Quais desafios impactarão as vendas até o fim de 2022?
Por Bruno
Rezende, CEO da 4intelligence *
O varejo brasileiro
passou por um teste de fogo no início de 2022. A variante
ômicron da covid-19 deixou empresas em alerta com uma possível
terceira onda e, consequentemente, mais um
período de suspensão das atividades comerciais presenciais.
Ainda que a quantidade de infectados tenha realmente
aumentado, observou-se um número reduzido de mortes e casos graves
– fruto, principalmente, da campanha de vacinação no país,
permitindo aos lojistas superarem esse momento sem terem que
fechar as portas novamente.
Entretanto, esse foi
apenas o primeiro obstáculo que vai aparecer ao setor
até o fim de 2022. Trata-se, afinal, de um ano
atípico, que mistura a imprevisibilidade das eleições no campo econômico
com os conhecidos impactos de um evento como a Copa do
Mundo de futebol e a retomada gradual de diversos indicadores.
Mesmo diante de um cenário incerto, a análise de diferentes
dados permite traçar um panorama dos desafios que irão surgir
nos próximos meses para o varejo nacional. Confira:
1 – Inflação
Em
2021, o Brasil registrou inflação de 10,06% no Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Foi o maior
índice desde 2015. Entretanto, essa
elevação foi decorrente de diferentes choques
que o país encarou no ano passado, como crise hídrica no agronegócio,
dificuldades no setor energético e problema nas cadeias – o que
pressionou os preços em diferentes setores. Esses choques, porém,
não são esperados para 2022, e a perspectiva
é o indicador se arrefecer até o fim do
ano. O Banco Central acredita que a inflação deva ficar em 7,1%
neste ano.
2 –
Variação cambial
No
início de 2022, as incertezas da pandemia
valorizavam o dólar perante as demais moedas –
e o Real se depreciava ainda mais do que as outras por
causa das incertezas fiscais no setor público brasileiro.
Contudo, o conflito entre Rússia e Ucrânia provocou uma
reação em cadeia na economia global, o que derrubou o preço do
dólar ao longo das últimas semanas – recuo de 14% no primeiro
trimestre de 2022. Quando se fala em câmbio, não existe dólar
ruim. Se o valor elevado da moeda norte-americana era bom para quem
exportava, a queda pode ser positiva para setores
que dependem de importações.
3 –
Taxa de juros
Com a inflação em
alta, é natural que a Selic, taxa básica de juros, também subisse.
Atualmente, ela está em 11,75%, mas há um ano estava em 2%. A tendência é
continuar subindo ao longo de 2022 porque é a forma
que o Banco Central usa para
evitar o aumento de preços. Mas trata-se de um
remédio amargo e com efeitos diferentes para diferentes
setores. As áreas que dependem de crédito em
circulação, como é o caso do varejo, vão sofrer mais, uma vez
que haverá menos dinheiro “disponível” para compras.
4 – Emprego e renda
A inflação, sem dúvida, é
a grande âncora que puxa a renda dos brasileiros para baixo no momento. Ela
corrói o dinheiro e o poder de compra das
famílias, contribuindo para a retração. Felizmente, observa-se que
a oferta de emprego está evoluindo bem nos últimos meses, ainda
que o salário oferecido esteja abaixo da média em muitos casos.
Mesmo assim, há mais gente trabalhando e a massa salarial está positiva.
Com a combinação de queda de inflação em 2022 com
aumento de salário, esse cenário deve se inverter para os
varejistas.
5 – O “super”
último trimestre
Em outubro teremos
eleição para definir o novo presidente, o que
naturalmente faz com que diversos indicadores fiquem “sensíveis”.
Mas o último trimestre vai abrigar muita coisa,
e o varejista precisa trabalhar direito os primeiros nove meses
do ano para explorar ao máximo os últimos três. Para começar, em novembro temos
a já tradicional campanha de Black Friday no varejo físico e digital.
Para ajudar, entre novembro e dezembro, acontecerá a Copa do
Mundo de futebol, que potencializa diversos segmentos, como
venda de televisores, celulares, etc. Além disso, há as compras de fim de ano
e a entrada do 13º salário.
Como se vê, é um ano
realmente diferente. Mas isso não significa que é indecifrável. Pelo
contrário, é possível entender paralelos com a análise
acurada de dados. Com isso em mãos, é fácil identificar os
diferentes efeitos em todos os mercados. Somente
quando o varejista compreender isso, ele vai visualizar o timing
adequado de cada decisão para alcançar os melhores
resultados possíveis.
*Bruno Rezende é CEO da
4intelligence, especializada em soluções que apoiam a
tomada de decisão por meio da análise de dados
Sobre a 4intelligence
A 4intelligence é uma startup que desenvolve soluções para dar suporte a tomadas de decisões baseadas em análise de dados, através de algoritmos e inteligência artificial. A tecnologia possibilita a estruturação e customização de processos decisórios em larga escala, visando a que as respostas mais acuradas sejam entregues no momento correto para as pessoas certas. A 4i também é associada a I2AI (International Association of Artificial Intelligence), maior associação de inteligência artificial do Brasil. Além disso, a companhia já recebeu 120 prêmios, entre eles pelo Banco Central, Secretaria da Economia, Agência Estado e Consensus Economics. Também concorreram com grandes financeiros do setor como Bradesco, JP Morgan, Barclays, Santander, entre outras consultorias gigantes.
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