FED "chancela" a recessão dos EUA com novo aumento nos juros?
Nova alta na taxa de juros em 0,75% e contração econômica
são sinais de alerta para uma recessão já em 2022
Lucas Sharau, assessor de investimentos na iHUB
Investimentos
Divulgação
O maior mercado consumidor do mundo pode
estar a beira de uma recessão, ou talvez já esteja inserido em uma. Desde julho
de 2022, com a publicação de resultados do PIB em valores negativos por dois
trimestres consecutivos, os Estados Unidos encontram-se em recessão técnica, e
o Federal Reserve decidiu realizar um novo aumento na taxa de juros do país,
elevando-a para o intervalo entre 3% e 3,25%, maior valor em quase 30 anos
.
A principal causa para essa recessão é a
inflação. Em 2022, a inflação no país alcançou níveis recordes, chegando ao
maior nível nos últimos 40 anos. Em agosto, o IPC americano, na base anual,
atingiu 8,3%, um pouco acima dos 8,1% previstos pelo mercado. Como contenção da
situação inflacionária, o Federal Reserve vem realizando um aperto monetário
que ainda não terminou, e os próximos dias serão determinantes para o mercado
entender o ritmo de crescimento dos juros na terra do Tio Sam.
Para Lucas Sharau, especialista em
mercado financeiro e assessor da iHUB Investimentos, a moralidade do governo
americano em criar uma política econômica eficiente em relação à pandemia
resultou nos níveis atuais de inflação: “Na minha opinião, o fato do governo
americano ter tardado em agir quanto à alta inflação resultante do período de
Covid, foi o primeiro passo dado na direção à atual conjuntura”, explica.
Uma “recessão técnica” não se equivale a
uma real recessão. O processo para efetivação de uma recessão é gradativo,
ponderado, progressivo e resultante de diversos setores. Existem indícios
aparecendo em diversas áreas, principalmente no setor financeiro, e que o
cenário poderá se agravar em breve.
Esse agravamento se concretizará caso os
próximos passos na política monetária não sejam dados de maneira apropriada ou
que estes não surtam os seus efeitos no ritmo esperado. Em seu último discurso,
Jerome Powell, presidente do FED, anunciou que o governo não medirá esforços
para contenção da inflação, mesmo que isso signifique “prejudicar” a
economia.
Como os EUA chegaram na
situação atual?
A pandemia trouxe uma redução drástica
no consumo e na produção americana, trazendo uma necessidade de adotar medidas
de distribuição de renda. Com a adoção das medidas, houve um aquecimento
econômico artificial que estimulou o consumo de forma direta e irregular. Como
consequência, aumentos gerais nos preços foram vistos, seguidos de uma deflação,
resultado de um efeito rebote ao fenômeno.
Poucos meses depois da pandemia e das
medidas de “proteção econômica”, uma nova “bomba” surge: A guerra na Ucrânia.
“A guerra afeta os preços de produtos e matérias-primas importantes para a
economia, principalmente das derivadas de petróleo. Com isso, houve o aumento
geral de custos com logística e, consequentemente, demais produtos da economia,
agravando os efeitos de uma inflação”, comenta Sharau.
Seguindo a linha de que a conjuntura por
si só se arrefeceria, a equipe econômica do Fed tardou ao agir para controlar a
situação.
Nesse cenário é possível enxergar os
efeitos da elasticidade econômica, gerando nos Estados Unidos a necessidade de
ter de aumentar mais os juros para frear a inflação e tendo de se manter por
mais tempo em patamares elevados. Aumentando juros desestimula-se o consumo,
encarece a produção industrial e o custo de financiamento, podendo resultar em
aumento do desemprego, queda do consumo e mais problemas conjunturais.
Como estão os investimentos em meio à
"recessão" americana?
A rentabilidade dos títulos públicos
(praticamente livres de risco) de curto prazo sobem, causando uma redução na
quantidade de dinheiro em circulação, desincentivando o consumo. O momento
atual é bastante atípico, há muita incerteza no mercado. A consequência disso
faz com que o momento indique ser mais financeiramente vantajoso se posicionar
em títulos de curto prazo, uma vez que as taxas de longo prazo estão menos
atrativas.
Porém, é importante pontuar que existe a
necessidade de aumentar as taxas no curto prazo para corrigir um problema de
inflação que assola a economia real também no curto prazo. “Como consequência
disso, os títulos de longo prazo naturalmente precisarão ser corrigidos em
algum momento para acompanhar o prêmio de liquidez necessário para a sua
atratividade”, comenta o assessor.
Por isso, nessa correção, existe a
chance de oportunidades interessantes de investimento aparecerem. Em momentos
de alta de juros, as bolsas tendem a perder um pouco sua atratividade,
penalizando o preço das empresas no mercado. Além disso, muitos analistas
acreditam que a bolsa americana ainda possui ativos com uma valorização
acentuada para o momento, portanto, podem ainda sentir novas perdas, visto que
o Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 acumulam quedas ao longo do ano.
Sobre iHUB Investimentos
A iHUB Investimentos é uma empresa especializada em assessoria de investimentos credenciada pela XP Investimentos. Possui mais de 3,5 mil clientes, somando quase R$2 bilhões em valores investidos sob custódia.
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