Como um autodidata construiu um império no e-commerce e pretende faturar R$ 236 milhões em 2022
O que era para ser mais um braço de um negócio
engoliu a operação inicial e se transformou numa das maiores marcas do universo
materno-infantil da América Latina
Gustavo Ferro, CEO da Grão de Gente
Diogo Peres
Os números dão dimensão do gigantismo
que a Grão de Gente, à beira de celebrar seus 10 anos de vida, transformou-se
nesse período. Com mais de 4,5 milhões de seguidores no Instagram e 5 milhões
no Facebook, é a marca que mantém o segundo maior engajamento nas redes
sociais. Diariamente são enviados cinco mil produtos para todo o Brasil e mais
de duas mil vendas são concluídas na plataforma, o que geram em torno de 1500
empregos diretos e indiretos. São mais de 50 mil itens no portfólio, coleções capazes
de solucionar as necessidades de mães e pais da primeira infância. Do enxoval
completo à carrinhos, cadeirão à objetos decorativos para o quarto do bebê, a
loja que nasceu genuinamente no e-commerce em 2012 faturou pouco mais de
R$ 201 milhões em 2021 e, mantendo o ritmo de crescimento, prevê somar um
montante de R$ 236 milhões em 2022.
A mente por trás desse império é Gustavo
Ferro, um autodidata que desde os 15 anos (hoje com 43) foi estudando por conta
própria e implementando inovações por onde passava. Do ajudante geral que
criava artes gráficas para o chefe, ao caixa de uma churrascaria que criou o
primeiro sistema de gerenciamento de dados para o negócio, Ferro foi aprendendo
sozinho a desenvolver programas no computador e a usar diversas ferramentas,
como HTML, Photoshop e Flash. Chegou a dar aulas de informática, mas foi o
emprego numa empresa de desenvolvimento de software e web que as coisas
começaram a se delinear. Era o ano de 2000 e Gustavo teve contato, pela
primeira vez, com a construção de e-commerces. Aprendeu a fazer e, em dois
anos, criou sua própria agência digital, com uma pegada de solução 360º e foco
em e-commerce e marketing de performance -algo totalmente novo na época.
Durante 10 anos atendeu gigantes do
varejo e digitalizou operações bancárias. Atendeu clientes de diferentes
segmentos do mercado e trouxe soluções inovadoras para cada um. Mas se por um
lado o negócio ia tão bem, por outro, uma dúvida o instigava: se os clientes
cresciam e prosperavam tanto com os seus conhecimentos, por que não poderia ele
ter o seu próprio e-commerce? Por uma questão de logística e facilidade na
operação, criou uma plataforma focada em produtos de cama, mesa e banho. A
partir das imagens disponibilizadas pelos fornecedores, Gustavo vendia, comprava
e entregava para o consumidor. O inevitável, portanto, aconteceu: esse “braço
curioso” da agência prosperou demais e, em seis meses, foi vendida para um
investidor. Empolgado com o resultado, decidiu apostar agora em um nicho que
havia se despontado na primeira iniciativa: enxoval para bebês. A Grão de Gente
surgia então, em 2012, fruto da ousadia e perspicácia de um rapaz criativo e
visionário de 32 anos.
Para pequenas pessoas, um grande negócio
Genuinamente virtual, a Grão de Gente
foi expandindo tanto que, aos poucos, engoliu a agência que a criou. Cresceu a
ponto de ocupar todo o escritório e trazer para si os funcionários da agência.
Não tinha mais como voltar atrás: era maior do que a ideia inicial. Gustavo
adotou a mesma estratégia da antecessora -comercializar peças de fornecedores-,
mas o ritmo de crescimento foi além e parcerias exclusivas e um leque de
produtos próprios foram criados. Em 2015 passou a desenhar sua própria linha, o
que impactou diretamente na construção da fábrica, hoje com mais de 15 mil m² .
Investiu em mercadorias licenciadas, algumas já à venda, como kits com tema da
Hello Kitty, O Show da Luna, Galinha Pintadinha e Disney.
No final de 2021 incluiu marcas
consolidadas do mercado no segmento de carrinho de bebê, mamadeira e cadeirinha
para carro, tornando assim o e-commerce uma solução completa para mães e pais
gestantes e com crianças na primeira infância. Passou também a vender para
famílias residentes nos Estados Unidos, abrindo um outro viés de negócio: a
internacionalização da marca e a possibilidade de entregar em qualquer lugar do
planeta.
Para quem começou há mais de 25 anos a desenvolver sistemas por curiosidade, o atual CEO da Grão de Gente, Gustavo Ferro, já mostrou que tem uma criatividade ímpar e pode levar o negócio a níveis inimagináveis -pelo menos para nós.
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