Desburocratização do Compliance no período eleitoral
*Renato Lara
Crédito: Divulgação/Grupo Marista
A um mês do primeiro turno das eleições,
marcado para o dia 2 de outubro deste ano, ainda há muito o que se falar sobre
o assunto, principalmente no que se refere a regras, transparências e
posicionamentos em ambientes corporativos. O ano de 2022 traz ainda outras
questões dentro do tema, pois vivenciamos um momento de pós-pandemia, em que
muitas empresas seguem adotando os sistemas híbrido e remoto, trazendo a
necessidade de se reinventar e abordar o assunto internamente de variadas
formas. O desafio de fortalecer a cultura organizacional da empresa com modelos
diferentes de trabalho ganha ainda mais importância porque manter a harmonia
nesse processo é essencial para a segurança jurídica e imagem das instituições.
Uma recente pesquisa, realizada pela
Fundação Tide Setubal e pelo Instituto Silvis, ouviu 417 empresários
brasileiros de todas as regiões do país e, 62,3% deles destacaram o Compliance e as práticas de
Governança como os assuntos prioritários dentro da temática ESG. O tema Environmental, Social and Governance,
ou em português, Ambiental, Social e Governança, ganha força dentro das
companhias em um momento de extrema necessidade. Hoje, ESG é uma questão de
sobrevivência nas instituições, pois se tornou ainda mais relevante por
questões de sustentabilidade nos negócios. Da mesma forma, o cumprimento ou a
transparência que se exige para estar em conformidade com o ESG, deveria ser
responsabilidade dos governos - e, consequentemente, pauta dos candidatos -,
para que também publiquem suas responsabilidades sociais, principalmente na
área de governança, uma cobrança que já existe, tanto da iniciativa privada
como da sociedade civil.
E para que tudo isso aconteça de forma
clara, é necessário comunicar para engajar. Tal resultado nos leva a crer que
cuidar das nossas instituições e, consequentemente, divulgar nossos valores
internamente, é fundamental e deve ser feito por e para todos. Mas, o desafio
hoje é, justamente, estabelecer padrões e se aproximar dos colaboradores em um
momento em que a nova rotina deles e de seus gestores parece ser justamente a
flexibilidade de não ter um padrão.
Trazendo isso para o âmbito das
eleições, se, no passado, os Códigos de Conduta eram disponibilizados impressos
com inúmeras páginas e as reuniões presenciais eram realizadas com o intuito de
promover treinamento para os colaboradores sobre a conscientização durante o
período eleitoral, atualmente é preciso que as áreas de Compliance enxerguem além.
Desburocratizar o caminho de acesso às publicações de posicionamento
corporativo é a chave para o bom relacionamento com as equipes, não só nas
eleições, mas sempre. E esse é um momento ideal para algumas transformações,
como a de entregar de forma digital, clara e direta, as normas gerais e
internas de cada empresa.
As regras eleitorais seguem sendo as
mesmas, tanto para Pessoa Física quanto para Pessoa Jurídica, mas a forma de
disponibilizar e dar acesso a elas, é que pode - e deve - mudar. Algumas
instituições têm corrido contra o tempo para disponibilizar tecnologias que
apoiam muito no processo de Compliance,
principalmente de maneira preventiva. Essas ferramentas permitem que qualquer
colaborador, de onde estiver, possa expor uma dúvida, tanto sobre eleições como
sobre qualquer outro caso relacionado à conduta. Duas grandes vantagens são a
transparência das informações e o acesso facilitado das normas, não deixando
margem para dúvidas e diminuindo em grande parte os erros cometidos.
Um dos grandes desafios do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) é dar transparência e fiscalizar campanhas, o nosso,
como Compliance, é
quase o mesmo, mas atuando de forma interna, com o objetivo maior de esclarecer
colaboradores e estar preparados para não nos omitirmos diante de qualquer
percalço. É preciso desburocratizar para conscientizar!
*Diretor de Auditoria Interna, Riscos e Compliance do Grupo Marista
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