Amazônia: tão necessária quanto pulmões, coração e cérebro
Na medicina
sabemos que é necessário respirar e o coração bater para nos mantermos vivos,
além da função cerebral. Quando não respiramos, morremos, e esta é a
importância de estarmos atentos aos nossos pulmões. Paralelo a isso, moramos em
um país que detém boa parte do pulmão do mundo... mas como estamos cuidando
dele?
O desmatamento da Amazônia continua em
crescimento, o acumulado de 2022 representa 21% do total desmatado no ano
passado, quando em uma taxa consolidada 13.038 km² de florestas foram trazidas
ao chão. A expectativa é que, se os números forem mantidos, podemos chegar a 15
mil km² de destruídos na região até dezembro.
Devemos lembrar que há outras
consequências importantes do desmatamento. Segundo a revista da FAPESP, para
cada 1% de floresta derrubada por ano há um aumento de 23% dos casos de malária
e na incidência de leishmaniose. É preciso considerar também o aumento das
queimadas: elas podem causar sérios prejuízos tanto à flora quanto à fauna e
diminuir a fertilidade do solo. Segundo dados do Instituto de Pesquisas
Espaciais (Inpe), a Amazônia registrou 5.373 focos de incêndio
em julho, um número 8% maior em relação ao mesmo período do ano passado..
Como escritora de algumas obras,
inclusive de distopia, já usei como pano de fundo essa agressão ao ambiente.
Tornei a superfície da Terra inóspita em que a sociedade precisou viver no
subterrâneo e faço os leitores refletirem sobre sustentabilidade, além de fazer
críticas à política, imposição de deveres, opressão da liberdade e manipulação do
poder.
É fato que sempre pensei nesta situação
como uma ficção, mas, talvez, precisamos refletir um pouco mais sobre as
mudanças climáticas, mas principalmente nas consequências dos atos da
humanidade, como estamos vendo com o aumento das temperaturas. E que a ficção
não nos alcance como esta triste realidade.
*Ana Travassos é médica endocrinologista pediátrica e, como escritora de distopias, é conhecida por Anne C. Beker.
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