Vassoura-de-bruxa reduziu produção de cacau durante décadas, mas ciência gerou soluções para impedir alta no preço do chocolate
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O chocolate
está cada vez mais presente na mesa dos brasileiros: oito em cada 10 famílias
têm o hábito de consumir o produto, mostra pesquisa publicada pela Associação
Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab, 2021). A
oferta desse doce, contudo, ficou ameaçada por muito tempo em razão de reduções
constantes na produção brasileira da matéria-prima, o cacau. Felizmente, a
cultura está recuperação no país.
De
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1980, o
Brasil produziu 319 mil toneladas de amêndoas de cacau. Dez anos depois, foram
mais de 356 mil toneladas. Esses números colocavam o país como líder e potência
mundial na cultura. Mas o cenário mudou em pouco tempo. Em 2000, a colheita não
chegou a 200 mil toneladas, provocando falta no mercado interno.
“A
redução na produção de cacau impactou diretamente o mercado interno. De
exportador, o Brasil tornou-se importador para abastecer a demanda. Apesar de
ser um importante exportador, o Brasil ainda importa grandes quantidades de
chocolates de outros fornecedores. Mas temos potencial para melhorar nossa
balança comercial", analisa a farmacêutica-bioquímica Eliane Kay, diretora
executiva do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal
(Sindiveg).
A
redução da produção nacional de amêndoa de cacau ocorreu principalmente devido
à disseminação da chamada "vassoura-de-bruxa", doença fúngica que tem
ação devastadora sobre o cacaueiro, podendo atingir até 90% da área produtiva,
segundo o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Na época, a falta de
tratamentos eficazes para o problema contribuiu para a piora da situação.
"De
40 anos para cá, os órgãos oficiais e a indústria de defesa vegetal passaram a
investir cada vez mais em pesquisas científicas, visando o desenvolvimento de
soluções eficazes e altamente modernas para combater a vassoura-de-bruxa”,
comenta Eliane Kay. Esse investimento deu resultado: segundo o IBGE, em 2010, a
produção brasileira já havia voltado a crescer, com 235 mil toneladas de cacau.
Em 2020, foram 269 mil t.
“Além
da vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa), o cacau sofre com outras
doenças causadas por fungos, como a podridão-parda (Phytophthora spp.) e o mal
do facão (Ceratocystis cacaofunesta). Quanto aos insetos – entre diversas
outras espécies – causam grandes perdas o monalônio (Monalonion spp.), a
cigarrinha (Hoplophorion pertusum) e o tripes (Selenothrips rubrocinctus). Para
combatê-los, o uso de defensivos agrícolas ainda é a melhor solução”, detalha
Eliane.
“Os
insumos aplicados nas plantações de cacau passam por uma longa avaliação
científica, técnica e de órgãos governamentais, sendo seguros para o produto,
para o meio ambiente e para a sociedade”, explica a diretora do Sindiveg. Com o
apoio desses recursos, a cultura, que rende mais de R$ 3 bilhões aos produtores
rurais (conforme dados de 2020 do IBGE), tende a crescer ainda mais,
“potencializando a economia brasileira e beneficiando o consumo interno, para
que a vida seja mais doce”, segundo Eliane.
Atualmente,
a produção de cacau – em grande parte, a cargo da agricultura familiar – está
presente em nove estados. Cerca de 54% da colheita está concentrada no Pará
(144,7 mil toneladas) e outros 40% na Bahia (107,6 mil t). O Espírito Santo
representa 4% da produção total (11,3 mil toneladas) e Rondônia, 2% (5,1 mil
t). Em menor escala, aparecem Mato Grosso (366 toneladas), Minas Gerais (108 t),
Roraima (12 t) e Ceará (5 t).
Sobre o Sindiveg
O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) representa a indústria de produtos para defesa vegetal no Brasil há mais de 80 anos. Reúne 26 associadas, distribuídas pelos diversos Estados do País, o que representa aproximadamente 40% do setor. Com o objetivo de defender, proteger e fomentar o setor, o Sindiveg atua junto aos órgãos governamentais e entidades de classe da indústria e do agronegócio pelo benefício da cadeia nacional de produção de alimentos e matérias-primas. Entre suas principais atribuições estão as relações institucionais, com foco em um marco regulatório previsível, transparente e baseado em ciência, e a representação legitima do setor com base em dados econômicos e informações estatísticas. A entidade também atua fortemente para promover o uso correto e seguro, levando conhecimento e educação aos produtores e respeitando meio ambiente, leis e normas. Para mais informações, acesse www.sindiveg.org.br.
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