Festival Internacional do Circo Saruê acontece nos dias 26 a 28 de agosto em São Paulo
Em sua 3ª edição, evento trará
atrações nacionais e internacionais ao bairro de Perus, com o intuito de
fomentar a arte circense na periferia paulistana
As artes circenses, uma das
manifestações artísticas mais antigas na história da humanidade, já eram
exercidas há, aproximadamente, 4.000 anos, por diversas civilizações antigas,
como a chinesa, a egípcia, a grega e a indiana. Todavia, o conceito de circo
começou a se formar no século VI a.C., no período do Império Romano, com a
inauguração do Circus Maximus, cujas atrações principais eram as corridas de
bigas ou a luta entre os gladiadores entre si ou com animais selvagens.
Apesar disso, a ideia do
circo, bem como de suas atrações como conhecemos hoje - a famosa lona,
picadeiro, palhaços, malabaristas e muito mais - surgiria apenas na Inglaterra
do século XVIII, em 1761, graças a um ex-militar britânico chamado Philip
Astley. Não demorou muito para que tal conceito se espalhasse pelo mundo e os
espetáculos circenses fossem apresentados em diversos outros países. Aqui, no
Brasil, não foi diferente, com a chegada do circo em 1830, por meio de famílias
vindas da Europa, atingindo o auge na primeira metade do século XX.
Hoje, as atrações circenses
ainda seguem encantando diversas famílias brasileiras, porém sofreram várias
mudanças, após terem perdido grande parte de seu público com a popularização de
outros meios de entretenimento, como cinema e televisão.
Assim, cientes da importância
do circo, principalmente como meio de acesso da periferia à cultura, a Cia. Trupe Liuds apresenta o 3º Festival Internacional de Circo Saruê,
no bairro de Perus, em São Paulo, nos dias 26 a 28
de agosto, a partir das 18h.
De acordo com Dedé Ferreira,
integrante da Cia. Trupe Liuds, o Festival tem como intuito potencializar a arte circense na periferia de
São Paulo, trazendo ao público um pouco da sua essência que,
por algum tempo, esteve distante das quebradas, principalmente nas grandes
cidades.
O nome do evento, inclusive,
é inspirado no animal Saruê, gambá brasileiro encontrado às margens dos centros
urbanos, bastante discriminado por ser um gambá e ter aparência de roedores,
vivendo constantemente na luta pela sobrevivência. “Além disso, ele tem grande
habilidade circense por conta de seu rabo, que lhe permite se agarrar em
galhos, como também nos fios das redes elétricas, tornando-se um verdadeiro
trapezista”, completa Dedé. Portanto, assim como o Saruê, o Festival se propõe
a ser resistência na potencialização da cultura que possa dar voz e vez aos
moradores da periferia.
Para esta 3ª edição, Valmir
Sant’Anna, também integrante da Cia. Trupe Liuds, ressalta que o evento contará
com diversas manifestações da arte circense, fortalecendo o ideal de promover e
difundir a produção cultural, proporcionando ao público a experimentação,
fruição e expressão das diversas e diferentes formas de manifestações
artísticas. “O Festival contará com 13 atrações em três dias de evento,
incluindo artistas nacionais e internacionais, banda e números circenses.”
Na 1º e 2º edição, o Festival
aconteceu de forma online e contou com dez atrações em três dias de evento,
sendo espetáculos internacionais e companhias brasileiras, além de palestras e
vivências sobre a comicidade negra.
As
atividades serão realizadas em frente a Casa do Hip Hop Perus, no Recanto dos
Humildes - Perus/SP.
Sobre a
Cia. Trupe Liuds:
Criada em 2006, com o intuito
de difundir a arte circense na periferia paulistana, a Trupe Liuds é uma
companhia composta por palhaços negros que, através da linguagem lúdica, recria
a realidade cotidiana e desperta o imaginário das pessoas.
Através da pesquisa na
linguagem do palhaço, mesclando cenas do circo tradicional, circo
contemporâneo, modalidades circenses e a cultura popular, a companhia propõe
diálogos, reflexões e questionamentos sobre a cultura negra e a sociedade
brasileira, e tem como proposta ocupar espaços públicos e ociosos com
espetáculos, oficinas e intervenções circenses.
Com apresentações realizadas
em diversas cidades do Brasil, a Cia. Trupe Liuds tem como sede a Comunidade
Cultural Quilombaque, que atua no bairro de Perus desde 2005, de forma
independente e autônoma, proporcionando aos moradores da região oportunidades
culturais e de lazer, para que eles próprios consigam descobrir perspectivas
empreendedoras e emancipatórias no lugar onde moram.
