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O Metaverso não existe… ainda

Por Luciano Mathias, CCO da TRIO

Quase 20 anos depois do lançamento do Second Life, um embrião do que conhecemos atualmente como metaverso, seguimos com tentativas atrapalhadas de vender a ideia de que essa tecnologia está muito próxima. Não está. 

A Meta, que já investiu US$ 10,2 bilhões na plataforma, mostrou recentemente um produto assustador, para dizer o mínimo. Um estranho boneco de porcelana em realidade virtual de Mark Zuckerberg, além de versões em 3D bastante grosseiras da Torre Eiffel e da Sagrada Família. Isso para anunciar que o pseudo-metaverso da empresa de Zuck, o Horizon Worlds, agora está disponível na França e na Espanha.

As redes sociais explodiram de sarcasmos e zombarias, já que os melhores tecnólogos conseguiram criar apenas desenhos gráficos similares aos dos anos 90. A reação foi tão intensa que, na tentativa de se justificar, Zuckerberg lançou uma outra versão no Instagram, apenas quatro dias após a original.

Essa corrida entre as empresas de tecnologia não é à toa. Afinal, todos querem estar à frente da inovação. Há uma estimativa de que o metaverso terá 1 bilhão de usuários até o final da década. O Citigroup, em seu último relatório, previu que a indústria do metaverso sustentará uma economia que pode valer entre US$ 8 trilhões e US$ 13 trilhões até 2030. Números como esses atraíram mais de US$ 177 bilhões em investimentos desde o início de 2021, de acordo com a consultoria McKinsey.

Mas ainda existem muitos obstáculos no caminho. Os gráficos, por exemplo, que teoricamente estão na vanguarda desse futuro, parecem os mesmos ou talvez piores dos que os do Second Life, de duas décadas atrás. Um problema que está longe de ser exclusivo da Meta. Plataformas da web3, como a Decentraland, também foram criticadas por terem um desenvolvimento gráfico ainda muito limitado, o que é primordial para tornar uma experiência de realidade virtual realmente envolvente. O Sandbox e CryptoVoxels não ficam tão atrás. Todos são renderizados em blocos e têm visuais de desenho animado, que lembram jogos dos anos 2000.

Ainda é cedo para saber o que as pessoas realmente vão querer no metaverso. Logo, qualquer nova criação da Meta, neste momento, vai falhar. No último relatório de resultados da empresa, a Meta divulgou que a divisão específica do metaverso, com o Facebook Reality Labs (FRL), perdeu US$ 2,81 bilhões no segundo trimestre. 

Na minha visão de entusiasta e estudioso do tema, o metaverso será algo muito parecido com o que temos na série britânica “The Feed', de drama e suspense psicológico, de 2019, disponível na Amazon Prime. Uma espécie da nossa realidade atual misturada com avanços tecnológicos em óculos, relógios, pulseiras e roupas.

Embora seja ainda um futuro distante, o metaverso, de fato, deve revolucionar a maneira como interagimos, trabalhamos e nos divertimos. Um universo ainda nebuloso, que nem as maiores empresas de tecnologia do mundo sabem ao certo o que está por vir. 

Segundo o fundador da Epic Games, responsável pelo Fortnite, Tim Sweeney, o metaverso será algo muito mais poderoso do que qualquer outra coisa. Ele ainda faz uma previsão um tanto preocupante. Se uma big tech, como a Meta, ganhar o controle desse “novo mundo”, se tornará  mais poderosa do que qualquer governo. Por isso, a questão aqui não é “se”, mas quando e como o metaverso, de fato, existirá. E a maneira que impactará nossas vidas.

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