastante capitalizados e o país ainda tem muitas lacunas
para inovação, com grande potencial para continuar acelerando a transformação
digital da economia”, explica. Entre os principais setores que devem atrair
investimentos nos próximos meses, estão mercado financeiro, logística, saúde,
educação e, claro, o agronegócio, por exemplo.
Sobre a
Redirection
A Redirection é uma consultoria
especializada em assessoria de Fusões & Aquisições para empresas locais e
internacionais do middle market.
Possui uma grande experiência em transações cross-border, com equipe atuante diretamente no Brasil, América Latina,
Estados Unidos e Reino Unido. É membro da ACG e, também, desenvolve uma rede de
parceiros selecionados em todos os principais setores de negócios e regiões do
mundo.
Nenhum comentário