Educação financeira transforma empréstimo em aliado contra as dívidas
Damião Moraes, sócio da Somos Financeira
Com a taxa Selic a 13,25% ao ano e a
taxa de endividamento das famílias a 77,3% - segundo dados da última Pesquisa
Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor - é preciso mais que
jogo de cintura para manter as contas em dia. Entre as principais dívidas está
a com o cartão de crédito, que representa a maior fatia do endividamento, com
86,6% do total de famílias relatando este tipo de inadimplência. Em seguida vem
os carnês, com 18,3%, e o financiamento de carro, com 10,8%. Em junho de 2021,
essas proporções eram de 81,8%, 17,5% e 11,9%, respectivamente.
E, para enfrentar essa situação com o
menor dano financeiro possível é necessário educação financeira para entender
quais soluções financeiras podem ser implementadas para que essas dívidas não
virem uma bola de neve, como é o caso do cartão de crédito cujos juros anuais
podem chegar a 364% ao ano.
Diante desse cenário, uma excelente
solução é a solicitação de empréstimo consignado, que conta com uma taxa de
juros bem menor, mantendo o poder de compra e as contas em dia. Mas, para isso
dar certo é preciso escolher a melhor linha de crédito e implementar ações de
controle e redução de gastos, como aponta Damião Moraes, sócio da Somos
Financeira, no bate-papo a seguir:
O que deve se considerar antes de pedir
empréstimo?
Damião Moraes: O empréstimo consignado é uma linha de
crédito que fica disponível no cadastro do cliente e a tomada do crédito se
torna algo muito mais viável por existir uma pré- aprovação do sistema bancário
junto ao INSS. A margem consignável é de fácil acesso ao cliente e por conta
dessa facilidade é necessário que o cliente de fato tenha consciência de que o
crédito que será disponibilizado irá resolver o seu problema e não lhe causar
mais um. Acrescentando mais uma dívida que vai impactar diretamente no seu
contracheque. É preciso considerar o valor da parcela e o prazo daquele
crédito, além do saldo final que será gerado. É preciso colocar em uma balança
e considerar outros custos ativos para que o cliente não contraia uma dívida que
não consiga arcar quando juntar com as demais.
Quando faz sentido solicitar um
empréstimo e por que?
Damião Moraes: Um bom controle da vida financeira é
sempre a melhor opção para que o cliente não caia na tentação de pegar o
crédito e não resolver problemas que realmente importam e dessa maneira
contrair uma dívida desnecessária.
Um exemplo muito clássico é quando o
cliente possui uma dívida de cartão de crédito no qual o saldo devedor não para
de subir por conta dos juros e o valor da parcela mensal daquela dívida impacta
diretamente na vida financeira da pessoa. Diante disso, o crédito consignado
pode ser um grande aliado, pois é uma linha que tem a menor taxa de juros do
mercado e com parcelas fixas. O cliente pode adotar o crédito consignado para eliminar
uma dívida com juros maiores e com alto poder de impacto no efeito bola de
neve.
O que deve ser analisado na hora de
escolher seu empréstimo?
Damião Moraes: O primeiro ponto é entender se o valor
da parcela vai ficar dentro dos custos mensais. Além de analisar a taxa de
juros e o prazo contratual. Além disso, é preciso identificar se a instituição
financeira oferece um bom atendimento, esclarecendo todas as dúvidas e dando
suporte durante todo processo, assim como as melhores condições e vantagens para
tomada do crédito.
Outro ponto importante é a segurança da
operação, pois todas as etapas precisam ser concluídas com anuência e
entendimento do cliente. Por se tratar de operação financeira, as etapas e
protocolos precisam ser cumpridas conforme determinação das intuições
reguladoras.
E por fim, verificar o CET (custo
efetivo total), que nada mais é do que o custo geral da operação, no qual
consta todos os encargos, tributos e despesas sobre o empréstimo contratado..
Qual o perfil de empréstimo ideal para
funcionários públicos?
Damião Moraes: A mesma linha de crédito que é
disponibilizada para o INSS também fica disponível para o servidor público
federal: o crédito consignado – desconto em folha. A diferença é que o prazo
pode chegar até 96x enquanto o do pensionista e aposentado do INSS é de até
84x.
Quais são os cuidados que deve se tomar
após a solicitação de empréstimo para não virar uma bola de neve?
Damião Moraes: O primeiro é entender que o
empréstimo consignado como qualquer outra linha de crédito vai se tornar uma
dívida ativa mensal.
Por isso é importante ter consciência de
sua renda real, seus custos fixos e se livrar de dívidas desnecessárias - pois
vai abrir margem para um respiro financeiro gradativo e a possibilidade de
economizar uma grana no final do mês. Com isso o tão temido efeito bola de neve
vai se distanciando da sua vida.
Outro ponto essencial para não se tornar uma bola de neve é evitar fazer dívidas que fujam do seu custo mensal e não contratar empréstimos de pequenas quantias a troco de nada. É importante ressaltar que o INSS permite até 9 linhas de crédito no contracheque e por mais que o cliente tenha margem disponível para a contratação de mais um empréstimo o mesmo não consegue, caso chegue no limite de linhas permitidas pelo Órgão. Vai ser necessário quitar algum empréstimo ativo ou esperar terminar o prazo contratado.
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