A relação entre a troca de figurinhas da copa do mundo e os ganhos emocionais do indivíduo
Psicanalista afirma que essa prática promove prazer psíquico, satisfação e a elevação da autoestima
A gigante movimentação em bancas de
jornais, lojas, armarinhos, ruas e pontos específicos nas cidades de todo
Brasil, destinados à troca de figurinhas da Copa do Mundo de 2022, resgata o
lúdico e confirma o grande interesse do brasileiro por assuntos relacionados ao
futebol e ao esporte. O campeonato mundial acontece apenas em novembro, mas a
febre em torno do álbum já impressiona.
A prática da troca de figurinhas da Copa
é bastante antiga e a cada competição futebolística dessa grandeza, acontece a
mágica da união entre crianças, jovens, adultos e idosos, em prol de um único
objetivo: completar o valioso álbum.
Porém, esse de 2022 está diferente para
os fãs do futebol, em função do avanço tecnológico, pois por meio de grupos
organizados que realizam a troca das figurinhas repetidas, as negociações ficam
mais ágeis e abrangem um público ainda maior.
É possível também, por páginas
destinadas ao movimento, organizar eventos para que os seus colecionadores
possam se encontrar presencialmente e concluir suas tão desejadas trocas.
Salvos os cuidados que se deve ter para não cair em golpes de qualquer
natureza, a internet veio para ficar e facilitar a movimentação dos
participantes.
O país vive atualmente esse resgate do
lúdico, mas também é um tipo de atividade que, psicanaliticamente falando,
compreende aspectos positivos voltados para o desenvolvimento comportamental e
mental do indivíduo.
Se entendermos que este tipo de relação
estabelecida pela troca das figurinhas é um escambo (troca de mercadoria sem
fazer uso de moedas), podemos observar, no mínimo, a necessidade de algum tipo
de organização e planejamento para controle e divulgação destas figurinhas a
serem oferecidas nas negociações. O que já traz bons ganhos, especialmente para
as crianças que podem aprender a se organizar com seus pertences, aumentando os
benefícios cognitivos aqui atrelados.
Outra contribuição significativa é a
promoção de uma genuína interação social. A socialização em grupos ativa a
necessidade de pertencimento inerente a todo e qualquer ser humano.
Provoca o desejo de pertencer a um
determinado grupo ou tribo: o grupo dos colecionadores que trocam as figurinhas
para completar seu valioso álbum da copa do mundial de futebol de 2022. Visto
que, a necessidade de interagir aguça o estabelecimento de conexões. Neste
caso, os mais tímidos, introspectivos podem ser motivados a sair de sua zona de
conforto e encarar os ambientes de encontro e interação social dos grupos,
trazendo ganhos para o desenvolvimento e ampliação de níveis de comunicação,
especialmente, ao trocar o virtual pelo presencial.
Portanto, em termos de ganhos emocionais
e fisiológicos, a febre do momento também promove o prazer psíquico, a
satisfação e a elevação da autoestima, a partir do momento que o objetivo do
indivíduo é alcançado: encontrar a figurinha que se deseja trocar ou mesmo, no
momento em que finaliza todo o álbum, completando todas as suas páginas. As
emoções aqui envolvidas podem ser traduzidas por uma mistura de dever cumprido,
expectativa realizada e afloramento do prazer individual, uma vez que eleva a
adrenalina acessando os neurotransmissores que geram felicidade.
Porém, nem tudo é perfeito. É preciso
tomar cuidado para controlar a elevação dos níveis da ansiedade implícita neste
movimento, principalmente para aqueles que já possuem propensão a desenvolver
esse tipo de desconforto psíquico. Trabalhar o gerenciamento das suas emoções
de forma a não sofrer ao encontrar dificuldades para atingir seu objetivo
final. Focar na sua organização, planejamento e rever as conexões de
comunicação estabelecidas para o sucesso de suas trocas.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
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