Programação
do 3º Festival Internacional de Circo Saruê
26/08
(sexta-feira), a partir das 18h:
Aline Figueiredo - pirofagia
Casca de nós: Na Mira -
arremesso de facas
Tânia Tanks - parada de mão
em bambu
Histórias de Fulejos -
palhaços Mateus
Mai Yamachi - suspensão
capilar
DUO 121 - intervenção de
corda e trapézio
27/08
(sábado), a partir das 18h:
Dunavô - espetáculo A carriola
Priscila Cereda - aéreo
Tânia Tanks - parada de mão
em bambu
Aline Figueiredo - espetáculo
O Sagrado
Coletivo Família Barmú – show
cômico de mágica e música
28/08
(domingo), a partir das 18h:
Prot(ÂGO)nistas
- O Movimento Negro no Picadeiro
Atrações:
Casca de
nós: Na Mira: um
casal, com suas diferentes personalidades, traz a irreverência de suas
habilidades de precisão e mira, em um número leve e bem-humorado de arremesso
de facas.
Tânia
Tanks: como
o bambu, forte e resiliente, capaz de resistir aos verões e invernos mais
rigorosos, dobrando-se humildemente à força do vento e permanecendo firme,
assim é Tania, que hoje se faz bambu, tornando-se resistência e se aprofundando
em suas raízes que a fazem se adaptar a qualquer mudança que a vida nos prepara
e assim ela segue vivendo a sua essência.
Histórias
de Fulejos: nesse
projeto, o ator e narrador Fagner Saraiva convida Cibele Mateus, atriz e
pesquisadora da figura de "Mateus", importante representação da
Cultura Popular Brasileira, a narrar, cantar e dançar as Histórias de Fulejos, vindas das manifestações
populares brasileiras. O coco, a ciranda, o carimbó, o baião e o forró são os
ingredientes dessa brincadeira.
Mai
Yamachi: esse
ato transita em nosso inconsciente sem sentido. A trama gira em torno de uma
missão: um homem que deve designar um lugar para um corpo. Morto? Vivo? Não
sabemos. Mas, definitivamente, ganha vida no campo do absurdo. Em uma simbiose
andrógina, através da junção das modalidades corda e suspensão capilar, a
história se desenvolve em um pesadelo distópico. Denso, porém, leve. Fluido e
forte.
DUO 121:
nasceu
do amor e do ócio criativo. Surgiu do “e se juntássemos corda e força capilar?”
Nasceu a modalidade em dupla e o duo em plena pandemia, no quintal de casa na
roça de São Luís do Paraitinga. Formado por Gui Cordes - foi cordista no Cirque
du Soleil por 6 anos, viajando centenas de cidades em todos os continentes,
entre diversos outros trabalhos – e Mai Yamachi – aerialista, bailarina,
capoeirista e entusiasta de várias artes.
Dunavô -
espetáculo A carriola: Claudius e Clóvis são dois
irmãos que acabam de perder o pai, um homem trabalhador e dedicado à família, e
são surpreendidos por uma carta escrita pelo patriarca em seu leito de morte,
dividindo seus bens um a um. O que eles não esperavam é que o pai não teria
tempo de terminar de escrever a carta.
Priscila
Cereda:
formada no curso de aéreos e de acrobacias de solo no Galpão dos Parlapatões
(2017). Iniciou suas atividades circenses no projeto social “CDC Enturmando
Vila Ré”, aos 11 anos de idade. Em 2017, criou e apresentou o espetáculo Compasso. Nesse mesmo ano,
participou da Noite de Gala do Circo, no Teatro Municipal de São Paulo, com
direção de Nelson Baskerville e Hugo Possolo. Em 2018, apresentou seu número de
lira e corda lisa no aniversário de São Paulo e também esteve presente na Virada
Cultural Paulista, além de diversos outros trabalhos realizados.
Aline
Figueiredo - espetáculo O Sagrado: o número circense consiste em
técnicas e manifestações com o fogo, com malabarismo com claves, manipulação de
bastão, corda, bambolê, leques e tochas. O espetáculo descreve o fogo em outra
conotação, ele não é visto como o pejorativo, o mau, como era visto no passado,
pelo patriarcado, como o Fogo do inferno, o fogo da maldição das bruxas, dos
sacrifícios malignos. Nessa história ele é visto como o Sagrado, o fogo central
das aldeias indígenas, das celebrações e dos rituais dos povos africanos, onde
todas as energias se transmutam para a Luz.
Coletivo
Família Barmú: formado
pelos irmãos colombianos Daniel Satin, Julian Granito e Camilo Muñoz, nascidos
na periferia de Bogotá/Colômbia, e, após longos anos distantes, se
reencontraram em 2019 na cidade de São Paulo. Nesse espetáculo, o grupo
apresenta um show cômico de mágica e música, que conduz o público por momentos
de leveza, surpresas e risos!
Prot(ÂGO)nistas:
espetáculo
de linguagem plural que reúne artistas da música, da dança e do picadeiro em
sintonia fina para além da celebração, estabelecida por uma dramaturgia que
convida a plateia a contemplar a estética negra em discurso permeado de
potência e técnica apurada. Vinte e nove artistas ocupam o palco para acontecer
na cena contemporânea, trazendo resistência da diáspora brasileira em vozes e
corpos plenos de identidade e expressão.
Serviço:
3º
Festival Internacional de Circo Saruê
Quando: 26, 27 e 28 de agosto, a
partir das 18h
Onde: R. Júlio Maciel, 520,
Perus, São Paulo
Quanto: entrada gratuita
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