Fábrica Inteligente: seis fatores essenciais para as indústrias seguirem como exemplo
Por Vincenzo Salmeri, vice-presidente
global de Commercial & Industrial (C&I) da Schneider Electric
Os últimos dois anos e meio têm sido
desafiadores para diversos segmentos, e com a indústria não é diferente. Em
todo o mundo, o setor teve que se adaptar com a desaceleração dos negócios, com
a dificuldade de acesso à matéria-prima e com um mercado cada vez mais exigente
em termos de modernização e sustentabilidade. Por isso, ter uma unidade
produtiva considerada referência em digitalização e eficiência – o que se chama
de fábrica inteligente (ou smart
factory) – tornou-se um dos grandes objetivos das empresas
atualmente.
No Brasil, o segmento industrial
respondeu por 22,2%
do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se de uma parcela considerável da
economia nacional, o que significa que o setor caminha para voltar ao ritmo dos
anos anteriores e vem alcançando-o gradativamente. Ainda segundo o IBGE, a
indústria brasileira gerou cerca de R$
4 trilhões em receita líquida de vendas ao pagar um total de R$ 308,4
bilhões em salários e outras remunerações entre 2019 e 2020.
Nesta crescente relevância, a tecnologia
tem sido um fator chave. Desde a redução de custos – com energia elétrica e
paradas para manutenção, por exemplo – até o ganho de eficiência na gestão de
recursos naturais e entrega de produtos, a digitalização tem sido uma
ferramenta de extrema importância na recuperação do setor. Para deixar mais
claros os benefícios das soluções digitais, aqui estão seis fatores essenciais
para uma fábrica fazer a transição para uma fábrica inteligente:
1 - Industrial Internet of Things (IIoT)
Conectar diferentes setores e processos
para qualquer negócio é o que a adoção de IIoT oferece para o segmento. Ao
implementar essas soluções, as companhias podem obter uma análise de dados mais
assertiva e em tempo real. Isso dá uma visão mais clara das estratégias e dos
projetos, independentemente dos resultados.
Sem IIoT, muitos processos podem se
tornar mais lentos e burocráticos. Exemplos disso é a manutenção de
equipamentos industriais. Máquinas com problemas imprevistos muitas vezes
resultam em interrupções que podem contribuir para paradas, perda de lucro e
sem falar na confiança dos clientes finais. Isso pode ser revertido com o
suporte de tecnologia como IIoT, que detecta vulnerabilidades em tempo real e
fornece às empresas industriais tempo para resolvê-las rapidamente.
2 - Tecnologia da Informação (TI) e
Tecnologia Operacional (OT)
A convergência de TI e OT é fundamental
para a transição para fábricas inteligentes, pois desempenham um papel
essencial em IIoT.
Para muitas organizações, a ideia de OT
e TI existentes em dois mundos separados está se tornando cada vez mais
obsoleta à medida que as empresas buscam soluções de automação e monitoramento
remoto para continuar suas operações nos últimos tempos.
O surgimento e a crescente relevância de
IIoT, juntamente com outros avanços na tecnologia são coisas que as companhias
podem aproveitar para melhorar substancialmente seus negócios. As indústrias,
por exemplo, estão adotando a IoT para reunir uma rede de máquinas, sensores,
dispositivos inteligentes e sistemas do chão de fábrica para uma instalação de
TI dedicada, removendo as paredes que existiam com OT.
Como sabemos, o industrial edge é um poder
de computação confiável, seguro e poderoso que conecta perfeitamente OT e TI –
e, pela minha observação, a maioria dos players de OT que adotaram o modelo já
são muito experientes.
Além disso, a edge permite comunicação e
interatividade perfeitas entre máquinas e dispositivos. A edge é capaz de alimentar e
facilitar uma máquina inteligente e “bem lubrificada”, por assim dizer.
3 - Universal automation
Assim como a Indústria 4.0, o conceito
de automação universal ganhou força nos últimos anos. Com a automação, o hardware está sendo
projetado e preparado para receber qualquer tipo de tecnologia. Atualmente,
muitos ainda seguem o modelo “tradicional”, em que cada software precisa de uma
infraestrutura própria e acaba demandando mais processos, tempo e mudanças.
A automação industrial facilita a
migração para novas tecnologias e, com isso, reduz os investimentos iniciais.
Isso permite que a modernização do setor seja mais viável para a maioria das
empresas.
4 - Cibersegurança
Embora a adoção da tecnologia seja
fundamental para o avanço dos negócios, ela também abre espaço para problemas
de segurança cibernética.
Com o aumento significativo na geração e
processamento de dados – à medida que as máquinas estão cada vez mais conectadas
– as medidas de segurança cibernética estão ganhando força. Essas medidas podem
reduzir vulnerabilidades e erros de codificação para proteger o aplicativo,
dispositivo e sistema, melhorando a confiabilidade do software e do firmware.
5 - Cadeia de suprimentos
Como digitalização e sustentabilidade
são temas complexos, mas necessários, a escolha de parceiros e fornecedores
igualmente engajados é muito relevante. O compromisso com a cadeia de
suprimentos apoia a jornada de modernização e incentiva a construção de um
ecossistema corporativo baseado em Ambiental, Social e Governança (ESG).
6 - Sustentabilidade
A adoção da tecnologia promove a
sustentabilidade. Também ajuda as empresas a monitorar seu progresso e
estabelecer métricas úteis. Isso possibilita não apenas que estratégias e
planos se tornem mais assertivos, mas que investidores e consumidores possam
acompanhar o andamento desse tema.
As métricas são extremamente importantes
nas conversas com investidores. Elas mostram esforços e indicam comprometimento
da indústria ou do negócio. Por isso, são peças-chave para ganhar
competitividade.
Todos esses elementos permitem que as unidades industriais se tornem fábricas inteligentes. Isso as aproxima de se tornarem polos sustentáveis e produtivos – essencialmente seguirem como exemplo. Em um momento tão importante para a recuperação do setor, fatores como esses são essenciais para sua jornada rumo à digitalização.
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