Onde eu me sinto seguro?
Divulgação - Literare Books International
por Carmen Hornick (*)
O mundo pós-pandêmico floresce,
acontece, é. O tal de “novo normal” foi novo por algum tempo, e agora já está
quase só normal. Sem esquecer que algumas situações continuam e parecem não ter
sido afetadas com os acontecimentos advindos da pandemia. Nesta altura da minha
vivência como expectadora da vida e dos seres humanos, entendi que nem tudo é
para todos. Quero dizer que, apesar de passarmos por eventos que afetam a
todos, cada um vive e sente conforme as suas próprias interpretações. Alguns
sofrem muito, alguns choram, alguns reclamam, alguns mudam - e para melhor, mas
este último não é para todos.
A consciência da efemeridade da vida fez
sobressair a necessidade de deixar de “empurrar a vida com a barriga” e ir
vivendo. Mas, isso exige lidar com uma emoção presente desde o momento em que
existimos, o medo. Ele está diretamente conectado ao sentimento de segurança
que precisamos. A história da humanidade demonstra que todos os movimentos
civilizatórios realizados até hoje apontam para a nossa necessidade segurança,
que está, por sua vez, ligada ao nosso instinto de sobrevivência.
Veja como isso é interessante, a
necessidade de segurança surge ao nascer. O colo da mãe, o calor humano
aconchegante e confortador nos dá força para seguirmos na vida. Então, como
pequenos cientistas experimentamos o que nos dá conforto e o que nos ameaça.
Assim, vamos calibrando e decidindo até onde ir, optando pelo que não coloque
em risco a nossa segurança.
Por exemplo, imitar os nossos pais é um
processo inconsciente que nos traz segurança, mesmo que o comportamento deles
seja considerado desajustado para a sociedade. Entretanto, a partir da
conscientização desta necessidade, novos rumos podem ser tomados e não
precisamos repetir histórias, nem as boas, nem as más. Podemos escrever a nossa
própria. Mas, para isso, é preciso estar seguro.
Nossas inseguranças perpassam as áreas
da nossa vida em determinadas fases, às vezes nos libertamos de padrões
familiares e nos confrontamos com a barreira do que é aceitável na sociedade.
E, novamente, nos deparamos com a necessidade de segurança. A idade, por
exemplo, algo tão natural da vida, tem sido um fator gerador de muita
insegurança. Além, é claro, dos índices, aplicáveis a qualquer idade, para
medir o sucesso e até a felicidade. Eles são importantes, pois tornam-se o
passaporte para a possibilidade de pertencimento aos grupos sociais.
Parecer bobagem, mas tudo isso é
relevante para nós. Somos seres sociais, precisamos do outro, queremos ser
amados e aceitos. O que proponho é que você pense até que ponto se pode ir de
maneira saudável para encontrar o lugar onde se sente seguro. Ressalto que a
segurança que descrevo aqui não é aquela para os outros verem, mas, aquela que
dá a sensação de completude e que, por causa dela, vivo tranquila, durmo bem,
minha saúde vai bem, meus pensamentos são leves e a minha forma de resolver os
problemas toma como base a premissa de que somos todos iguais - cor, raça,
gênero, nível cultural e social - e isso não me incomoda, ao contrário, me
ilumina.
Cada um de nós tem seu próprio local de
segurança. Cabe a você encontrar o seu e, a partir daí, ser livre para fazer o
que quiser, do jeito que quiser. Só assim seus resultados na vida podem ser
diferentes.
(*) Carmen Hornick – Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT). Licenciada em Letras Português/Inglês e suas respectivas Literaturas (UNEMAT). Bacharel em Direito (UNIC). Pós-graduada em Linguística Aplicada (UFMT). MBA em Direito do Trabalho (Faculdade Pitágoras). Pós-graduada em Direito: Administração Pública e Controle Externo (FGV). Personal and Executive Coach (ICI - Integrating Coaching Institute). Pós-graduada em Direito Sistêmico (Faculdade Innovare/Hellinger Schule). Certificada no MPP Training and Certification Program pelo (Human Being Institute) e no Curso de Introdução à Análise Transacional (União Nacional de Analistas Transacionais do Brasil). Foi professora de ensino fundamental, médio e superior. É membro da Comissão de Direito Sistêmico da OAB/MT e colaboradora no projeto Aprender Sistêmico. Autora do livro “Como viver sem coitadisse”, pela Literare Books International. Instagram: @carmen_hornick | e-mail carmen_hornick@hotmail.com
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