Desafios no gerenciamento de energia são grandes, mas tecnologia e pluralidade na matriz podem ser pontos-chave na modernização
Por Julio Martins, vice-presidente de Power
Products, Power Systems e Digital Energy da Schneider Electric no Brasil
As mudanças no setor de energia elétrica
estão se tornando cada vez mais desafiadoras em termos de otimização e
confiabilidade. Com as redes de distribuição ficando mais dinâmicas, está
ficando mais complexo para as distribuidoras controlar todo esse
processo. Até mesmo ambientes críticos, como hospitais, data centers, aeroportos e
indústrias, estão sentindo dificuldades.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), nos últimos 20 anos, a participação das renováveis na matriz energética
brasileira se manteve estável, com valores superiores a 40% (percentual de
presença na oferta interna). No entanto, entre 2011 e 2014, com a menor
quantidade de chuvas pelo País, houve uma redução na oferta hidroelétrica. A
partir de 2015, com a chegada de derivados da cana, biodiesel e a geração
eólica, as fontes renováveis retomaram sua trajetória de crescimento, atingindo
48% em 2020. Os dados fazem parte do estudo “Atlas da Eficiência Energética
Brasil 2021”.
Com todas essas mudanças, bem como as
pressões por maior competitividade, regulamentações ambientais e modernização
da infraestrutura, as distribuidoras estão em uma situação frágil ao lidar com
o aumento de custos – também sentido no “bolso” dos consumidores (incluindo as
grandes indústrias).
As equipes que gerenciam instalações de
médio e grande porte reconhecem, com cada vez mais frequência, que a energia
representa um item significativo em seus custos operacionais. Além disso, têm
percebido que a qualidade e a confiabilidade de sua eletricidade impactam no
tempo de atividade operacional.
Para garantir um suprimento de energia
confiável e eficiente diante desses desafios – integrando, ainda, questões de
sustentabilidade e eficiência energética –, as companhias do setor devem
implementar novas ferramentas digitais, projetadas especificamente para
permitir uma resposta mais rápida em relação a oportunidades e riscos
relacionados ao sistema elétrico.
Com o consumo global em uma crescente, é natural que o mercado passe a exigir maior descentralização e descarbonização. As distribuidoras precisam estar abertas para esse movimento no cenário global. A questão não está em perder espaço, mas, sim na entrega de serviços com qualidade e credibilidade para os mais diversos níveis industriais e sociais.
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