Culto ao corpo x Transtornos de imagem: entenda os distúrbios da atualidade
Daniela Cotrim, coordenadora do curso de
Nutrição da Braz Cubas, explica como as redes sociais está sendo cada vez mais
responsável pelo aumento de transtornos alimentares
Mogi das Cruzes, 11 de agosto de 2022 – Considerado assunto tabu por muitos
ainda, os distúrbios alimentares vêm sendo cada vez mais recorrentes em
diagnósticos. Entre os principais fatores que impulsionam o desenvolvimento
desses transtornos estão as redes sociais. Você sabia que, atualmente, essas
complicações são consideradas como uma das mais letais doenças psiquiátricas?
Quaisquer tipos de disfunções na alimentação impactam gravemente a saúde do
portador, podendo resultar, até mesmo, na morte.
Segundo a coordenadora do curso de
Nutrição do Centro Universitário Braz Cubas, Daniela Cotrim, mesmo que
indiretamente, as redes sociais podem influenciar na baixa autoestima e
necessidade de enquadramento a um padrão de beleza estigmatizado. “A mídia
social pode desencadear comparações sociais negativas que levam os usuários a
acreditarem que os outros são mais felizes ou possuem uma vida melhor, levando
a expectativas irrealistas e feedbacks negativos”, comenta.
Existe uma diversidade de Transtornos
Alimentares (TA) que impactam os jovens e a população atualmente, mas o Culto
ao Corpo e o Transtorno de Imagem vêm sendo cada vez mais notáveis. A professora
Daniela aponta que apesar de serem distúrbios diferenciados, estes são gerados
pelo mesmo fator causal.
“O Culto ao Corpo consiste no fato
de que os indivíduos têm uma preocupação exacerbada com o modelo de seu
físico, buscando aproximar sua forma aos padrões de beleza que são exibidos
pela mídia, envolvendo a prática de atividades físicas, dietas e cirurgias
plásticas. Notamos que as pessoas sofrem grande influência das redes, as quais
determinam que os corpos magros, abdomens definidos e músculos hipertrofiados,
estão “na moda”, seja por motivos relacionados à estética ou estilo de
vida.
Sabemos que nem sempre é possível
alcançar os padrões exibidos, e automaticamente cria-se uma enorme insatisfação
nas pessoas que tentam alcançar esse ideal de beleza, fator que atualmente,
está contribuindo para o aumento dos casos de distúrbios alimentares,
associados à motivos psicológicos”, explica a nutricionista.
Os tipos mais comuns de transtornos
alimentares são a Bulimia Nervosa, Anorexia Nervosa e o Transtorno Obsessivo
Compulsivo (TOC) por alimentos. “Nem todos esses transtornos têm como efeito o
emagrecimento, mas também, podem levar à obesidade, uma vez que fazem com que
os indivíduos nunca se sintam satisfeitos. A prática de atividades físicas são
de extrema relevância para manter uma boa qualidade de vida”, diz.
Daniela reforça que os transtornos
alimentares são síndromes psiquiátricas caracterizadas por alterações no
comportamento alimentar, preocupação excessiva com o peso e insatisfação com a
imagem corporal, impactando a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos.
Embora apresentem algumas características em comum, a psicopatologia alimentar
pode variar de acordo com cada distúrbio. Portanto, os comportamentos alterados
devem ser corretamente identificados para que o tratamento seja realizado
adequadamente.
Como identificar e ajudar alguém que
possui esses transtornos?
Embora ainda sejam tratados como tema
tabu, os transtornos alimentares, que se caracterizam por perturbações no
comportamento alimentar, não são incomuns. Ao contrário do que muitas pessoas
imaginam, eles podem causar um enorme impacto na qualidade de vida dos
portadores, resultando em problemas físicos e emocionais. “Estes indivíduos se
sentem motivados a comer menos ou mais do que a quantidade habitual, levando a
um comportamento fora do controle que podem trazer diversas consequências
nocivas à saúde”, enfatiza a docente.
Para ajudar nessa identificação, a
professora de Nutrição apontou algumas dicas de como identificar transtornos alimentares
e, eventualmente, auxiliar alguém que esteja sofrendo com elas.
Anorexia Nervosa - Caracteriza-se pela perda voluntária de
peso, motivada pelo desejo de emagrecer e o medo de engordar. Os comportamentos
mais comuns da doença são a redução da alimentação, excesso de exercícios
físicos, utilização de redutores de apetite, laxantes e vômitos provocados.
Assim, o portador de anorexia tem como resultado a desnutrição progressiva e
transtornos físicos e mentais.
Sinais de alerta da Anorexia: Peso muito abaixo do normal, Preocupação
em não aumentar o peso, Distorção da imagem corporal, Inibição do ciclo
menstrual (mulheres), Gastrite e Anemia.
Bulimia - Caracteriza-se pelo consumo excessivo de
alimentos em uma única refeição, seguidos de episódios que buscam contar ou
amenizar os efeitos da compulsão – vômitos autoinduzidos, uso de laxantes,
excesso de exercícios físicos. Geralmente, os portadores de Bulimia ocultam
suas ações, pois se envergonham de seus atos. Os problemas mais comuns dos
portadores do transtorno são a perda de potássio, inflamação do esôfago,
desequilíbrio eletrolítico e danos no esmalte dos dentes.
Sinais de alerta da Bulimia: Dor de garganta, Problemas nas
glândulas salivares, Erosão do esmalte dentário, Irritação intestinal (uso
abusivo de laxantes) e Desequilíbrio de eletrólitos.
Transtorno de Compulsão Alimentar
Periódica (TCAP) - Caracterizado
por episódios sequenciais de compulsão, o transtorno de compulsão alimentar se
difere da Bulimia, pois não é seguido de métodos purgativos e não apresenta
preocupação irracional com a forma corporal. Os portadores do transtorno
possuem ataques frequentes, só conseguindo parar de comer ao sentirem
desconforto físico.
Sinais de alerta Transtorno de Compulsão
Alimentar Periódica: Comer
de forma exagerada, mesmo sem fome, Dificuldade para parar de comer, Consumo de
alimentos estranhos (macarrão cru, feijão gelado, etc.) e Comer muito rápido e
escondido.
Sintomas e tratamento de transtornos
alimentares
Comer de forma extrema (quantidades
mínimas ou muito grandes), receio exagerado de ganhar peso e possuir uma
autoimagem corporal que difere da realidade podem ser sinais de distúrbios
alimentares. Outros sintomas também podem surgir, porém, irão depender de cada
transtorno alimentar. Por isso, é importante estar atento a mudanças físicas e
de comportamento do portador.
Por fim, a professora de Nutrição da
Braz Cubas destaca que os transtornos alimentares são tratáveis, através de
acompanhamento médico e psicológico. “Os planos de tratamento são adaptados a
cada indivíduo, por isso, se diferenciam. O Ministério da Saúde explica que
familiares e amigos precisam estar atentos aos sinais de transtornos
alimentares. Quanto antes o distúrbio é identificado, melhores são as chances
de recuperação. Fique atento aos sinais e ajude a prevenir os transtornos
alimentares por meio da adoção de hábitos saudáveis e atendimento especializado
multidisciplinar.”
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