O "trabalho invisível" e a carga emocional por trás da rotina de uma mulher
Por
Daniella Doyle*
É de conhecimento geral que o estresse e
cansaço causados no trabalho são sentimentos comuns na rotina de um
profissional. Entretanto, na realidade feminina, essas responsabilidades
ultrapassam as barreiras ligadas à carreira. Essa junção pode gerar um desgaste
maior em comparação aos homens por conta do que é conhecido como “trabalho
invisível”, que diz respeito às tarefas e responsabilidades que muitas vezes
recaem sobre as mulheres, como trabalhos domésticos e cuidados direcionados aos
filhos e parentes.
Pesquisa realizada recentemente nos
Estados Unidos, conduzida pelo LinkedIn, entrevistou quase 5 mil americanos,
questionando-os quanto à síndrome de Burnout, que é um transtorno de ansiedade,
no qual a causa do estresse é a relação com o trabalho. Entre os participantes,
74% das mulheres afirmaram que estavam razoavelmente ou muito estressadas por
motivo ligadas ao trabalho, número maior quando comparado aos 61% dos homens
que fizeram a mesma afirmação.
Por conta de questões culturais, muitas
mulheres, além de lidar com todas as responsabilidades do ambiente de trabalho,
também lidam com as tarefas domésticas, tais como cozinhar, arrumar a casa,
cuidar dos filhos, entre outros. Realizar a gestão do tempo com tantas responsabilidades
torna-se um desafio que deve ser enfrentado diariamente.
Há pouco tempo, nesta coluna, comentei
sobre as dificuldades que muitas mulheres enfrentam ao balancear a maternidade
com a carreira, e não por acaso, a quantidade de estresse que uma mãe
trabalhadora tem que enfrentar é ainda mais preocupante. Em uma outra análise
realizada pela empresa de consultoria Great Place to Work e da startup de saúde
Maven, foi observado que mães com emprego remunerado possuem 23% mais de chance
de sofrer com burnout do que pais empregados.
Por conta da pandemia do coronavírus,
vimos muitas empresas adotarem o sistema de trabalho remoto, e hoje muitas
seguem de forma híbrida. Isso fez com que o estresse de muitas mulheres
aumentasse. Desde o início desse período, surgiu a estimativa de que cerca de
2,35 milhões de mulheres mães, que trabalham em outros países, também sofreram
de esgotamento profissional justamente por conta das “demandas desiguais da
casa e do trabalho”.
Há maneiras de aliviar a carga e a
principal delas é delegar funções no âmbito pessoal da mesma forma que vemos no
âmbito profissional, tal qual vemos acontecer dentro das empresas, onde cada
colaborador exerce uma função. É importante entender quando pedir auxílio e se
há a possibilidade de contar com uma rede de apoio em sua vida pessoal,
equilibrando as tarefas domésticas também com os homens.
Levando em consideração a dificuldade de
gerenciar o tempo, é essencial manter os cuidados da saúde mental em dia em
meio às cobranças. Por exemplo, tirar um momento na semana para cuidar de
si mesma, seja realizando atividades físicas, vendo filmes, ou qualquer
atividade que gere um momento de qualidade para si.
Buscar equilíbrio com quem ou o que te
faz bem é essencial para garantir a saúde mental. É imprescindível entender as
suas necessidades independentemente dos paradigmas impostos pela sociedade
quanto ao papel da mulher.
Graduada em Jornalismo e também em Publicidade e Propaganda pela PUC Minas, Daniella Doyle é head de Marketing da eNotas, legaltech que oferece soluções inovadoras para automatização da emissão de notas fiscais eletrônicas de serviços (NFS-e), comércio (NF-e) e varejo (NFC-e/CF-e).
Nenhum comentário